Prisão de Bolsonaro e o futuro político do Brasil Denis Farias 01.12.25 8h00 A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado não é apenas um caso jurídico: é um ponto de inflexão histórico. Quando o Supremo Tribunal Federal aplicou a pena e mandou executar a sentença, o país assistiu à cristalização de um novo capítulo da sua vida política. E o Poder Judiciário se firma como o grande leviatã acima de todos os poderes. Não se trata só da punição de um líder, mas aumenta a pressão sobre o conservadorismo no Brasil e testa os limites da república. Do ponto de vista jurídico, a condenação e a execução da pena não se confundem com irrelevâncias eleitorais. O ativismo do Judiciário reverbera para além dos autos: impacta partidos, lideranças e estratégias eleitorais. Politicamente, porém, o efeito pode ser ambíguo e perigoso. O excesso de protagonismo de alguns ministros do STF pode funcionar como um catalisador de reações políticas sem precedentes. Ao sobrepor a autoridade da Corte Constitucional somente para um lado, alimentou a narrativa de perseguição, que unifica inimigos. Em um campo político acostumado à polarização, a atuação contundente do Judiciário virou elemento de coesão: a direita que se via fragmentada encontrou, no choque com o STF, um inimigo comum que reordena lealdades e reativa identidades políticas. A dinâmica é conhecida: quando instituições assumem um lado e se afastam da imparcialidade, parte do eleitorado desloca o foco da discussão para a parcialidade institucional. A reação é imediata e eficaz politicamente, porque transforma a queda de um líder, em uma bandeira de reações, alimentando mobilizações unificadas, narrativas de resistência e uma nova demanda por protagonistas, que prometam revanche ou restauração. Assim, o protagonismo judicial, pode inadvertidamente fortalecer um sentimento de sobrevivência política da direita, que favorece a recomposição do campo conservador. Olhando para 2026, o Brasil entra em litigio constante. Entramos em uma disputa renascida, com regras e riscos reconfigurados. A direita, reunida em torno de um poderoso inimigo institucional, pode se reconstituir sob novas lideranças e estratégias. A centro-esquerda teve uma evidente vitória institucional, mais irá enfrentar a polarização que cresce de forma exponencial, reconfigurando corações e mentes. A democracia, por sua vez, exige vigilância contínua. O arbítrio de um Poder sobre os demais aumenta a tensão por alternância do Poder. Em última instância, a prisão de Bolsonaro reafirma a busca por reorganização política. É preciso recuperar o terreno cívico com diálogo, estratégia de inclusão, reformas que reduzam a sensação de caça às bruxas, para que a ordem jurídica não seja apenas um guardião imparcial. Mas parte de um projeto republicano, que convença os vencidos e os vencedores de que a política, ao contrário da violência, é o caminho legítimo para disputar o futuro do país, sem extremismos. Denis Farias é advogado, especialista em Direito Eleitoral. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas denis farias COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Denis Farias . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!