Onde estão vocês?

Frequentemente, os brasileiros são assombrados por alguns fantasmas à luz do dia, sempre que se apresentam oportunidades propícias ao exibicionismo e objetivos corporativos e individuais, em especial a projeção pessoal e os interesses pecuniários. Atendem pela subjetiva denominação de "sociedade civil organizada", que os fatos e as presenças supõem influências e soluções a problemas do cotidiano, guardando, todavia, o resguardo necessário ao desfrute de simpatias e reverências dos próximos possíveis protagonistas de causas e consequências oportunas, que lhes possam proporcionar vantagens.

Constituem entidades que, se dispostas a tudo e quando, poderiam concentrar as forças em defesa dos anseios populares, fiscalizando a atuação de homens e dos órgãos públicos, inclusive complementando e, até, substituindo, onde a omissão e leniência costumam prevalecer. Todavia, dificilmente se registra alguma ação de interesse geral, nas pugnas oportunistas a que sempre se propõem, desfrutando dos generosos tempos e espaços que a mídia lhes concede, enquanto seus falastrões e egocêntricos porta-vozes continuarão farejando novos fatos e situações propícios a que voltem a se exibir.

Onde estão vocês, que se dizem defensores dos direitos e interesses públicos, quando desmandos institucionais afrontam os mais elementares postulados democráticos da liberdade de expressão e o direito de ir-e-vir? Onde estão vocês, ativistas das manifestações e falastrões eem causas próprias, quando aumentam abusivamente tarifas de energia, os combustíveis e comprometem dinheiros públicos com aluguéis e outros custos suspeitos? Onde estão vocês, quando partidos políticos se dão mais de cinco bilhões de reais para campanhas eleitorais, enquanto cerca de 20 milhões passam fome no país?

Essas perguntas, ainda mais gritante entre as que não querem calar, mereceria incluir um cálculo matemático elementar sobre quanto essa dinheirama poderia ser revertida, em "bolsas família". Segundo especialista em somar, multiplicar e dividir, proporcionaria mais de 15 bilhões do benefício. Entretanto, sem maiores objeções nem condenações, a bilionária arca do "fundo partidário" servirá ao desfrute de uma seleta classe dos 33 partidos registrados no TSE, constituindo a maior fragmentação partidária do mundo, entre novos e antigos desgastados, por isso renovados nos nomes e nas ilusões.

Fácil entender porque tantos partidos no país, na iminência dos novos Partido dos Estudantes (PE), Partido dos Pensionistas, Aposentados e Idosos do Brasil (Pai do Brasil), Partido Carismático Social (PCS), Movimento em Defesa do Consumidor (MDC) e Aliança Renovadora Nacional (Nova Arena), sem nenhuma relação com as origens greco-romanas de "partido" como "ser partidário" das mesmas idéias e princípios. Afinal, onde estão vocês, que empunham bandeiras e bradam somente  contra tudo e contra todos os que não atendem aos seus interesses, deixando que o povo se exploda, como dizia o "Justo Veríssimo" de Chico Anísio.