DESCOMPLICA

Mayara Domont

Assistente Social formada pela Universidade Federal do Pará, Especialista em Gestão, Consultoria, Auditoria, Perícia e Fiscalização Ambiental, mentora de redes sociais, graduanda em Marketing pela Estácio, ministrou aulas em disciplinas na área ambiental pelo IFPA, e possuia a loja online Mel Camisetas de Produtos Católicos. Começou a carreira como assistente social em projetos socioambientais, mas desde muito jovem se encantou pelo mundo digital e das vendas, bem como pela tarefa de treinar e desenvolver pessoas na área de tecnologias, redes sociais e vendas, focando na acessibilidade digital. consultmaydomont@gmail.com

Esqueci de entregar a fita!

Mayara Domont

Agora vou mexer com os cinéfilos de plantão que viveram os áureos tempos das videolocadoras. Não foi de repente que elas sumiram, mas é incrível como nos adaptamos à realidade dos serviços de streaming.

Na nossa sala tinha o famoso videocassete, só esperando aquela grana no final do mês para pagar as locações de filmes do momento. A janela de tempo entre o lançamento de um filme e a disponibilidade dele nas locadoras era às vezes beirando os 12 meses.

Imagina só esperar o filme “Esqueceram de Mim”, que demorou entre dois e 5 anos para ter sua saga lançada completamente, e até uns 4 anos atrás lançou o mais recente, depois de quase 10 anos.

Lembro que eu tinha cadastro numa videolocadora que ficava na travessa Castelo Branco, pertinho da minha escola na época. A fachada lembrava o castelo de Grayskull do He-Man, e reservava momentos incríveis para crianças, jovens e adultos. Ali era um sonho pra quem amava cinema e todos os tipos de desenhos animados. 

Era possível levar diversas fitas cassetes, e assistir com aquela pipoca em casa, com amigos e família. Se passasse da data de entrega, lá vinha aquele valor extra de diária para pagar. As sessões tinham de tudo, e a amizade com o dono da locadora ajudava bastante na hora de reservar aquela fita disputadíssima. Quem nunca passou na frente e abriu a porta e falou: “Já chegou o filme Silêncio dos Inocentes?”

Muitas vezes havia filmes que nem vinham para os cinemas locais. Aí, o jeito era esperar ele “virar fita”. Imagina hoje, você que fica na expectativa de liberarem episódios de séries que têm apenas meses que foram gravadas, ter que esperar um ano ou mais pra ver nas locadoras. Lembrando: não tinham muitas unidades pra alugar. Então, trabalhar a paciência era necessário. 

Aos adolescentes da época, sempre tinha aquela escapadinha para a sessão para maiores de 18 anos. E os espertinhos que colocavam “pelo meio” um filme proibido.

Com o tempo, as locadoras, como a famosa Blockbuster, deixaram um legado cultural, mas perderam, de forma gradual, sua atuação. E simplesmente as lojas físicas foram sumindo, com a chegada das empresas de streaming.

O acesso a filmes, videogames e séries ganhou nova fonte. Netflix chegou no final da década de 1990, e hoje está juntamente com outras empresas compondo os apps da tela da sua TV e smartphone.

A adequação das locadoras ao digital não aconteceu. Entretanto, quem lembra dessa época consegue ter aquele flashback da experiência de consumo, que era sensacional. Não se levava apenas uma “fita” para casa. Naquele universo, tinha desde o refrigerante até as guloseimas que você ia precisar, para literalmente “levar” o cinema para dentro de casa.

Os clientes da antiga locadora “Fox Vídeo” tiveram seus dias de glória, pois lá também alugavam-se CDs, compravam-se livros, presentes… e criavam-se relacionamentos com outras pessoas que ali frequentavam, além das atrativas promoções do “leve 4 e pague 3”. Hoje, você se cadastra, põe no pagamento automático no cartão de crédito, liga a televisão e assiste a série ou filme que deseja. Em vez daquela carteirinha com foto, você ganha um perfil com um desenho animado. Fofo!

Muitas vezes, em menos de dois meses, aquele lançamento do cinema já está na tela da sua casa. Isso quando ele nem chega ao cinema e já vai para o streaming. Tudo mudou! Acredite se quiser, mas a minha carteirinha nas cores amarela e azul estão ainda guardadinhas de recordação. 
Aparelhos de videocassete que foram substituídos pelos DVDs, em seguida, também sumiram das prateleiras e estantes. Aposto que você tem alguma coleção em casa, de fitas ou DVDs de filmes, séries ou shows. E, mesmo sem saber o que fazer ou como usar, mantém ali no armário da sala, para relembrar esses bons tempos.

Viver as duas épocas é algo incrível, mas me pergunto: o que ainda vem por aí? Será que vamos ver uma nova revolução? Com os altos preços das plataformas de streaming e o não acesso a filmes que não existem nelas, teríamos o retorno das locadoras? 

Os cinemas estão resgatando filmes consagradíssimos, como “Harry Potter”, repaginando filmes que embalaram as gerações de 1980 e 1990. Uma mega sacada para atingir os pais e os filhos também. 

Em tempos de nostalgia e busca pela experiência no consumo, quem sabe você se veja por aí com uma estante cheias de fitas ou DVDs de novo! Imagina aquele barulhinho de fitas cassetes sendo engolidas de novo.

O retrô tem o belo poder de resgatar o que é bom e se tornar novidade para geração Z. A alegria de poder viver e reviver esses tempos, e também poder transmitir para novas gerações, é algo que não tem preço. Tudo que é bom precisa atravessar gerações e se tornar legado. Apresente o passado ao seu futuro! Ele sempre volta!

 

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