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DENIS FARIAS

Denis Farias é Advogado, Especialista em Direito Eleitoral, Professor, Consultor Jurídico, Data Protection Officer, Vice-Presidente do Instituto Brasileiro de Direito Partidário, Membro da Comissão Nacional de Direito Eleitoral do Conselho Federal da OAB.

A Geopolítica do Clima e os Rumos da COP30 da Amazônia

Denis Farias

Belém do Pará se transformou no coração pulsante da geopolítica global. A Amazônia é palco das grandes negociações do planeta sobre o futuro climático. Fomos credenciados e acompanhamos a “Cúpula de Líderes para o Clima”, evento que antecipou o tom da COP30, fazendo um chamado à ação em meio a promessas sem compromisso.

Três temas dominaram o encontro: a transição energética, o financiamento climático e a proteção das florestas tropicais. Surgiram iniciativas como o “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”, que pretende quadruplicar o uso de combustíveis limpos até 2035. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre -TFFF, proposto pelo Brasil para remunerar países que mantêm suas florestas em pé.

E a Coalizão Internacional de Mercados de Carbono, voltada à criação de regras comuns para precificar emissões. Apesar da grandiosidade dos anúncios, o mundo ainda espera respostas concretas: quem pagará a conta, quanto e quando?

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, advertiu que a humanidade está ultrapassando o limite de 1,5°C e que cada fração de grau representa mais fome, deslocamento e destruição. Acrescentou que não falta tecnologia, mas coragem política. Mandando recado às grandes potências que continuam presas ao petróleo e à inércia diplomática.

Muito se falou da ausência dos Estados Unidos e do presidente Donald Trump, mas o comportamento da China não passou despercebido. O presidente Xi Jinping, que já anunciou que não virá à COP30, enviou a Belém seu vice-premiê Ding Xuexiang, cujo discurso foi impecável em retórica, mas vazio em compromissos.

Enalteceu os avanços da “China Bela” e as metas já cumpridas de energia limpa. Mas não anunciou nenhuma contribuição financeira, ao Fundo Florestas Tropicais, um gesto simbólico que teria dado protagonismo aos comunistas. Ao contrário, a segunda maior economia do mundo, preferiu se manter como espectadora de si mesma, repetindo fórmulas diplomáticas de “cooperação verde” sem colocar recursos à mesa.

Enquanto isso, países como Noruega, França, Indonésia e Brasil aportaram mais de US$ 5,5 bilhões no TFFF, buscando transformar a floresta em pé em ativo econômico. É um passo, ainda tímido, para tornar a conservação mais vantajosa do que o desmatamento. Mas sem o engajamento dos grandes emissores como a China e a Índia, o fundo corre o risco de se tornar mais um símbolo de boa vontade do que um motor de transformação.

A transição energética será outro campo de batalha da COP30. O mundo precisa de um “mapa do caminho” realista e de um pacto financeiro robusto, capaz de unir metas e mecanismos de execução. Belém, agora sob os holofotes do planeta, carrega uma responsabilidade histórica. A COP30 da Amazônia não pode ser apenas mais uma conferência protocolar, com discursos inspiradores e compromissos vagos. Precisa ser o ponto de virada entre a política das palavras e a geopolítica da ação.

Denis Farias é advogado, especialista em direito eleitoral.

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