O balcão virou! Mayara Domont 04.09.25 8h00 “Seu Zé, me dá uma quarta de manteiga?!” Esse era o nosso pedido nas antigas tabernas e mercearias. Do bairro mais simples ao mais nobre, sempre tinha uma “vendinha” que tinha de tudo. Elas ainda sobrevivem ao tempo, mas o seu Zé, hoje bem idoso com aquela caneta atrás da orelha para calcular o fiado do cliente, já está bem cansado. O ambiente era de mortadela pendurada parede, uma balança e o caderninho que entregava todos os devedores do bairro. Imagina aquelas anotações sumirem? Seria um desespero. Com o tempo, o balcão que tinha aquela caixa registradora, nas mercearias mais nobres, foi perdendo espaço para padarias e supermercados. Lembro que na mercearia tinha desde pinça de sobrancelhas a desentupidor de pia, num metro quadrado onde se entrelaçavam muitos relacionamentos de vizinhança, amizade e parceria. Era lá que o jogo passava na TV e a “pinga” no copinho esquentava os corações dos que torciam. A placa “fiado só amanhã” nem de longe era respeitada. Coração do seu Zé era grande até para o garotinho que dizia que pagava o bombom no outro dia. De repente, o balcão foi reduzindo de tamanho, mudou de lugar e o limite entre cliente e dono da taberna foi reduzindo. Os produtos saíram da parede e foram para as prateleiras. Balanças eletrônicas, checkout, maquininhas de cartão ganharam espaço. As lojinhas, mercearias e tabernas perderam seus balcões e o seu Zé se reinventou e precisou de mais pessoas para trabalharem no ambiente que cresceu. Mas nem todos cresceram e evoluíram com a modernidade. Alguns foram extintos ou ainda resistem ao tempo. A placa com letrinhas amarelas pra compor a tabela de preços e produtos foram substituídas por telas. Tudo se tornou moderno demais. Seu Zé teve que acompanhar a tecnologia e se viu refém da nova geração. A geração do relacionamento, que deixava pro outro dia pra cobrar, que anotava o pedido no papel, se viu nesse maremoto de tecnologias e precisou se adequar. Hoje, com o advento do WhatsApp, temos tudo na palma da mão, desde o catálogo de produtos, a cobrança digital e o link de pagamento à organização da lista de clientes. E lembrem que o seu Zé dava conta de tudo só no seu caderninho. A mortadela bonita agora está numa foto composta com outros embutidos e não é mais servida com a pinga de brinde. Para evoluir um pouco mais, agora temos os caixas inteligentes, onde não há operadores e nem o rapaz que ia buscar ver o preço pra você. Agora temos o leitor de código de barras... Só você e a máquina! As xepas dos mercadinhos foram substituídas pelas promoções e ofertas dos aplicativos e supermercados. Tem terça da carne, quarta do hortifruti! Tudo para consumistas frequentarem todos os dias o supermercado. Na era das tabernas, se entretia e atraía os clientes com um bom papo, cerveja gelada e as fofocas do bairro. Seu Zé teve três opções: se adequar à nova tecnologia, manter o padrão antigo e resistir, ou quem sabe ser o dono do mercado que tem todos os recursos tecnológicos. E você aí?! Deve estar se perguntando como eu posso me inserir nessa realidade do digital?! A evolução pode ser lenta, ou pode-se correr contra o tempo perdido e buscar-se auxílio para alcançar os avanços. Corra! Mas a dica sempre será: se puder agregar a tecnologia ao relacionamento com o cliente, o sucesso é garantido e a fidelização também! Nada substitui um bom papo com nossa clientela, o olho no olho! Se aliar os dois, fantástico! Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas descomplica COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Descomplica . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!