FLÁVIA MARÇAL

Coluna sobre TEA (Transtorno do Espectro Autista) escrita por Flávia Marçal, que é advogada, professora e gestora do Grupo Mundo Azul | flavia_marcal84@yahoo.com.br

Imprensa e autismo: 'E que a voz da igualdade seja feita a nossa voz'

Flávia Marçal

Hoje é dia mundial da liberdade de imprensa. A ONU escolheu como tema deste ano o mote “Moldando um futuro de direitos: liberdade de expressão como um motor para todos os outros direitos humanos.” 

Historicamente a imprensa sempre teve um papel fundamental na defesa da inclusão e dos direitos. Citemos como exemplo o distante ano de 1814, no qual o gaúcho Hipólito José da Costa, “patrono da imprensa brasileira”, foi precursor em defender a abolição da escravatura.

Também não podemos deixar de mencionar o trabalho da imprensa alternativa na luta por liberdade e democracia, como no combativo “Resistência”, publicação da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos e que segue circulando desde 1977.

Em tempos de direitos fundamentais, a liberdade de expressão e de impressa têm sido essenciais para permitir o acesso a informação, além da transmissão de mensagens que tem o potencial de formar a opinião pública e fortalecer valores como equidade, diversidade, inclusão e justiça.

Uma frase do belo poema de Drummond ensina “Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”. Assim, a caminhada em parceria com os diversos órgãos de impressa efetivamente comprometidos com objetivos sustentáveis tem o condão de inspirar padrões mais éticos e responsáveis de enxergar o outro. Também possibilita um canal efetivo de denúncias e visibilidade de narrativas de vida que sofrem com barreiras e preconceitos ainda tão arraigados na nossa sociedade. 
No campo do autismo, a imprensa tem tido um papel de destaque. Em que pese estejamos vivenciando tempos de Fake News, desinformação e discurso do ódio, a imprensa tem se posicionado continuamente pontuando os limites entre mitos e fatos, entre conspiração e ciência. 

Foi por esse intenso trabalho que o uso de MMS foi denunciado em cadeia nacional. Conhecida como MMS, sigla em inglês para “solução mineral milagrosa”, a substância popularizou-se entre familiares de pessoas com autismo. É impossível não se chocar com os relatos de pais que buscam curar os sintomas de autismo de seus filhos, aplicando um derivado do cloro, por via retal e oral, sem qualquer comprovação científica. 

Em 2019 um conjunto de reportagens televisionadas possibilitou a uma grande vastidão de famílias conhecerem como o MMS pode tirar vidas, causar corrosão interna e levar a um sofrimento inimaginável. Como resultado a ANVISA em uma ação conjunta com órgãos de segurança derrubou mais de 165 sites que comercializavam o produto, proibido no Brasil para fins de saúde desde junho de 2018.  Além disso, diversos projetos de lei por todo país seguem tramitando buscando punir quem incentiva, comercializa ou realiza ações que coloquem em risco pessoas com TEA.

Portanto, garantir a liberdade de imprensa é uma peça chave para amplificar o acesso à informação de qualidade, com veracidade e protagonismo, com equidade e diversidade, e por fim, com a voz da igualdade como sendo a nossa voz. Viva a imprensa livre!

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Flávia Marçal
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