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População de Belém dobrou em 40 anos, aponta IBGE

O elevado crescimento demográfico teve como resultado a crescente precarização nas condições de vida da população, diz professor da UFPA

Dilson Pimentel / O Liberal

Nascida a partir de interesses coloniais no século XVII, Belém passou por aceleradas transformações sociais, econômicas e demográficas nas últimas décadas, como produto da metropolização e da aceleração contemporânea, que induziu intensos movimentos migratórios e acentuado crescimento demográfico, diz o professor doutor Jovenildo Cardoso Rodrigues. Professor da Faculdade de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará, ele afirma que, de um ponto de vista demográfico, até os anos de 1950 o município de Belém possuía uma população de aproximadamente 254 mil habitantes.

A partir dos anos de 1960, o contingente demográfico de Belém salta para 402 mil habitantes, demarcando aceleradas transformações vinculadas ao processo de integração da Amazônia e de Belém, no contexto de modernização do território brasileiro.

Os censos do IBGE das décadas de 1970, 1980 e 2010 foram testemunhas de uma “explosão demográfica” no município de Belém, que saltou de 642 mil habitantes na década de 1970, para aproximadamente 1.400.000 (um milhão e quatrocentos mil habitantes) no ano de 2010, segundo o Censo do IBGE. Líder do Grupo de Pesquisa LACIT (Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Cidades, Territórios e Vulnerabilidades Socioespaciais) e do LAHAM (Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Habitação e Moradia), Jovenildo Cardoso Rodrigues afirma que a estimativa do IBGE para o ano de 2021 afirma que o município de Belém possui em torno de 1.500.000 habitantes.

Diante dessas metamorfoses evidenciadas na cidade da Belém, em que repercute o acelerado crescimento demográfico desta cidade? O professor doutor responde: “O elevado crescimento demográfico teve como resultado a crescente precarização nas condições de vida e de trabalho da população, a expansão das demandas sociais por moradia, elevação de procura por infraestrutura de saneamento, aumento da demanda por esgotamento sanitário, necessidades de mais postos de trabalho, reduzida acessibilidade a equipamentos e serviços urbanos em razão de aumento da procura”.

Em 2019, o salário médio mensal em Belém era de 3,5 salários mínimos; em SP, era de 4,1

Do ponto de vista do trabalho e rendimento, afirmou, os dados do IBGE de 2019 revelam que o salário médio mensal em Belém era de 3,5 salários mínimos, ao passo que em cidades como São Paulo era de 4,1 e Florianópolis, 4,5. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, Belém tinha 39% da população nessas condições em 2019, ao passo que o município de Curitiba apresentou uma população de 26,9 % com essa remuneração. Ainda de acordo com o IBGE, em relação ao número de pessoas assalariadas, Belém possui aproximadamente 407 mil pessoas, seguidas por Ananindeua com 67 mil e Parauapebas com 52 mil pessoas que são assalariadas. Esse fato permite revelar o tamanho e a importância do município e da cidade de Belém no contexto do Estado do Pará.

Jovenildo Cardoso Rodrigues disse ainda que o elevado crescimento demográfico das últimas décadas em direção a cidade de Belém resultou em forte pressão sobre a infraestrutura urbana e elevação de demandas por políticas públicas urbanas. Obras de infraestrutura como o Parque Porto Futuro, o Parque do Utinga, o Complexo feliz Luzitânia, Estação das Docas, dentre outros, constituem espaços importantes para o atendimento de demandas sociais por lazer, elemento importante na vida urbana, acrescentou.

“O poder público Estadual tem efetuado esforço significativo em termos de investimento em infraestrutura e mobilidade urbana e turística, de maneira a tentar sanar as demandas sociais por infraestrutura, moradia”, pontuou. Contudo, afirmou, dada a velocidade das transformações evidenciadas em Belém, novos desafios surgem no cotidiano do habitar e do viver em Belém. “Ao completar 406 anos, Belém é uma cidade enigmática com múltiplas faces, que reluz a beleza de sua gente guerreira e valente, as agruras das dificuldades de muitos dos seus viventes e os desafios crescentes da gestão pública, para a construção de uma cidade, inteligente, saudável e sustentável”, concluiu o professor.

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