LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Ah!, as palavras

Linomar Bahia

O uso e a oportunidade das palavras marcaram, mais uma vez, o processo eleitoral, repercutindo no desfecho da eleição, quando a vitória costuma ter muitos pais e a derrota padece da orfandade e troca de acusações entre supostos culpados. Estão entre os fatores apontados como decisivos, na construção e na destruição, razão pela qual se diz que a natureza proveria sabiamente o ser humano de uma boca, para falar menos, e de dois ouvidos, para ouvir mais. Referenda a máxima secular, segundo a qual “falar é prata, mas o silêncio é ouro”, objeto de análises sobre os comportamentos humanos.

Palavras adquirem enorme poder intrínseco nas formas e circunstâncias em que são proferidas, desafiando a sociologia e a psicologia quanto a influência para construir ou para destruir, refletindo honestidade, ironia ou dubiedade de sentido, embutida em alguma ironia. Por conta disso, um amadurecimento etário e emocional possibilita o uso adequado das palavras, mesmo que estejamos possuídos por um sentimento raivoso. Haverá sempre um vocábulo ou expressão mais sensatos para ser verbalizado, evitando proferir algo que possa ser ofensivo, porque, afinal, palavras ditas não voltam mais. 

Ensinou o diplomata francês Charles Talleyrand, (1754-1838) que “A palavra foi dada ao ser humano a fim de que ele pudesse, com ela, encobrir seus pensamentos”. Napoleão Bonaparte (1769-1882), acreditava que “nada vai bem num regime político em que as palavras contradizem os fatos”. Tudo a ver com o malabarismo verbal de campanhas eleitorais, usando a palavra para mascarar a realidade, envolta em expressões a gosto das audiências e reverberando a máxima do ministro da propaganda “hitlerista”, Joseph Goebbels, de que uma mentira, repetida mil vezes, adquire foros de verdade”.

Não se estranhe, por isso, a semelhança das palavras de políticos nas variações sobre os mesmos temas. Parecem produzidos pelos mesmos redatores nos autoelogios, responsabilização de terceiros pelo que não fizeram, acrescidos de novas promessas de “fazer melhor” pelos que herdaram de si mesmos, mas, deixado por outros, classificado como “maldito”. Em Hamlet, William Shakespeare (1564-1616, disse que “Os pensamentos não são mais do que sonhos, desde que não sejam postos à prova”, daí que as palavras costumam ser consideradas apenas palavras, nada mais que palavras. 

Palavras que compõem tanto os balanços de fins de governos quanto as promessas dos novos, seguindo a filosofia “ricuperiana”, de que “o bom a gente mostra, o ruim a gente esconde”. Medem as distâncias entre o realizado e o prometido nas palavras para justificar derrota e exaltar vitória, enaltecendo uns e criticando outros, não obstante a prevalência dos benefícios individuais sobre o coletivo no velho clientelismo. Fica a advertência para quem usou as palavras de forma equivocada e inoportuna a ter mais cuidado como o uso das palavras, principalmente, ouvindo mais e falando menos. 

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