Artigo: Belém e nossos 7 sonhos infraestruturantes
Insisto em instigar a sociedade belenense a reagir contra a situação de abandono em que Belém se encontra. Não devemos procurar culpados; acreditem, somos todos responsáveis, mas podemos apresentar propostas. Este é o objetivo deste artigo.
Hoje, a outrora capital da Amazônia está enferma. Manaus, São Luís e Teresina, que no passado admiravam nossa capital, atualmente a olham com desdém. Partindo do pressuposto de que nossa cidade é um ser vivo, o diagnóstico é que Belém está em uma profunda depressão. Nada resiste a um abandono de 30 anos. Fingimos nos importar com o fator social e esquecemos o fator econômico: Belém não tem renda, sua arrecadação é pífia e depende dos favores do Estado.
Se fizermos uma autocrítica, há anos falamos da necessidade de alternativas para a entrada e saída rodoviária de Belém. Não se pode viver estrangulado usando apenas uma rodovia; esquecemos nossos rios, passamos a acreditar que a inércia é desenvolvimento. Belém é a capital do “já era”, “já foi”, “já teve”; vivemos do passado, criticamos o presente e não planejamos o futuro.
Não há desenvolvimento sem infraestrutura logística. Para isso, precisamos ousar e sair da bolha se desejarmos recuperar o destaque que a Cidade das Mangueiras merece. Imbuídos dessa missão, utilizamos a força de nossas Entidades e promovemos reuniões com professores especialistas de nossas universidades, sindicatos patronais e de trabalhadores, empresas, estudantes, pessoas de todas as idades, uns de forma direta e outros de forma transversal.
Desta coletânea de opiniões e ideias escolhemos sete propostas que passamos a explanar e levar ao conhecimento dos mais diversos atores: A maioria gostou das propostas, alguns perguntaram se seria possível realizá-las, os mais céticos disseram que é um sonho impossível. Sugeri que a discussão sobre elas fosse aberta para toda a sociedade, e lembrei do trecho de uma música da minha juventude, “Prelúdio”, de Raul Seixas: “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”.
Determinados, estamos levando ao conhecimento público sete sonhos infraestruturantes para Belém na esperança de que, juntos, possamos sonhar para tornar realidade.
1. Complexo Ilha das Onças - Composto por uma ponte sobre a Baia de Guajará, ligando Belém à Ilha das Onças; uma rodovia ligando as duas margens; e uma ponte ligando a Ilha das Onças ao continente na localidade de Cafezal, tornando a ligação do porto de Vila do Conde à Belém algo em torno de 40 km.
No interior da ilha, futuramente, seria construído o novo aeroporto do Pará.
Na margem em frente a Belém, a construção imediata de um novo porto aproveitando o extraordinário calado existente, com prioridade para navios turísticos, navios de contêineres e de combustíveis, desafogando o porto de Vila do Conde, resolvendo o problema do porto de Miramar e transformando o estuário do rio Pará em um megacomplexo portuário.
2. Redirecionar o crescimento urbano de Belém para suas Ilhas:
a) De imediato, construir uma nova ponte ligando Icoaraci à Ilha de Caratateua (Outeiro). Posteriormente, construção de uma ponte interligando as ilhas de Caratateua e Mosqueiro.
b) Incentivar a instalação de hotéis, pousadas e restaurantes em algumas de nossas dezenas de ilhas que circundam Belém.
3. Urgenciar as ligações rodoviárias com modernos transportes metroviários de superfície - ou seja, através de trens em monotrilhos com vagões invertidos para transporte em massa de passageiros. Sobre essa ideia, a UFPa, sob o comando do professor doutor Hito Braga de Moraes, já possui um pré-projeto. Nossas entidades se colocam à disposição para discutir a aplicação deste modelo de transporte em Belém.
4. Construção do acesso rodoviário sul a Belém - Rodovia já projetada, denominada de Rodovia da Liberdade. Inicialmente, ligando a Avenida Perimetral, em frente à estação da Eletronorte, até a Alça Viária. Futuramente, ligando até Castanhal.
5. Construção do acesso rodoviário norte a Belém - Rodovia ligando Icoaraci, passando pelos distritos industriais de Icoaraci e Ananindeua, chegando à Rodovia BR 316, na curva do Cupuaçu, denominada Rodovia Transindustrial. O anteprojeto encontra-se em nossas mãos.
6. Restauração do Centro Comercial de Belém, bem como o ordenamento do patrimônio histórico e o incentivo à implantação de um corredor turístico em nossa orla do Ver-o-Rio até o Portal da Amazônia.
7. Localização da 2ª Esquadra da Marinha do Brasil no Estado do Pará - A ideia seria a localização em uma de nossas ilhas. Existem 3 propostas:
1ª proposta: Ilha de Caratateua (Outeiro), mais precisamente no porto da Sotave.
2ª proposta: Ilha de Marajó; na contracosta, município de Chaves.
3ª proposta: Ilha dos Guarás; em sua margem oceânica, no município de Gurupá.
Como se verifica, duas destas propostas estão localizadas na embocadura do rio Amazonas. Como a cobiça pela Amazônia vem aumentando exponencialmente, por segurança nacional, se justifica que a 2ª Esquadra da Marinha do Brasil se localize na porta de entrada de nosso Bioma.
Encerro convidando a sociedade belenense a sonharmos juntos para que Belém volte a ser a Cidade Morena da minha juventude, cheia de ritmos, cheiros, sabores, limpa, bela e prazerosa.
José Maria Mendonça é engenheiro, presidente do Centro das Indústrias do Pará (CIP)
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