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Revolução e resistência marcam fundação de Belém

História mostra que por duas vezes a cidade correu risco de perder o posto de capital do estado

Fabyo Cruz / O Liberal
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Podem chamá-la de "Metrópole da Amazônia” ou “Cidades das Mangueiras”,  o fato é que Belém é referência econômica e cultural na região Norte. Com uma história marcada por revolução e resistência, a capital do Pará cresceu em tamanho e importância ao longo dos seus 406 anos, celebrados neste dia 12 de janeiro, e se tornou uma das portas de entrada para quem visita a região amazônica com o intuito de conhecer melhor a história dos povos que nela viveram.

A capital do Pará foi fundada no ano de 1616 por Francisco Caldeira Castelo Branco, capitão-mor do Rio Grande do Norte que desembarcou com suas tropas na foz do Rio Guajará, ponto estratégico de defesa da região, com o objetivo de afastar do litoral norte os invasores holandeses e franceses.

O professor e coordenador do curso de história da Universidade da Amazônia (Unama), Diego Ferreira, explica que a região era muito cobiçada por várias potências mundiais no século XVII, portanto, havia interesse da Coroa Portuguesa em proteger o território e ocupá-lo. Uma das diretrizes em relação a isso foi exatamente a expulsão dos franceses no Maranhão, em 1615. O educador elucida que a fundação de Belém não deixa de ser uma continuação desse processo.

Uma das curiosidades da fundação de Belém é que por duas vezes a cidade correu risco de perder o posto de capital do estado. “Como essa ocupação inicial era muito frágil, Mosqueiro, em 1633, e a Ilha de Joanes, em 1655. foram cogitadas para serem a nova capital. Os primeiros povoadores, digamos assim, não viram com bons olhos essas mudanças, pois eles não queriam um certo status que já começavam ater aqui na cidade de Belém”, explicou o historiador. 

Diego Ferreira ressalta que apesar de pouco falada, a história de Belém também deve ser contada na perspectiva indigena. “Existe a história da fundação de Belém contada à portuguesa e também a partir da presença indigena. Os indígenas Tupinambás quase conseguiram adiar essa fundação de Belém. Em 1919, houve uma grande revolta, hoje muito bem documentada, liderada por um indigena apelidado de Cabelo de Velha. Essa revolta acaba evidenciando que essa ocupação ainda era muito frágil nesse primeiro momento mesmo com a fundação de Belém em 1916”, conta o professor.    

A capital paraense começou a ser erguida pelo Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém, lugar hoje chamado apenas de Forte do Castelo, no bairro da Cidade Velha. Ali, o capitão edificou um forte de paliçada, em quadrilátero feito de taipa de pilão e guarnecido de cestões. No interior, foi construída uma capela, consagrada à Nossa Senhora da Graça. O prédio guarda intacto os canhões originais.

Ao redor da fortificação, começou a se formar um povoado, que recebeu a denominação de Feliz Lusitânia, sob a invocação de Nossa Senhora de Belém, mas, após as guerras em decorrência do processo de colonização por meio da escravização das tribos indígenas Tupinambás e Pacajás e da invasão dos holandeses, ingleses e franceses, a cidade perdeu a denominação inicial e passou a se chamar Nossa Senhora de Belém do Grão Pará. Os nomes foram muitos até o local, finalmente, passar a ser chamado de Belém do Pará.

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que as primeiras ruas foram abertas apenas em 1650, todas paralelas ao rio, com caminhos transversais que levavam ao interior. O desenvolvimento era maior para o lado norte, onde os colonos levantaram suas casas de taipa, dando início à construção do bairro Cidade Velha. Na parte sul, os primeiros habitantes foram os religiosos capuchos de Santo Antônio. No século XVIII, a cidade começou a se distanciar do litoral, avançando para a mata. Belém constituía-se não apenas como ponto de defesa, mas também centro de penetração do interior e de conquista do Amazonas.

 

Política e economia

O Grão-Pará vivia um clima tenso com a emancipação política do Brasil, em 1822, já que havia uma grande distância das decisões políticas do sul do país, ainda fortemente ligado a Portugal. Tanto que Belém só reconheceu a independência do Brasil quase um ano após sua proclamação, mais precisamente em 15 de agosto de 1823, data em que é celebrada a Adesão do Pará.

No entanto, a independência do país não trouxe grandes mudanças na estrutura econômica e nem modificou as más condições em que vivia a maior parte da população, composta de indígenas, negros e mestiços. Entre outros motivos, a desigualdade social fez com que, entre 1835 e 1840, a cidade se tornasse o palco de uma das maiores revoltas já ocorridas no país, a Cabanagem.

O crescimento da economia de Belém só tomou forma, de fato, no século XIX. A abertura dos rios Amazonas, Tocantins, Tapajós, Madeira e Negro para a navegação dos navios mercantes de todas as nações, após o período colonial, contribuiu para o desenvolvimento da capital paraense. E foi durante o chamado Ciclo da Borracha (ou Era da Borracha), em especial entre 1879 e 1912, que a cidade viveu seu primeiro grande surto de crescimento. Praticamente todo o comércio da região passava por seu porto e Belém contava com tecnologias que nem as capitais do sul e sudeste do país possuíam, chegando a ser conhecida como a “Paris N’América”.

Ao longo desse período, o núcleo urbano também se modernizou e foram construídos importantes símbolos da capital paraense, como o Theatro da Paz e o Cinema Olympia, o mais antigo em atividade no Brasil, além do Palácio Antônio Lemos, atual sede da Prefeitura de Belém, e um dos cartões postais mais famosos, o Ver-o-Peso, maior feira a céu aberto da América Latina. A economia atraiu levas de imigrantes vindos de diversos países. Foi a partir daí que Belém ficou conhecida como a “metrópole da Amazônia”.

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