Governo libera R$ 516,2 bi para nova safra, mas juros podem chegar a 14% ao ano
O Plano Safra 2025/26 também amplia o escopo de financiamento para ações sustentáveis

O Plano Safra 2025/26 vai oferecer um total de R$ 516,2 bilhões em financiamentos para médios e grandes produtores agrícolas — um aumento de 1,5% em relação à safra 2024/25, que disponibilizou R$ 508,6 bilhões. Apesar do volume recorde, o governo elevou as taxas de juros do crédito rural entre 1,5 e 2 pontos percentuais. As novas taxas variam de 8,5% a 14% ao ano nas linhas de custeio e investimento.
Na safra anterior, os juros oscilavam entre 7% e 12% ao ano. A alta foi considerada "inevitável" pelo governo diante do aumento da Selic, que passou de 10,5% para 15% ao ano desde o ano passado.
A elevação das taxas gerou reação imediata do setor. "Essa alta da taxa de juros está custando mais de R$ 58 bilhões aos produtores rurais. Esse é o recorde apresentado pelo governo", criticou o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), em referência às promessas de recursos inéditos para o setor.
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Lupion atribuiu a alta da Selic ao que chamou de "descontrole fiscal" do Executivo. “Juros são reflexo da inflação persistente, de expectativa desancorada (fora da meta do Banco Central) e do aumento das preocupações fiscais. Com crescimento dos gastos públicos sem cortes efetivos, o crédito encarece e os preços dos alimentos sobem”, afirmou. “A solução passa por mudanças estruturais.”
A Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso) também criticou a elevação dos juros, classificando as taxas como “praticamente inacessíveis”. Em nota, a entidade afirmou que os recursos disponíveis para contratação deverão ser, na prática, inferiores aos da safra anterior. “Temos menos dinheiro disponível para contratar”, disse o presidente da associação, Lucas Costa Beber.
Durante o anúncio oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo pretende consolidar o Brasil como um “celeiro do mundo”. “Batemos mais um recorde de valor disponível para este Plano Safra Empresarial, mas queremos dar um passo além. Queremos maximizar os ganhos que esses recursos podem gerar para os empresários, a sociedade e, sobretudo, para o nosso País”, disse.
Crédito com LCAs
Os R$ 516,2 bilhões incluem recursos das Cédulas de Produto Rural (CPRs) lastreadas em Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) com direcionamento obrigatório. O governo considera essas operações no montante total devido à isenção fiscal das LCAs destinadas ao crédito rural, o que representa renúncia fiscal e, portanto, uma forma de subvenção pública.
Do total, R$ 414,7 bilhões serão destinados ao custeio e à comercialização, um aumento de 3,34% em relação à safra passada (R$ 401,3 bilhões). Já as linhas de investimento receberão R$ 101,5 bilhões — queda de 5,41% em comparação com os R$ 107,3 bilhões do ciclo anterior.
Novidades sustentáveis
O Plano Safra 2025/26 também amplia o escopo de financiamento para ações sustentáveis. Entre as novidades estão linhas de crédito para a produção de mudas, reflorestamento e culturas de cobertura, que ajudam a preservar o solo entre safras.
Além disso, o subprograma RenovAgro Ambiental passa a oferecer recursos para ações de prevenção e combate a incêndios. Os produtores poderão financiar, por exemplo, a compra de caminhões-pipa ou carretas-pipa, além da aquisição de mudas de espécies nativas para reposição de áreas de preservação permanente e reservas legais.
(Colaborou Gabriel Azevedo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.)
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