Sobe para 5 o número de policiais mortos em megaoperação no Rio
Após mais de três semanas internado, morreu no fim da madrugada deste sábado, 22, o policial civil Rodrigo Vasconcellos Nascimento, lotado na 39ª Delegacia de Polícia do Rio (Pavuna), segundo confirmação da Polícia Civil.
Com isso, sobe para cinco o número de policiais mortos em decorrência da Operação Contenção, deflagrada pelas forças policias cariocas no fim de outubro nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio.
Ao todo, ao menos 122 morreram em decorrência da operação, considerada a mais letal da história do Estado. Os principais alvos da incursão, como Edgar Alves de Andrade, o "Doca", não foram capturados.
"Mais uma vez, sentimos a dor de perder um dos nossos em decorrência da violência praticada por terroristas que afrontam o Estado e colocam a população em risco", escreveu a Polícia Civil, em nota publicada nas redes sociais. "Rodrigo honrou a nossa instituição."
Segundo a polícia, a coragem e comprometimento do policial "permanecem como exemplo". "É por ele - e por todos que tombaram em serviço - que não iremos recuar. Nos solidarizamos com familiares, amigos e colegas. Sua ausência jamais será esquecida", disse.
O governador Cláudio Castro (PL) também se manifestou sobre a morte da Nascimento. "Reafirmo meu compromisso de seguir firme no enfrentamento a esses criminosos que espalham medo e sofrimento, sem recuar um centímetro", escreveu.
O objetivo da Operação Contenção, alvo de críticas por pesquisadores, era combater o avanço territorial do Comando Vermelho (CV) nas comunidades do Rio.
Como mostrou o Estadão, investigações apontam que lideranças de outros Estados, como Amazonas e Pará, pagam até R$ 150 mil por esconderijos em comunidades da capital fluminense. O investimento inclui uma espécie de escolta armada do tráfico.
Conforme balanço recente enviado pelo governo do Rio ao Supremo Tribunal Federal (STF), 100 pessoas foram presas, 17 delas com mandados de prisão em aberto.
Pesquisadores afirmam que, ainda com as prisões, a operação resultou em efeitos colaterais arriscados para moradores de diferentes regiões, com fechamento de escolas e até a possibilidade de inocentes serem feridos ou mortos em meio a trocas de tiros.
A Defensoria Pública do Rio, ao mesmo tempo, questionou a perícia feita após a operação e afirmou que o governo descumpriu exigências impostas pelo STF para as operações policiais, o que, na avaliação dos defensores, "desperta receio concreto quanto à imparcialidade e consequente fiabilidade das perícias" oficiais.
Quem são os outros policiais mortos na Operação Contenção
Além de Nascimento, a Operação Contenção resultou na morte de outros quatro agentes: dois do Batalhão de Operações Policiais (Bope), da Polícia Militar, e outros dois da Polícia Civil, incluindo um agente que estava havia apenas dois meses na instituição.
Integrantes do Bope, os sargentos Cleiton Serafim Gonçalves, de 42 anos, e Heber Carvalho da Fonseca, 39, faleceram após serem atinigodos em confronto. Os dois foram encaminhados ao Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiram.
Segundo o Bope, Serafim, que havia ingressado na corporação em 2008, foi baleado na região do abdômen. "O sargento Serafim dedicou sua vida ao serviço público, honrando a farda com coragem, lealdade e compromisso inabalável com a segurança da sociedade", afirmou o batalhão. Ele deixou esposa e uma filha.
A instituição também lamentou a morte de Fonseca, que ingressou na corporação em 2011. "Sua ausência será sentida por todos que tiveram a honra de conhecê-lo", diz o texto. Ele deixou esposa, dois filhos e um enteado.
Os policiais civis, além de Nascimento, também morreram durante a operação. Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara, foi baleado e encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos. Carvalho chefiava o setor de investigações do 53ª DP (Mesquita).
O policial Rodrigo Velloso Cabral, 34, lotado no 39ª DP (Pavuna), também morreu logo após chegar ao hospital. A delegacia da Pavuna fica localizada em uma das áreas mais violentas da capital. Ele estava havia apenas dois meses na instituição.
*Colaborou Adriana Victorino
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