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Odin: conheça o cão farejador que é o terror do tráfico de drogas na Amazônia

Acompanhado do instrutor Roberto Cesarino, pastor alemão já soma no currículo a apreensão de pelo menos 12 toneladas de drogas

Ana Carolina Matos
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Pelo menos 12 toneladas de drogas apreendidas e mais de 200 pessoas presas: esse é o saldo suntuoso da dupla imbatível Odin e o instrutor Roberto Cesarino. O cão farejador da Receita Federal esteve na capital paraense ao lado do condutor até sábado, dia 22. No período em que esteve em Belém, fez uma série de operações de fiscalização demonstrativas no Aeroporto Internacional de Belém Val-de-Cans - uma delas, acompanhada pela reportagem.

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Na linha de frente do combate ao tráfico de drogas desde que tinha três anos, o cachorro passou por pelo menos um ano de treinamento até ir para as ruas. Hoje com pouco mais de seis anos de idade, Odin é considerado um dos melhores cães farejadores do órgão. "Já ficamos sete dias dentro de um rio esperando um alvo chegar para dar o bote, durante uma operação com a polícia. A gente espera sete dias e ele age em 30 segundos", conta orgulhoso.

"Já ficamos sete dias dentro de um rio esperando um alvo chegar para dar o bote", relembra o instrutor Roberto Cesarino

Apenas no trajeto aéreo em que fez de Manaus, onde atua, para Belém, o animal foi responsável por apreender 10 quilos de drogas que estavam escondidas em uma mala. Na ocasião, o dono da carga ilegal fugiu.  

Servidor da Receita Federal há 20 anos, Cesarino relembra que foi ele quem adestrou o primeiro cão farejador do órgão. "Na época não tinha nem o programa de cães de faro. Criou-se o programa depois. O primeiro cão com quem atuei foi em 2008", conta. Os animais escolhidos pela instituição não são treinados desde filhotes, mas passam por um rígido treinamento no Centro Nacional de Cães de Faro da Receita Federal do Brasil, instituído no final de 2009, em Vitória. De lá, os animais são distribuídos para todo o país.

Apenas cães com uma aptidão já percebida são treinados e se tornam ferramentas essenciais nas fiscalizações. Segundo o instrutor, o primeiro passo é que o cão tenha alguma fissura que possa ser instigada em algum brinquedo e tenha o perfil de caçador.  "A gente ensina a associar o que ele tá procurando ao brinquedo. O animal tem que achar um conjunto de odores que a gente introduziu pra essa associação", comenta.

Apesar da intensa rotina de trabalho, Cesarino explica que nos dias de folga, Odin é como qualquer outro cachorro. "Fora do trabalho, ele não leva uma vida de cão de trabalho, ele leva uma vida de cachorro comum. Ele brinca, come, corre, nada, apronta. Se confundir os ambientes onde ele mora e onde trabalha, pode estragar o cão", explica.

image Odin e o instrutor Roberto Cesarino: atuação que já rendeu na apreensão de quase 12 toneladas de entorpecentes (Thiago Gomes/ O Liberal)

Rios Amazônicos: a principal rota de ação

Apesar do animal levar o nome do deus mais poderoso da cultura nórdica, é nos rios Amazônicos que o cão farejador faz suas maiores apreensões. A especificidade da região é mais uma habilidade de Odin. Na capital manauara, o pastor alemão foi responsável por encontrar mais de três toneladas de entorpecentes de uma só vez. A carga ilegal estava escondida dentro de uma embarcação.

"É onde a gente pega mais droga, nos rios da Amazônia", revela o instrutor

Além do treinamento comum, um cão farejador que atua na Amazônia precisa ser familiarizado com as ações dentro dos veículos que cortam os rios do Norte do país. "Nós ensinamos ele a fazer as buscas em carro, em aeroporto, em ônibus. São buscas diferentes. Aqui na nossa região, a gente tem uma característica um pouco diferenciada, que são os barcos. Esses animais não são previamente preparados pra trabalhar nesses ambientes. O condutor tem que adaptar isso e ensinar. Aí realmente fica completo. É onde a gente pega mais droga, nos rios da Amazônia. É um rota muito usada", detalha Cesarino.

O instrutor explica que no tráfego aéreo a frequência de tráfico é mais frequente, mas é pela rota hidroviária que as maiores quantidades de drogas costumam ser transportadas. "Em aeroporto, por exemplo, o que ocorre é que as quantidades são relativamente pequenas: 10, 12, 15 quilos, mas as frequências são muito altas. Nos rios, não. A gente, quando bate, bate uma tonelada. Em abril, ele pegou 2,7 mil quilos de drogas. Duas toneladas em uma (embarcação), 600 em outra e mais 100 e poucos quilos em outra. Foi um mês que eu estava fazendo um desafio pra mim mesmo e nós pegamos drogas todos os dias, de domingo a domingo, em todas as semanas", detalha.

Faro apurado: diversidade de substâncias

Outro mérito de Odin é o leque de substâncias identificadas por ele. Entre as drogas que estão no raio do faro do pastor-alemão, estão maconha comum e skunk, haxixe, cocaína e drogas sintéticas como LSD e NBOMe, conhecido também como "N-bomb” ou "Smiles". 

"Qualquer coisa que tenha odor característico, nós podemos associar para o treinamento. Já treinamos cães para achar dinheiro também, mas cão pode pegar explosivo, cadáver, pessoas desaparecidas. No caso dele, treinamos apenas para drogas, mas o Odin tem a característica de pegar quase todo o espectro de droga. Cocaína, maconha, metanfetamina, droga sintética. Tudo", detalha.

"Se não for o cão, simplesmente não consegue", declara

Alguns entorpecentes, inclusive, só são apreendidos por conta do apoio canino. "Há 15 dias pegamos 15 mil pontos (drogas sintéticas) dentro de um envelope. É fácil de transportar, difícil de ver a imagem. Se não for o cão, simplesmente não consegue", detalha.

E quando qualquer substância cruza o caminho do cão, a acusação é certeira. Segundo o condutor do animal, o principal indício de entorpecentes no local é quando Odin "quebra o pescoço" durante uma fiscalização. "Eu já sei que é só deixar ele trabalhar que ele vai achar o ponto. Nós treinamos os cães pra dar sinal no ponto onde está a droga. Ele entra, pega o cone de odor. O odor se dispersa, então ele sente no ar, mas não sabe onde está. Aí você tem que entender o sinal do cachorro. Ele fareja literalmente no ar até encontrar o ponto onde tá exalando", explica Cesarino.

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