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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Azeite e vinagre

Linomar Bahia

Quantos acompanham a história da política brasileira, certamente já se terão habituado à mutação ideológica, com reflexos nas composições partidárias e consequências na representatividade popular, na contramão do princípio de que “o poder emana do povo para em seu nome ser exercido”.

Já não surpreendem as substituições de identificações partidárias, a ausência de conteúdo pragmático, nem a leviandade ideológica generalizados, materializados nas mudanças de partidos, motivadas somente pelos interesses individuais e corporativos. Tudo quanto transformou o exercício do voto, outrora um ato de cidadania e crença, em mero cumprimento de uma obrigação, responsável pelos eleitores não se sentirem representados pelos eleitos.

Talvez nenhuma ocorrência política e administrativa, mesmo num país habituado a incoerências oportunistas, poderia despertar tamanha estranheza, como a aliança política, com repercussões eleitorais, que acaba de ser celebrada entre o ex-presidente Lula e o seu PT com o ex-tucano Geraldo Alckmin. Embora em plena temporada de troca-troca de legendas, numa daquelas práticas em que os protagonistas mandam às favas os escrúpulos da consciência, o grau de beligerância em que os dois, pessoalmente, e os respectivos partidos e seus correligionários, autorizaria a imaginação de que jamais, em tempo algum, por nada neste mundo, poderia juntar figuras e ideologias que pareciam tão antagônicas quanto irreconciliáveis, mas acabam de se revelar possíveis.

Quem imaginasse que a jabuticaba seria a única exclusividade nacional, pode incluir a possibilidade do equivalente da vida pública brasileira a impensável mistura de azeite com vinagre, que os “chefes” de cozinhas, nobres ou plebeias, costumam transformar nos vinagretes para temperar saladas, agitando com a maior intensidade possível.

Cabe à criatividade mutante da política brasileira propiciar exemplos de mais essa excepcionalidade, contextualizada pelo então ditador Getúlio Vargas, ao dizer que “em política, não existem amigos definitivos nem inimizades eternas”, na linha em que o filósofo florentino Nicolau Maquiavel conceituava que “em política, os aliados de hoje são os inimigos de amanhã.” Ou, como se tem visto, pelo contrário.

Próximos capítulos dessa junção dos contrários, como azeite e vinagre, poderão não resultar em ganhos aos envolvidos, mas em prejuízo de todos. Enquanto um lado terá muito a explicar sobre os escândalos administrativos e financeiros que resultaram em centenas de prisões, o outro terá que se desdizer das pesadas acusações que povoaram seus discursos quando adversário figadal de outrora inimigo e adversário, agora novo aliado e pretenso companheiro de chapa. Situações assim, inspiraram filósofos em frases que retratam o grau de (des)confiança em pessoas e fatos que decepcionam. Uma delas, corre o mundo desde 1.600, do filósofo e teólogo francês Blaise Pascal, dizendo que “Quanto mais conheço as pessoas, mas admiro o meu cachorro”.

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