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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Pecados Eleitorais

Linomar Bahia

Estamos em mais uma temporada em que nunca se mente tanto, a que o primeiro chanceler do império alemão, Otto Von Bismarck, já referia nos anos 1800, igualando as mentiras eleitorais aos exageros nos balanços de pescarias. São constatações que se assiste a cada campanha, em que nem os mentirosos acreditam e, como disse o presidente francês Charles de Gaulle, se surpreendem quando os outros acreditam. Têm inspirado caricaturas, como a formulada pelo poeta Affonso Romano de Sant’Anna em seu famoso poema "A implosão da mentira", dizendo que "... Mentiram-me ontem e hoje mentem novamente. Mentem de corpo e alma completamente. E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente..."

Campanhas eleitorais sempre foram pródigas em mentiras, superando a média universal de uma mentira que uma pessoa diz a cada dez minutos. Manancial de potocas que o ministro da comunicação "hitlerista", Joseph Goiebbels, conceituou que “uma mentira, repetida mil vezes, com aparente convicção, adquire foro de verdade“. Observadores das manhas e artimanhas da política têm buscado explicar porque mentem e são acreditados, interpretando considerações de Maquiavel, no clássico "O Príncipe", entre as quais que "os fins justificam os meios". Para os perscrutadores da mente humana, inclusive o pai da psicanálise Sigmund Freud, as mentiras existem porque o povo se sente melhor assim, razão do uso compulsivo por políticos, para os quais a mentira é inerente à política e reflexo do próprio eleitorado.

Mentiras, embutidas em promessas em que eleitores acreditam, mesmo sabendo que jamais serão cumpridas, até porque impossíveis, sempre compuseram o portfólio de candidatos. Tancredo Neves costumava dizer que havia um discurso para ganhar eleição e, outro, para governar. Mentirosos e promesseiros, também desfrutam da "memória curta" do eleitorado, influenciável pelas aparências e fluência verbal, muitas das quais escondem os pensamentos, como observou o filósofo grego Heráclito em seus pensamentos pós-socráticos. Quem contabilizasse afirmações e promessas não cumpridas, provavelmente não mais acreditaria no que é dito e prometido, estabelecendo uma das sonhadas formas da renovação de governantes.

Há, todavia, outros riscos, numa palavra ou atitude inoportuna, infringindo o preceito bíblico de que "pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa". Desafiando a máxima de que falar já é um risco, falar demais pode ser um suicídio, ainda nesta pré-campanha já se avolumam pecados eleitorais que poderão não ser perdoadas pelos eleitores. Lula, por exemplo, já devendo explicações quanto aos "mensalões" e "petrolões", queimou a língua com a proposta de "regulamentação" da mídia. Moro tem se contradito, em gestões com gente que antes condenava como juiz. Ciro é adversário de si próprio, perdendo voto a cada fala. Assim caminham pecadores e seus pecados, veniais e mortais.

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