Sabesp pode adotar reúso de água tratada de estações de esgoto como medida de segurança hídrica
O reúso de água tratada vinda de estações de esgoto é uma das estratégias em desenvolvimento pela Sabesp para reforçar a segurança hídrica. A agenda ganha força em meio às preocupações com baixos níveis de reservatórios no Estado de São Paulo.
Esse reúso é chamado de "recargas de mananciais". A expectativa é que a iniciativa entre em vigor em até dois anos, segundo o diretor-executivo de Engenharia e Inovação da Sabesp, Roberval Tavares.
Após tratamento, a água não retorna aos mananciais com uma qualidade potável, mas no mesmo nível dos rios que compõem os sistemas de abastecimento, segundo o executivo. "Após passar por tratamento e polimento, essa água retorna ao ciclo regenerada", explicou em evento promovido a jornalistas nesta quinta-feira, 2.
A diretora-executiva de Operação e Manutenção da Sabesp, Débora Longo, ressaltou que o Estado de São Paulo não tem mais mananciais de grande porte a serem explorados. "A grande solução seria esse instrumento de recarga dos mananciais", disse.
No longo prazo, a Sabesp está estudando cinco intervenções para somar até 9,4 mil litros por segundo de água bruta e mais 6 mil litros/segundo de água tratada ao sistema de abastecimento da capital e Grande São Paulo. Entre elas, a captação no rio Guaió, em Suzano; três estações de recarga de mananciais, beneficiando os sistemas Guarapiranga, Alto Cotia e Alto Tietê; e a transferência de água da bacia do Paraíba do Sul para o Sistema Alto Tietê.
Escassez hídrica e melhorias
O Sistema de Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) tem atingido os menores níveis desde 2015. Mesmo com as chuvas recentes, os indicadores apresentam quedas contínuas. Nesta quinta-feira, 2, o volume total do sistema integrado era de 33%, 0,2 ponto porcentual menor do que na véspera.
Débora Longo avalia que a situação hídrica atual é de alerta. Ainda assim, um racionamento não está no radar. "Somos muito contrários a isso", reforçou, destacando que os sistemas estão mais resilientes após as melhorias e obras desde a grave crise enfrentada pelo Estado entre 2013 e 2015.
Para a executiva, as obras de integração do sistema estão entre os principais avanços. "Com as melhorias, conseguimos autonomia para fazer essa "dança das águas", que permite a transferência entre diferentes sistemas. Ganhamos em gestão e integração", acrescentou.
Entre as melhorias dos últimos anos, destacou o novo Sistema São Lourenço e a interligação Jaguari-Atibainha. O orçamento da Sabesp para segurança e resiliência hídrica é de R$ 625 milhões em 2025. Até agosto, foram aportados R$ 298 milhões. A expectativa é que o número chegue a R$ 1,9 bilhão em um futuro próximo.
Os projetos em desenvolvimento incluem a modernização e ampliação de Estações de Tratamento de Água (ETA), assim como a integração de sistemas e resiliência hídrica. A criação de novos reservatórios regionais e mais bombeamento também estão nos planos.
Medidas já anunciadas
A mitigação da escassez hídrica passa ainda por medidas mais imediatas. A primeira delas foi a redução de pressão de água durante a madrugada, que começou com oito horas há cerca de um mês e foi ampliada para 10 horas por determinação da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp).
A diminuição do volume de água retirado do Sistema Cantareira também está na lista. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e a Agência de Águas do Estado de São Paulo (SP Águas) reduziram o volume autorizado de 31 m?/s para 27 m?/s. A Sabesp foi liberada a captar água da Bacia do Rio Paraíba do Sul para suprir a queda no nível.
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