De Pires na mão, Goeldi pode fechar

Corte no Orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia ameaça instituição que tem a missão de mapear a biodiversidade da Amazônia

Rita Soares| Conexão AMZ
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Cartão postal de Belém, símbolo da biodiversidade da Amazônia e importante centro de pesquisa, o Museu Paraense Emílio Goeldi está, mais uma vez, de pires na mão e corre o risco de ser obrigado a suspender a visitação do público ao Parque Zoobotânico na avenida Magalhães Barata, na capital paraense. 
O Goeldi é uma das vítimas do contingenciamento de 42,27% das despesas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC), anunciado há duas semanas pelo governo federal. 
Na semana passada, o reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), o professor doutor  Emmanuel Zagury Tourinho lamentou os cortes e avaliou os impactos para o desenvolvimento da Ciência na Amazônia Corte na ciência aumenta penúria das pesquisas na Amazônia
Em entrevista à Conexão AMZ, a diretora geral da Instituição,  Ana Luisa Alberna, confirmou que, se o quadro não mudar, não haverá como manter os serviços terceirizados como limpeza e segurança. 

image Diretora geral do Goeldi diz que o parque pode fechar (Rita Soares)


Ainda se recuperando da grave crise que sofreu em 2017, o Goeldi foi informado que, por conta do contingenciamento geral imposto ao Ministério, sofrerá, neste ano, corte de 25% nos recursos para manutenção. Deveria receber R$ 15 milhões, mas o previsto caiu para R$ 11 milhões. Com isso, pode ter que suspender parte das atividades, a partir de outubro. 
“Não temos possibilidade de manter o parque com a redução desses contratos. Em 2017, tivemos roubos, invasão, casos de dengue no campus por falta de limpeza”, lamenta.          

Pesquisa Ameaçada 
Embora a parte mais conhecida do Goeldi seja o parque aberto à visitação na avenida Magalhães Barata, o Museu Paraense é uma instituição de pesquisa reconhecida internacionalmente. É formada por quatro unidades: o campus de pesquisa (na avenida Perimetral ) e o parque zoobotânico, ambos em Belém, além da Estação de Pesquisa Ferreira Pena na Floresta Nacional de Caxiunã  (a mais antiga Floresta Nacional na Amazônia Legal, no município de Melgaço) e o campus avançado Pantanal, em Cuiabá.
A instituição tem pesquisas nas áreas de Botânica, Linguística, Arqueologia, História, entre outras. Uma das missões do Goeldi é mapear a biodiversidade da Amazônia. 
Nos últimos quatro anos, os pesquisadores da instituição conseguiram identificar e catalogar 301 novas espécies. A lista reúne  fungos, plantas, insetos, peixes, anfíbios, répteis e  mamíferos, além de fósseis.
A média foi de 60 novas espécies identificadas por ano, mas o processo é longo e exige expedições a campo, cada vez mais raras diante da grave crise financeira porque passa a ciência no País. Para a região, os cortes no orçamento da  Ciência causam prejuízos incalculáveis. “Sem pesquisas, perdermos nossa capacidade de entender as mudanças ambientais que têm sido intensas; perdermos a capacidade de gerar produtos novos, baseados nos ativos da biodiversidade, perdemos o entendimento dos povos tradicionais da Amazônia. A região é muito grande e, com pouca gente, podemos fazer muito pouco”, diz Ana Luisa Alberna 

 

Coleções são tesouro a ser preservado 

image Coleções Emílio Goeldi (Rita Soares)

 

O  Museu Paraense Emílio Goeldi é o segundo mais antigo do País. Perde apenas para o Museu Nacional, destruído por um incêndio no ano passado. Com quase 152 anos de História, o Goledi  guarda 19 coleções científicas que somam mais de 4,5 milhões de peças, algumas raríssimas como um ponta de flecha que pode  datar de mais de 5 mil anos.
 As coleções zoológicas do Museu Goeldi são outro tesouro  e guardam  milhares de amostras de espécies animais  vertebrados e invertebrados, retrato da riqueza da biodiversidade Amazônica e resultado de mais de um século de pesquisas.
O incêndio no Museu Nacional causou comoção nacional e os olhares do país se voltaram para a instituição  do Pará. A comoção, porém, não se reverteu em ações concretas nem do poder público, nem da iniciativa privada. Nenhum real foi destinado até agora para ações preventivas. “Houve muita cobrança de órgãos como Corpo de Bombeiros e Ministério Público, mas não recebemos ajuda”, diz a diretora.

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