Guia deixou Juliana sentada em trilha e se afastou para fumar, diz pai da publicitária
O laudo da autópsia indica que Juliana morreu por hemorragia interna cerca de 20 minutos após a queda.

O pai da publicitária brasileira Juliana Marins contou ao Fantástico, da TV Globo, que conversou com o guia que acompanhava sua filha na trilha do Monte Rinjani, na Indonésia, onde ela caiu e morreu na semana passada. Segundo ele, o guia relatou que se afastou por cinco a dez minutos para fumar e, nesse intervalo, Juliana caiu.
"Juliana falou para o guia que estava cansada, e o guia disse: 'Senta aqui, fica sentada'. Ele nos contou que se afastou por cinco a dez minutos para fumar. Para fumar! Quando voltou, não a encontrou mais. Isso foi por volta das 4h. Ele só a avistou novamente às 6h08, quando gravou um vídeo e enviou ao chefe dele", relatou Manoel Marins ao Fantástico.
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Após o aviso do guia, a brigada de primeiros socorros do Parque Nacional do Monte Rinjani foi acionada, mas só iniciou a subida por volta das 8h30. A equipe chegou ao local do acidente às 14h e, segundo o pai de Juliana, "o único equipamento que eles tinham era uma corda".
"Jogaram a corda na direção da Juliana. Depois, no desespero, o guia amarrou a corda na cintura e tentou descer sem ancoragem", contou Manoel. Ao perceberem que não conseguiriam resgatar a brasileira sozinhos, as autoridades acionaram a Defesa Civil da Indonésia (Basarnas).
A equipe do Basarnas chegou ao local às 19h do mesmo dia. No entanto, devido à instabilidade climática e à chegada da noite, o resgate foi adiado. Segundo o governo da Indonésia, não havia visibilidade suficiente para o uso de helicópteros, devido às nuvens e ao tempo instável.
No dia seguinte, também não foi possível acessar a publicitária, que havia deslizado ainda mais — de 300 metros para 500 metros de profundidade desde o ponto da queda. Apenas quatro dias depois, com a ajuda de alpinistas voluntários, os socorristas conseguiram chegar até ela, mas Juliana já estava morta.
Autópsia
O laudo da autópsia indica que Juliana morreu em decorrência de uma hemorragia interna, cerca de 20 minutos após uma das quedas que sofreu. A estimativa é de que ela tenha morrido entre 12 e 24 horas antes do resgate alcançá-la.
"Os culpados, no meu entendimento, são o guia, que deixou Juliana sozinha para fumar e, por 40 ou 50 minutos, tirou os olhos dela; a empresa que vende os passeios, porque esses passeios são vendidos em banquinhas como se fossem trilhas fáceis de fazer; mas o primeiro culpado, que considero o maior, é o coordenador do parque. Ele demorou a acionar a Defesa Civil", afirmou Manoel Marins ao Fantástico.
A equipe do Basarnas justificou que o resgate não foi possível antes por conta das condições climáticas adversas e do terreno instável do vulcão, que também teria contribuído para o deslizamento da vítima.
Nota do Parque Nacional
“Expressamos profundo pesar pelo falecimento de Juliana de Souza Pereira Marins, uma alpinista do Brasil que morreu em uma trilha do Parque Nacional do Monte Rinjani. Oferecemos nossas mais profundas condolências à família, amigos e colegas da vítima. Que tenham força e perseverança para enfrentar esta tragédia.”
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