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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

E daí... e daí?

Linomar Bahia

Jornais da última semana, trouxeram matérias que exaltam a pujança do Estado em vários e significativos desempenhos dos setores produtivos, que deveriam repercutir positivamente na economia paraense. Poderiam, como costuma acontecer onde quer que hajam notícias assim, injetar novo ânimo nas expectativas dos diversos indicativos que medem o progresso e o desenvolvimento de comunidades civilizadas. Poderiam, mas, infelizmente, a ser verdade e não, como costuma acontecer, mais um jogo de palavras e de números, estão longe de ser o nosso caso, tamanhas são as contradições entre riqueza e pobreza, corroborando o sentido figurado da expressão, segundo a qual dormimos sobre a fortuna.

Para o que deveria sinalizar a abertura, ou o alargamento, das portas da bonança,  para um Estado tão rico por natureza, havia a revelação do "ranking" do trabalho de que o Pará foi o maior gerador de empregos no norte, nordeste e centro-oeste em um ano, somando 32,532 postos, a despeito dos danos da pandemia do coronavirus. No mesmo espaço, uma das flagrantes contradições estava contida em outra notícia, indicando que chegam à marca dos 117 mil os beneficiários do "bolsa-família" no Pará. Percentual significativo dos 2,1 milhões cadastrados no país e constituem, salvo os usurpadores criminosos dos direitos dos realmente necessitados, pessoas que vivem à míngua e na linha da miséria.

Com as facilidades climáticas, em regimes equilibrados de sol e chuva, outra notícia informava que nossa agricultura está em alta, com a perspectiva da safra de grãos chegar aos 2,9 milhões de toneladas neste ano, um crescimento de 3% em relação ao produzido em 2020, que já havia sido a maior na série histórica, medida desde 1970 pelo IBGE. Igualmente alvissareiras deveriam ser as informações da secretária de Fazenda do Estado, de que, apesar da crise econômica provocada pela pandemia, a arrecadação do Pará continua apresentando resultados positivos. Detalharam que, nos dois primeiros meses deste ano, a receita alcançou 2,822 bilhões de reais, significando um aumento de 12,7%. 

Boas notícias quanto a produtividade também incluíram o manejo da terra, registrando o aumento das áreas de pastagens, já ocupando 12,6% da área total do território paraense e correspondendo a 14% de todo o país. Pelos registros do Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra, em 18 anos as pastagens cresceram 112,5%, passando de 74.116 quilômetros quadrados, em 2000, para 157.560 quilômetros quadrados em 2018. Há controvérsias apenas quanto à repercussão desse crescimento sobre a perda recorde de cobertura nativa nesse período, debitada aos projetos de colonização dos governos militares, a partir de 1970, objetivando o desenvolvimento regional.

Ante o que poderiam ser ótimas notícias, perguntarão os paraenses "e daí ... e daí?", quando sentem no dia-a-dia o histórico e continuado empobrecimento do povo e do Estado, numa contradição gritante com as riquezas, valores arrecadados e transferidos pelas tributações formais, milhões apostados nas loterias e remessas para outras regiões de lucros das redes comerciais aqui obtidos. Parafraseando os poemas musicais, estarão perguntando "do que vale tudo isso, se os frutos não estão aqui", enquanto continuam vendo passarem as bandas da maior província mineral a céu aberto, o terceiro maior rebanho bovino e bubalino, e as hidrelétricas que iluminam o país. Responda, quem souber. 

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