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Edificações arquitetônicas de Belém traduzem identidade cultural coletiva

A relação dos belenenses com esses lugares vai além da contemplação dos seus encantos, eles estão presentes diariamente na vida das pessoas

Fabyo Cruz / O Liberal
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Os patrimônios históricos arquitetônicos de uma cidade dizem muito sobre a história de um povo. Belém é repleta de edificações que encantam turistas de diversas partes do mundo por sua beleza e riqueza artística. A relação dos belenenses com esses lugares vai além da contemplação dos seus encantos, eles estão presentes diariamente na vida das pessoas.  

Pode ser considerado como patrimônio histórico arquitetônico qualquer edificação que represente um município. Ele agrega praças, ruas, edificações, prédios e monumentos, e de alguma forma remetem a memória de determinada época, trazem características sobre a história dos visitantes, além do local onde esse bem está inserido. A conservação desses lugares representa a materialização da nossa história e da identidade cultural coletiva, explica o historiador Aldrin Figueiredo, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Aldrin conta que as cidades brasileiras que foram muito ricas no passado construíram grandes patrimônios edificados, e Belém teve dois momentos. “Um no século XVIII, no chamado Período Pombalino, época que atuou aqui o arquiteto italiano  Antônio José Landi. O outro ocorreu na chamada Belle Époque, no final do século XIX, no auge da exploração da borracha e que houve todo um processo de modernização do espaço urbano”, disse o historiador.

 

Mercado do Ver-o-peso

Belém acorda com a chegada de centenas de barcos que atracam no cais do mercado do Ver-o-Peso, ou do "veropa", como é carinhosamente chamado. Lá, são encontrados artesanatos, ervas, cerâmicas marajoaras e tapajônicas, peixes e frutas, além de outros produtos oriundos do rio ou da floresta. A feira não funciona o dia inteiro, mas nem por isso ela dá uma pausa, o Ver-o-Peso apenas se transforma.

Em 21 de março de 1688, o Ver-o-Peso foi elaborado para que as mercadorias não fossem distribuídas sem despachos. Devido a essa situação, foi instalado no local uma grande balança, onde tudo era pesado e taxado com impostos conforme o peso, o tipo e mercadoria. Os tributos serviriam para aplicação nos serviços públicos e demais despesas da Colônia – sendo chamado, “Tributo de Haver-o-Peso”, instituído pelo Rei de Portugal.

Por conta disso, os belenenses passaram a ter o costume de fazer suas compras na feira, ir até a balança para pesar suas compras e assim constatarem se não haviam sido lesados. O Ver-o-Peso acompanha as transformações de Belém, desde o século XVIII e sempre foi o porto de saída e entrada de produtos importantes para a economia do Brasil. Este mercado foi palco de muitos fatos da história política, econômica e social de Belém, como a revolução da Cabanagem e o Círio de Nazaré.

image O Theatro da Paz é um dos maiores patrimônios históricos e arquitetônicos do Pará (Fernando Sette Câmara)

Theatro da Paz 

O Theatro da Paz é palco dos grandes espetáculos teatrais e outros grandes eventos culturais de Belém. A edificação foi fundada em 15 de fevereiro de 1878, durante o período áureo do Ciclo da Borracha, quando ocorreu um grande crescimento econômico na região amazônica.  Na época, Belém foi considerada “A Capital da Borracha”

No entanto, mesmo com esse progresso, Belém ainda não possuía um teatro de grande porte, capaz de receber espetáculos do gênero lírico. Com objetivo de atender o interesse da sociedade da época, o governo da província contrata o engenheiro militar José Tibúrcio de Magalhães que dá início ao projeto arquitetônico inspirado no Teatro Scala de Milão, na Itália. 

Foi a primeira casa de espetáculos construída na Amazônia e tem características grandiosas: 1.100 lugares, acústica perfeita, lustres de cristal, piso em mosaico de madeiras nobres, afrescos nas paredes e teto, dezenas de obras de arte, gradis e outros elementos decorativos revestidos com folhas de ouro.

Localiza-se na cidade de Belém, no Estado do Pará. Atualmente, é o maior Teatro da Região Norte e um dos mais luxuosos do Brasil. Com cerca de 130 anos de história, é considerado um dos Teatros-Monumentos do País.

 

Basílica Santuário de Nazaré

Quando pensamos no Círio é quase impossível não associarmos a festividade religiosa à Basílica Santuário de Nazaré. A igreja é única na Amazônia brasileira e tem sua história vinculada à imagem de Nossa Senhora de Nazaré, encontrada por Plácido às margens do igarapé Murutucu. 

Em 1909, a Basílica Santuário passou a ser construída, onde havia uma igreja menor desde o século XVIII. Possui estilos inspirados no neoclássico. Na fachada da igreja, há duas inscrições em latim: “Deiparae Virgini a Nazareth”, que em Português lê-se “Virgem de Nazaré Mãe de Deus” e a inscrição menor, “Salve Regina Mater Misericordiae” que significa “Salve Rainha Mãe de Misericórdia”.

A Basílica foi elevada à categoria de Santuário Mariano Arquidiocesano, em 2006, pelo então Arcebispo Metropolitano de Belém Dom Orani Tempesta. Assim passou a chamar-se Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré por receber romeiros e peregrinos, principalmente durante o Círio de Nazaré.

 

Complexo Feliz Lusitânia

Atualmente, Feliz Lusitânia é um complexo do centro histórico que abriga não apenas o Forte do Castelo, mas também construções como a praça Dom Frei Caetano Brandão, a Casa das Onze Janelas, a Igreja de Santo Alexandre (Museu de Arte Sacra), e a Igreja da Sé (Catedral Metropolitana de Belém), pontos turísticos importantes da capital.

As duas igrejas foram, junto com o Forte, as primeiras edificações a serem construídas após a fundação da cidade. A Igreja de Santo Alexandre foi sede da Companhia dos Jesuítas na época do Brasil colônia e edificada no século XVII pelos próprios Jesuítas. A construção foi iniciada em 1616 com a ajuda dos indígenas e inaugurada em 1719, atualmente dedicada a São Alexandre. Já a Catedral Metropolitana, também de 1616, foi construída no antigo Forte do Presépio, mas depois transferida ao local atual. Permaneceu como Capela até 1719, quando foi elevada à categoria de Sé. A atual Catedral teve sua construção iniciada em 1748, que prosseguiu até 1755 e depois foi entregue ao arquiteto italiano Landi, estando praticamente pronta por volta de 1774.

A praça foi erguida em 1899 – pela proximidade com o Forte do Castelo, era primeiramente denominada como Praça das Armas, pois abrigava os soldados de Francisco Caldeira Castelo Branco. Lá está localizado um monumento a Dom Frei Caetano da Anunciação Brandão.

Por último, a Casa das Onze Janelas data da metade do século XVIII, construída pelo rico proprietário de engenho de açúcar Domingos da Costa Bacelar e que funcionava como casa de final de semana. Em 1768, o edifício foi vendido para Francisco Ataíde Teive, governador do Grão-Pará e, após reformas feitas pelo arquiteto italiano Landi, se tornou um hospital militar que funcionou no local até 1870, abrigando, posteriormente, outras atividades militares até o final do século XX. Em 2002, o local ressurge como Casa das Onze Janelas e passa a ser um museu de difusão de arte contemporânea, tornando-se em pouco tempo o mais importante museu de arte contemporânea da região Norte do Brasil.

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