Aniversário de Belém: Centro histórico de Belém, tesouro do futuro

O valioso patrimônio histórico material e imaterial se manifesta no berço da cidade.

Enize Vidigal
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O centro histórico de Belém atrai olhares neste aniversário de 407 anos. O historiador Michel Pinho conduz os leitores por um passeio pelos bairros da Cidade Velha e Campina, descrevendo pontos e eventos do nascedouro de uma das principais capitais da Amazônia. A professora Maria Goretti Tavares, coordenadora do Roteiro Geoturístico, descreve o encanto de 8 mil visitantes que redescobriram esse lugar em visitas guiadas a pé. E a jornalista Adelaide Oliveira, coordenadora do projeto Circular, que estimula o empreendedorismo, o turismo e a educação patrimonial, artística e cultural, aponta o potencial desse “berço”, que urge o planejamento da conservação dos antigos casarões históricos.

Passado valioso

“Antes de 12 de janeiro de 1612, com a chegada dos portugueses, a região era habitada por sociedades indígenas”, recorda Pinho, que também é mestre em Comunicação, Cultura e Linguagens e preside a Fundação Cultural de Belém (Fumbel). “Os europeus criam o Forte do Castelo. Surge a primeira via, Rua do Norte (atual Siqueira Mendes), que vai até a Igreja do Carmo. Fica ao lado de uma das bocas do igarapé do Piri, onde está hoje o Ver-o-Peso (fundado em 1901). O comércio já é marcante para cidade desde 1627, onde a ocupação se faz do ponto de vista militar, religioso e comercial”.

Assim começa a ser estruturado o que conhecemos hoje como a Cidade Velha. Surgem habitações, como a Casa Rosada, uma das mais antigas de Belém, e as novas ruas Dos Cavaleiros e Do Espírito Santo (Dr Assis e Dr Malcher), que se prolongam até a Rua das Mongobeiras (Tamandaré). Também são erguidas novas igrejas: Nossa Sra da Graça (Sé) e São Francisco Xavier (Santo Alexandre) e outras. “A Casa Rosada aparece nos mapas de Belém desde o Séc. XVIII, enquanto a maioria dos casarões são dos Séc. XIX e início do XX”.

A região ganha palácios. “O Lauro Sodré ou Palácio dos Governadores, do Séc. XVII, onde residiam e trabalhavam o governador do Grão Pará e o comandante de armas; e o Antonio Lemos, do Séc. XIX, hoje em restauração. O arquiteto italiano Antonio Landi desenha as ruas da Campina, constrói igrejas e prédios. A Cidade Velha ganha o Palacete Pinho, única moradia palaciana da área, do início do Séc. XX, também sob restauro. Belém era uma das principais cidades latino-americanas”.

Presente de histórias

Hoje, o Roteiro Geo-turístico, projeto gratuito do Grupo de Pesquisa de Geografia do Turismo, da UFPA, completa 12 anos. “O objetivo é falar do patrimônio material, edificado, e imaterial, como a cultura alimentar, modo de falar, as erveiras do Ver-o-Peso etc”, explica Goretti.

Nas visitas guiadas pelas ruas da cidade, história, geografia, arquitetura e cultura em geral sobre a cidade são descritas por alunos da graduação e da pós-graduação em Geografia a grupos crescentes de moradores da cidade e turistas.

Atualmente, o projeto possui 12 roteiros, sendo a maioria em Belém e adjacências. O roteiro do centro histórico costuma ser realizado uma vez por mês. “95% dos participantes são moradores da cidade. Há uma procura em conhecer Belém, pois a cidade expandiu muito e, muitas vezes, não conhecem o centro histórico”.

A próxima edição será no sábado, 14, com saída às 8h30 do Forte do Castelo. Inscrições gratuitas. Informações pelo e-mail mariagg29@gmail.com.

Futuro sustentável

Há 9 anos, o Circular estimula o desenvolvimento do potencial de turismo sustentável e de economia da cultura no centro histórico. Em média, 2.500 pessoas são convidadas a conhecer espaços alternativos, entre pequenos negócios e outros maiores, alguns funcionando em casarões históricos. “A cada edição temos de 25 a 30 espaços privados que abrem as portas para receber o público e cada um deles emprega de 3 a 4 pessoas, alguns até mais”, descreve Adelaide.

“As pessoas redescobrem a cidade, apesar de muitas morarem aqui. Conhecem galerias, restaurantes, projetos culturais... O centro histórico tem um potencial muito grande ainda pouco explorado. Precisa haver mais investimento público”, destaca. “O patrimônio histórico de Belém é instrumento de educação, identidade e renda pra a cidade. O centro histórico sustentável é um sonho coletivo, independente de quem mora ali”.

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