Universidade concede diploma póstumo a estudante de medicina morto por policial militar
O jovem foi alvejado na barriga na madrugada do dia 20 de novembro de 2024, na porta de um hotel em Vila Mariana, zona sul de São Paulo
A Universidade Anhembi-Morumbi concedeu um diploma póstumo ao estudante de Medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, que foi morto por um policial militar em novembro de 2024.
A homenagem foi feita durante a colação de grau da turma de Marco Aurélio, na sexta-feira passada, 28 de novembro, no edifício Bunkyo, no centro de São Paulo. Os pais de Marco Aurélio, Julio Cesar Acosta Navarro e Silvia Cárdenas Prado, receberam o diploma em nome do filho com muitos aplausos dos presentes. Tanto Julio quanto Silvia são médicos.
O caso
Marco Aurélio tinha 22 anos quando foi morto pelo policial Guilherme Augusto Macedo. O jovem foi alvejado na barriga na madrugada do dia 20 de novembro de 2024, na porta de um hotel em Vila Mariana, zona sul de São Paulo.
Macedo e outro policial, Bruno Carvalho do Prado, estavam fazendo ronda de rotina pela Vila Mariana, quando Acosta passou caminhando sem camisa e deu um tapa no retrovisor da viatura. Os dois policiais saíram em perseguição a ele, que tentou entrar em um hotel onde estava hospedado com uma mulher. Mas, àquela hora, a porta do estabelecimento estava fechada, e o estudante, desarmado, foi encurralado pelos policiais. Macedo atirou à queima-roupa e Acosta morreu.
Em vídeo gravado pelas câmeras corporais dos dois policiais, é possível ver o universitário falando "Tira a mão de mim! Tira a mão de mim!" repetidas vezes aos dois policiais militares, de acordo com o relatório final do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Em relatório final de inquérito, o delegado Gabriel Tadeu Brienza Vieira, do DHPP, afirmou que o uso de arma de fogo no caso "não se mostrou legítimo", uma vez que "a vítima estava visivelmente sem armas e não estava em atitude que pudesse representar risco de morte ou lesão a guarnição policial ou terceiros".
O Ministério Público indiciou Macedo e Prado por homicídio doloso (intencional). Recentemente, a juíza Luciana Menezes Scorza, da 4ª Vara Criminal do Júri da capital, negou pedido de prisão preventiva para o policial, mas aceitou a denúncia do MP (o que significa que o caso começará a tramitar), e determinou que Macedo cumpra medidas cautelares.
Macedo está proibido de manter contato com familiares da vítima, deve se apresentar mensalmente em juízo, precisa manter seu endereço atualizado perante a Justiça, não pode se ausentar por mais de oito dias da comarca onde mora e está proibido de frequentar bares e festas.
Segundo a juíza, os elementos da investigação "não evidenciam periculosidade social do denunciado nem risco por seu atual estado de liberdade, a ensejar a medida extrema neste momento processual". O policial "encontra-se designado para funções administrativas, exercendo outras atividades diferentes da operacional, fiscalizado por seu comando, de modo que a garantia da ordem pública se encontra preservada e a possibilidade de reiteração criminosa, afastada", considerou a magistrada.
O advogado dos policiais, João Carlos Campanini, afirmou ao Estadão que buscará demonstrar à justiça que Macedo e Prado atuaram dentro da legalidade, e disse que, enquanto isso, eles seguem desempenhando suas funções na PM aguardando a conclusão do processo.
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