Governo Lula anuncia 10 novas reservas indígenas após protestos na COP 30

Um dos protestos terminou com uma tentativa de invasão da área onde ocorrem as negociações da conferência

Estadão Conteúdo
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O governo federal anunciou nessa segunda-feira, 17, a demarcação de dez territórios indígenas após uma série de manifestações em Belém, onde é realizada a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP 30). Um dos protestos terminou com uma tentativa de invasão da área onde ocorrem as negociações da conferência, o que resultou em cobrança da ONU por mais segurança e ampliação da vigilância no local.

Os territórios demarcados estão distribuídos por Pará, São Paulo mais cinco Estados, e incluem povos como os Munduruku, Tupinambá e Guarani-Kaiowá (veja a lista mas abaixo). Estudos têm mostrado a contribuição de reservas indígenas na proteção de biomas, especialmente a Amazônia. Após a demarcação, oficializada pelos ministérios da Justiça e dos Povos Indígenas, a conclusão do processo depende da homologação pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A criação de reservas indígenas foi uma promessa de campanha de Lula, uma vez que seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), paralisou as demarcações entre 2019 e 2022. No ano passado, o governo já havia reconhecido a posse permanente indígena de 11 territórios. A ausência de novos anúncios de demarcações nos eventos de abertura da COP havia frustrado movimentos indígenas nos últimos dias.

As terras indígenas ocupam 13,8% do território nacional. "Talvez ainda seja pouco", afirmou Lula na semana passada. "É fundamental reconhecer o papel dos territórios indígenas e de comunidades tradicionais nos esforços de mitigação. No Brasil, mais de 13% do território são áreas demarcadas para os povos indígenas", acrescentou o presidente.

Por outro lado, a falta de estrutura nas terras indígenas tem dificultado a permanência dos povos tradicionais nessas reservas e levantado questionamentos sobre a estratégia da demarcação. Estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste mês revelou que a maior parte (53,52%) dos indígenas que vivem na Amazônia Legal não mora em terras demarcadas.

Um dos símbolos das condições precárias das reservas indígenas tem sido o território Yanomami - o maior do País, na fronteira de Roraima com a Venezuela -, onde as comunidades sofreram, ao longo de anos, com malária, desnutrição e garimpo ilegal.

No âmbito da Forest & Climate Leaders Partnership (FCLP) - uma iniciativa criada por governos de diversos países na COP de 2021, em Glasgow - foi firmado neste ano o compromisso de reconhecer e demarcar 160 milhões de hectares de terras indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes até 2030. O Brasil responde por 63 milhões de hectares dessa meta.

  • Tupinambá - Entre as cidades de Ilhéus, de Buerarema e de Uma, na Bahia
  • Vista Alegre - No Amazonas, nos municípios de Careiro do Castanho e de Manaquiri
  • Comexatiba - Prado (BA), onde fica o território Comexatiba (Cahy-Pequi), abriga o povo Patax
  • Ypoi Triunfo - No município de Paranhos (MS)
  • Sawre Bapim - Abriga o povo Munduruku, no município de Itaituba (PA)
  • Pankará - Em Pernambuco, no município de Carnaubeira da Penha, está o território indígena Pankará da Serra do Arapuá
  • Sambaqui - No município Pontal do Paraná está situada a terra indígena Sambaqui, habitada pelo povo Guarani-Mbya
  • Kaaguy Hovy - Na cidade da Iguape (SP), o povo Guarani-Mbya vive na terra indígena Kaaguy Hovy
  • Pakurit - Habitado pelo povo Guarani-Mbya, o território indígena Pakurity, no município de Cananéia (SP), foi demarcado
  • Kaaguy Mirim - Ainda em São Paulo, nos municípios de Miracatu e de Pedro Toledo, o povo Guarani-Mbya teve o território Kaaguy Mirim demarcado
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