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DENIS FARIAS

Denis Farias é Advogado, Especialista em Direito Eleitoral, Professor, Consultor Jurídico, Data Protection Officer, Vice-Presidente do Instituto Brasileiro de Direito Partidário, Membro da Comissão Nacional de Direito Eleitoral do Conselho Federal da OAB.

O Fracasso Diplomático do Brasil na COP 30

Denis Farias

A COP 30, realizada em Belém, foi anunciada como a grande oportunidade para o Brasil mostrar liderança global na agenda climática. O governo brasileiro tratou o evento como vitrine internacional, prometendo protagonismo e soluções ambiciosas. Porém, quando as luzes se apagaram na Zona Azul, o saldo diplomático revelou um contraste embaraçoso entre discurso e realidade.

O maior símbolo desse fracasso foi a proposta brasileira do chamado “mapa do caminho”, um documento que deveria estabelecer diretrizes globais para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis. O Brasil vendia a ideia como seu grande legado: um roteiro equilibrado, flexível e viável.

Mas o que se viu foi um naufrágio negocial completo. Países em desenvolvimento consideraram o texto brando demais e os exportadores de petróleo acharam forte demais. Incapaz de construir consenso, o Brasil de Lula assistiu à sua principal proposta desaparecer do relatório oficial. Nenhuma menção. Nenhuma frase. Nenhuma nota de rodapé. Um vazio constrangedor.

A ausência do “mapa do caminho” no documento final é mais eloquente do que qualquer discurso. Representa uma derrota silenciosa, mas profunda, na arena diplomática. Enquanto os anfitriões prometiam uma conferência histórica, o tema mais aguardado do evento simplesmente evaporou. E evaporou porque o governo não conseguiu fazer o dever de casa: articular, negociar, moderar e liderar.

A COP 30 terminou sem o compromisso global que justificou meses de campanhas, despesas, anúncios e discursos grandiosos. Para completar o simbolismo involuntário, a conferência presenciou um episódio que entrou para o folclore das COPs: o incêndio na Zona Azul, que transformou o principal espaço de negociações em uma inesperada Fire Zone. Durante alguns minutos, diplomatas, chefes de Estado e técnicos sentiram na pele e no calor, aquilo que tantas vezes já foi denunciado: a devastação provocada pelo fogo descontrolado na Amazônia.

A “cúpula do clima” teve de evacuar por causa do clima. E não se pode deixar de notar: se a ideia era sensibilizar o mundo, a própria realidade amazônica tratou de fazer o trabalho. Apesar disso, a COP 30 ensaiou avançar em outras frentes, saúde, tecnologia climática, agricultura resiliente, proteção de florestas e cidades sustentáveis. Porém, nenhuma dessas tentativas compensa o imenso vazio deixado pelo desaparecimento do documento que deveria orientar o planeta na transição energética.

O que a COP 30 e o governo Lula entregaram ao mundo, foi menos do que havia prometido e bem menos do que o Brasil proclamou que conseguiria. No fim das contas, a COP 30 será lembrada não apenas pelo esforço de diálogo, mas pela contradição entre ambição retórica e incapacidade diplomática. O Brasil saiu da conferência menor do que entrou. E a promessa de liderar a transição global tornou-se aquilo que o “mapa do caminho” virou na prática: um papel inexistente.

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