Os cuidados para não cair na desinformação das redes sociais
Em meados de setembro, os primeiros casos de intoxicação por metanol começaram a aparecer na cidade de São Paulo, após as vítimas ingerirem bebidas alcoólicas destiladas. Enquanto as polícias Civil e Federal trabalhavam para investigar como o tóxico se espalhou, nas redes sociais viu-se a exploração do assunto por meio de conteúdos falsos.
A tendência de desinformação mais comum observada pela equipe de checagem do Estadão foi a de disseminar que outros alimentos estariam contaminados com o metanol. O Verifica recebeu e identificou publicações de conteúdos que afirmavam que itens como café, Coca-Cola e leite em caixa estariam contaminados com o tóxico. Todas essas alegações foram negadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
Nos casos descritos, os vídeos usam inteligência artificial para distorcer imagens e simular notícias sobre intoxicações. O Verifica encontrou até mesmo anúncios de venda de supostos "canudos antimetanol" que levavam à aplicação de golpes virtuais.
PROTEÇÃO. O professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Antônio Jaeger afirmou que, diante de uma ameaça real, como a do metanol, é natural que o medo e a ansiedade ganhem espaço. "A facilidade de acreditar em desinformação é um efeito de proteção do ser humano."
Pesquisadores de desinformação apontam que outros fatores psicológicos entram em jogo em períodos de vulnerabilidade. Geralmente, as pessoas querem encontrar maneiras mais simples de resolver problemas complexos. Outro comportamento comum é pensar no automático e fazer julgamentos rápidos. Tudo isso favorece o risco de cair em desinformação. (MILKA MOURA, GIOVANA FRIOLI, GABRIEL BELIC, LUCIANA MARSCHALL, ARIEL FREITAS, CLARISSA PACHECO, BERNARDO COSTA E MARIA EDUARDA NASCIMENTO)
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