LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Até quando?

Linomar Bahia

Mal passada a eleição, ecoam vozes clamando por uma reconciliação, fingindo ignorar ser impossível, entre as metades em que o país está há muito dividido, a exemplo de um cristal trincado, que nunca mais pode ser refeito. Pelo contrário, somente aumenta a trinca até se despedaçar totalmente, no continuado aprofundamento da divisão ideológica do “nós contra eles”, estimulando a discórdia entre classes pelos pensamentos, palavras e obras dos apologistas da estratégia difundida pelo imperador romano Júlio César, de “dividir para governar” para enfraquecer o adversário.

Nos tempos recentes, essa divisão ideológica e social passou a se intensificar e constituir fenômeno político de repercussão nas instituições e nas ruas a partir do desfecho do pleito de 2018, quando as campanhas passaram a cultivar a expressão divisionista da sociedade. O fosso então aberto tem sido aprofundado a cada embate eleitoral, pontuando todas as formas de comunicação e procedimentos com que as lideranças das correntes antagônicas instigam as respectivas militâncias e procuram fazer, da discórdia, o combustível para inflamar as massas ao sabor das circunstâncias e interesses.

Como nada acontece por acaso, segundo se depreende dos registros bíblicos, desde o descobrimento o Brasil parece vocacionado a viver dividido. Já naquele tempo, as terras ao Leste do Tratado de Tordesilhas, descobertas por Pedro Álvares Cabral em 1500, foram divididas nas 15 áreas denominadas de “Capitanias Hereditárias”, visando facilitar a povoação pelos respectivos donatários. Implantadas 30 anos depois por Martim Afonso de Souza, protegeriam os domínios portugueses contra outros europeus que já negociavam com os índios a extração do pau-brasil e de outras riquezas naturais.

Até as peculiaridades geopolíticas universais contemplaram o Brasil com uma divisão de outra natureza, com a divisão do território continental brasileiro em quatro regiões de fusos horário diferentes, fazendo com que a vida transcorresse em tempos com diferenças horárias no mesmo país. Tentativas de unificação pelos relógios resistiram até 1913, inviabilizadas pela própria natureza, quando foi editado pelo então presidente Hermes da Fonseca o decreto instituindo os quatro diferentes horários vigentes no país. Nos tempos de hoje, todavia, são outros as formas e os objetivos da divisão nacional.

Está posto um desafio ainda mais desafiador, quando os caminhos que poderiam conduzir a uma pacificação dos gladiadores políticos e sociais estão bloqueados pela degradação das instituições e falência das lideranças, potencializando a desconfiança generalizada, em que ninguém acredita em ninguém e todos desconfiam de tudo. As bandas em que o país está dividido parecem entrincheiradas, à espera de quem se atreva a atirar a primeira pedra. Travam o país, sem que se vislumbre alguém dotado de credibilidade pública e estatura moral para promover alguma forma de armistício. 

Até quando? E como?

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