Belém tem turismo continental e nas ilhas
Em 2022, a Prefeitura de Belém espera uma retomada. Ao menos 40% da renda do Estado com turismo vem da capital.
A riqueza cultural, as paisagens naturais e a culinária típica de uma cidade da Amazônia atraem turistas de todos os cantos para conhecer os encantos da cidade das mangueiras. Ao completar 406 anos, Belém continua se destacando e alavancando o turismo paraense – antes da pandemia, em 2019, dos R$ 750 milhões gerados por meio deste setor no Estado, por meio de um milhão de turistas, cerca de 40% movimentavam o turismo belenense. Os dados foram concedidos pela Coordenadoria Municipal de Turismo de Belém (Belemtur), ligada à Prefeitura.
A arrecadação da capital por meio do setor é muito importante para o Estado, segundo o coordenador do órgão, André Cunha. Ele diz que Belém está muito bem posicionada em oito dos 18 tipos de turismo existentes, o que resulta em uma diversidade de atrações para quem vem de fora. “Para os que gostam de conhecer a nossa história, temos um turismo cultural muito forte, o nosso centro histórico é valorizado e propício de desenvolvimento cultural. O turismo gastronômico é igualmente forte; Belém recebeu o título internacional da Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] como Cidade Criativa da Gastronomia, renovado em 2020. Isso tudo e muitas outras coisas valorizam Belém e proporcionam uma diversidade de turismo”, declara.
Com a pandemia da covid-19 e as consequências econômicas que decorreram das restrições impostas pela crise sanitária, o Pará enfrentou uma queda entre 40% e 50% das atividades turísticas, como informa o coordenador. Mas, ele aponta que 2022 deve ser um ano de retomada para o setor.
O representante do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Pará (SHRBS), Fernando Soares, discorda. “Não acreditamos que 2022 seja um ano de retomada. Segundo estudos feitos pelo setor, o princípio da retomada só começa no segundo semestre e só estoura em 2023. O setor perdeu, mundialmente, US$ 150 bilhões e o Brasil, US$ 30 bi. É muito difícil uma recuperação em seis meses, um ano. Primeiro é preciso ter segurança para viajar, depois conquistar a credibilidade da pessoa que vai viajar. Hoje quem determina tudo isso é a covid, então, infelizmente, sem previsão”, adianta o advogado.
Segundo Fernando, o turismo mais forte em Belém é o de negócios e o religioso, impulsionado pelo Círio de Nazaré. É nesse período que as pessoas conhecem a capital paraense e seus encantos, seu centro histórico, a gastronomia e deixam recursos na cidade. Por meio do turismo de negócios isso também acontece. O representante do setor hoteleiro diz que as pessoas que vêm à capital a trabalho também acabam conhecendo as belezas locais e, depois, retornam com a família a passeio. Em sua avaliação, o Pará como um todo tem potencial turístico, mas falta infraestrutura para receber e transportar pessoas nas cidades.
O coordenador da Belemtur, André Cunha, diz que os investimentos estão previstos. Ainda no primeiro trimestre deste ano será lançado o projeto “Turismo 5 Estrelas”, que tem o objetivo de valorizar Belém e os tipos de turismo que a cidade pode oferecer. Além disso, outro projeto da Prefeitura é a valorização de eventos esportivos, para que a capital paraense possa voltar a ser sede desse tipo de fenômeno. “Por exemplo, a Seleção Brasileira de Vôlei já veio a Belém, em Mosqueiro, para participar de campeonatos oficiais de vôlei, mas isso não acontece há muitos anos”, diz. Além disso, neste domingo será realizada a Corrida de Belém, que faz parte do turismo esportivo e atrai uma grande quantidade de turistas.
“Belém está preparada para fazer essa retomada e oferecer um turismo diverso e com qualidade. Esperamos que o setor fique aquecido em 2022. No fim de 2021 e início de 2022 já observamos que a rede hoteleira está com um percentual de ocupação acima do registrado em 2020 e 2021, então as expectativas são as melhores possíveis”.
Ilhas ocupam papel de destaque no turismo
Fora da região continental de Belém, ou seja, na parte terrestre, as ilhas são responsáveis por atrair turistas o ano todo, cheias de belezas naturais, restaurantes que divulgam a culinária paraense e atrações culturais. Segundo a Belemtur, a capital tem 39 ilhas, mas algumas, ao longo dos anos, ficaram esquecidas ou abandonadas, e deixaram de ser atrativos turísticos.
“A própria Ilha de Mosqueiro, 15 ou 20 anos atrás, era muito atrativa. Hoje não tem todo esse glamour porque o turismo migrou para outras ilhas, como o Combu, e para outras cidades, como Salinópolis. O turismo, quando chega em um local, leva qualidade de vida, desenvolvimento, emprego, renda e oportunidades. Mas quando migra tudo isso vai com ele. Por isso a importância da valorização das nossas ilhas”, enfatiza o coordenador André Cunha.
Um dos projetos da Coordenadoria, que foi abraçado pela Prefeitura de Belém de forma mais próxima, é o “Belém das Ilhas”, com o intuito de fomentar o desenvolvimento e a valorização das ilhas ligadas à capital e levar eventos gastronômicos. Já foi realizado o primeiro evento desse tipo na Ilha do Combu, três ou quatro meses atrás, segundo a Belemtur, em parceria com a Codem e a própria Prefeitura de Belém. Agora, a ideia é implementar essa ação, inicialmente, em Caratateua, no Distrito de Outeiro, e, posteriormente, em outros locais turísticos. Serão promovidos eventos gastronômicos e capacitação, para melhorar o atendimento e a recepção dos turistas.
Administrador regional do Distrito de Outeiro, dentro de Belém, Maikenn Souza afirma que tem sido feito um intenso trabalho para melhorar o potencial turístico das ilhas da capital. Do total existente em Belém, 26 são coordenadas pela sua administração e, segundo ele, três se destacam: Combu, Cotijuba e Outeiro. “Pelo menos 60% da população, nos veraneios e feriados, vão às praias de Outeiro e Cotijuba, e uma parcela vai ao Combu com frequência, principalmente turistas de fora. Com essa parceria, temos desenvolvido muito o Combu, que se tornou destaque em relação à gastronomia. Já Cotijuba é bem rústica, não é permitido carro, isso atrai muita gente, basta atravessar por Icoaraci, dura 40 minutos”, explica.
Com planejamento e ações de fomento ao turismo é possível atrair ainda mais pessoas, na opinião dele, envolvendo ações culturais, valorização dos comerciantes e infraestrutura, preparando portos para atracamento de embarcações, linhas pensadas para os turistas com faixas de estacionamento e outras ideias.
A Prefeitura de Belém informou, em nota enviada à reportagem do Grupo Liberal, que, constantemente, a Belemtur trabalha nos Pontos de Informações Turísticas (PIT’s) oferecendo mapas dos pontos turísticos com a ficha técnica de cada um e, paralelamente, passando informações aos turistas. Foi iniciado em Mosqueiro o trabalho de atendimento ao turista (CAT), que funciona em ponto fechado e ainda pretende-se levar à Ilha de Cotijuba e, posteriormente, a outros locais. A Coordenadora também desenvolve, junto aos alunos das Escolas Municipais, o projeto de levá-los para visitar os principais pontos turísticos da cidade (Turismo na Escola), e o mesmo sistema é feito com as comunidades dos bairros de Belém (Turismo Comunitário). No período do Círio aumentam-se os PIT’s, com o envolvimento dos alunos do Curso de Turismo, para levar o conhecimento dos roteiros históricos do Círio, o circuito do projeto do evento e toda programação.
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