IBGE: Servidores repudiam trocas de Pochmann por recém-concursados em gerências de comunicação
Servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgaram uma nota de repúdio à substituição de quatro gerentes da área de comunicação social por concursados recém-aprovados no último concurso público, que ingressaram no instituto apenas em julho de 2025 e ainda estão em estágio probatório.
A nota sobre as exonerações foi divulgada nesta segunda-feira, 17, na intranet pela presidência do IBGE, ocupada por Marcio Pochmann. Os trabalhadores acusam a atual gestão de usar o órgão como um "aparelho personalista". Para eles, as exonerações foram uma retaliação a denúncias do corpo técnico e pode levar à desarticulação da comunicação social do instituto.
Em comunicado aos servidores assinado pela Presidência, a administração Pochmann anunciou que a gestão dos canais do IBGE nas redes sociais ficará sob a responsabilidade da Coordenação-Geral de Comunicação Social, tendo à frente os servidores Lorenzo Mello e Adriano Monteiro Marques de Souza em substituição a Diana Souza e Ana Laura Azevedo. A Gerência de Comunicação Social da mesma coordenação será comandada pelos servidores Marcos Filipe da Silva Sousa e Sheila Machado de Assis Ferreira em substituição a Adriana Saraiva e Irene Cavaliere Gomes. Todos os quatro novos gerentes ingressaram no IBGE em julho de 2025.
"Nesta segunda-feira, 17/11, a atual gestão do IBGE exonerou quatro gerentes da área de comunicação social do instituto, cada um deles com mais de uma década de experiência na assessoria de imprensa do IBGE e participação ativa em inúmeras divulgações. Para substituí-los nessas quatro gerências, foram nomeados quatro servidores recém aprovados no último concurso público, que ainda estão em estágio probatório e não têm sequer quatro meses de casa", queixaram-se servidores da Comunicação Social do IBGE, em nota de repúdio assinada por dezenas de profissionais também de outras áreas.
No texto, os trabalhadores alegam que nomear servidores ainda nos meses iniciais da carreira é "apenas mais um gesto autoritário da atual direção, pois quem está em estágio probatório é mais vulnerável".
"Isto, inclusive, é um fator de risco para a idoneidade e a imparcialidade que devem pautar nossas divulgações", frisou a nota dos servidores.
O comunicado dos trabalhadores defende que a área de comunicação social do IBGE é estratégica para a instituição e para o País, responsável por mais de 200 divulgações todos os anos, incluindo dezenas de pesquisas socioeconômicas, desde a taxa de desemprego até o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que subsidiam políticas públicas nas três esferas de governo e influenciam o mercado financeiro.
"O respeito que conquistamos junto à sociedade brasileira não é compartilhado pela atual gestão do IBGE, que vem usando o instituto como um aparelho personalista. Isso foi denunciado pelos profissionais de comunicação desta casa, ainda em janeiro de 2025. Hoje, entendemos que as exonerações são uma retaliação àquelas denúncias e uma forma de nos afastar definitivamente da gestão da comunicação social do instituto. Tal medida, além de profundamente desrespeitosa, é insustentável. Uma de suas possíveis consequências seria a desarticulação da comunicação social do IBGE", alertam os servidores.
A gestão de Marcio Pochmann tem sido marcada desde o início por diferentes embates com trabalhadores do instituto. No último dia 21 de outubro, dezenas de servidores participaram de um ato no Rio de Janeiro em protesto contra a mudança no estatuto proposta pela atual gestão. A manifestação foi convocada pelo sindicato nacional dos servidores do IBGE, o Assibge-SN. Os participantes carregaram faixas e cartazes contra a proposta do conselho diretor de um novo estatuto para o IBGE, alegando que as mudanças concentrariam mais poder na direção do órgão e resultariam em uma menor participação dos servidores. Os trabalhadores defenderam ainda o IBGE como órgão de Estado, patrimônio do País, com compromisso público, autonomia técnica e orçamentária.
A mudança no estatuto já tinha acarretado a divulgação de um documento de rejeição à proposta, assinado por mais de 70 gerentes e coordenadores da diretoria de Pesquisas do IBGE, entre eles os profissionais responsáveis pelas principais pesquisas e indicadores econômicos produzidos pelo órgão, como Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais; Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios; e Flavio Magheli, coordenador de Estatísticas Conjunturais em Empresas. A minuta do novo estatuto também foi rejeitada em documento pelas Coordenações, Gerências e Gabinete da Diretoria de Geociências do IBGE, assinada por outros 52 servidores em postos de liderança. No texto, os servidores manifestam "firme posição contrária", mencionando "contrariedades e disfunções na proposta, que reforçam a necessidade de uma revisão profunda e de um processo mais amplo e participativo de discussão".
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