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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Frustrações "lemistas" e "cabanas"

Linomar Bahia

Festas e louvações pelo transcurso dos 406 anos da cidade, jamais seriam suficientes para que as euforias oportunistas pudessem encobrir o quanto sucessivas gestões pouco ou nada têm contribuído para corresponder às aspirações dos belenenses, urbanísticas e comunitárias, de que a cidade carece. Logo vem à memória o simbolismo de Antonio Lemos, enquanto foi intendente, cargo correspondente ao prefeito dos tempos depois, entre os anos 1897 e 1911, justificando ser Belém considerada a "Paris dos trópicos", com suas praças e "bulevares", gás encanado e bondes com bancos de palhinha.

Também não resistem a contrastes com a realidade dos índices de pobreza no Estado, as manchetes de que o Pará é o campeão na balança comercial, é líder nos "royalties" da mineração e está bilionário na compensação pela desoneração do ICMS de exportação pela "Lei Kandir". Enquanto entram e saem prefeitos da cidade e os problemas se agravam, comprometendo as perspectivas e o conceito da "urbe", que outras capitais vizinhas passaram a assumir, a persistência das dificuldades de sempre frustra a história de heroísmo paraense dos "cabanos", afigurando "em vão" o sangue derramado.

Transcorridos 111 anos dos tempos de Lemos, há que torcer para que o espírito do intendente influencie alguém para, ao menos, disciplinar a expansão urbana e seus reflexos na balbúrdia na mobilidade e no aprofundamento dos problemas de saneamento e segurança, começando por destravar o emblemático BRT, empacado há 16 anos. Poucos dias antes do aniversário de Belém, no 7 de janeiro, transcorreram os 187 anos da vitória dos "cabanos" sobre as formas de escravização, pobreza extrema e carência de proteções sociais que, de certa forma, perduram ainda hoje, quase dois séculos depois.

Quase uma dezena de governadores se têm sucedido nestes 37 anos pós-governos militares, alguns eleitos e reeleitos mais de uma vez, todavia, apesar da avalanche de recursos, provenientes do expressivo peso do Estado na pauta de exportação e nos índices econômicos nacionais, parecem faltar indicadores alentadores sobre significativa transformação econômica e social do Estado, a despeito de ser um dos mais ricos em recursos naturais, liderados pela Serra dos Carajás, o terceiro maior rebanho de bovídeos, a maior hidrelétrica toda nacional, e mais “Belo Monte” e outras 11 em construção.

Enquanto isso, se multiplicam os bolsões de miséria, responsáveis pelos piores índices de desenvolvimento humano e suas repercussões no caos na saúde, educação e na segurança públicas. Órgãos, como a Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem) no município, foram desfigurados e desviados das soluções urbanas para as quais foram criados. Na área estadual, o antigo IDESP, depois SEPLAN, e, agora, SEPLAD, mudaram de nome e passaram a ser mais um componente da burocracia estatal. Uma frustração que deve atormentar os espíritos dos líderes "cabanos" e de Antonio Lemos, à espera de respostas de candidatos e reflexão dos eleitores.

 

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