Expectativa de vida no Brasil chega a 76,6 anos, diz IBGE
Segundo o IBGE, a longevidade da população brasileira aumentou 31,1 anos nas últimas nove décadas, de 45,5 anos em 1940 para 76,6 anos em 2024
A expectativa de vida dos brasileiros subiu para 76,6 anos em 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta sexta, 28. O número representa um aumento de 2,5 meses em relação a 2023. Para a população masculina, o aumento foi de 73,1 para 73,3 anos.
Para as mulheres, a alta foi de 79,7 para 79,9 anos. Segundo o IBGE, a longevidade da população brasileira aumentou 31,1 anos nas últimas nove décadas, de 45,5 anos em 1940 para 76,6 anos em 2024.
"A notícia boa é que a expectativa de vida ao nascer já recuperou os valores pré-pandêmicos em 2023 e continuou crescendo em 2024", afirmou o demógrafo José Eustáquio, ao analisar os novos números. "A noticia ruim é que houve uma desaceleração dos ganhos no último quinquênio. Neste ritmo o Brasil vai levar ainda mais de 4 décadas para alcançar uma expectativa de vida ao nascer (para ambos os sexos) de 80 anos."
Conforme o IBGE, a crise sanitária da covid-19 "provocou a elevação do número de mortes no Brasil e no mundo, com a consequente redução da expectativa de vida ao nascer no País, que recuou para 72,8 anos em 2021 (sendo 69,3 anos para homens e 76,4 anos para as mulheres)". A partir de 2022, com o arrefecimento da pandemia, esse índice voltou a subir.
"Ainda assim, o Brasil está ficando para trás em relação a países que já tiveram taxas piores do que as brasileiras. No Chile a expectativa de vida ao nascer estava em 81,4 anos em 2024, uma diferença de quase 5 anos em relação ao Brasil", comparou o demógrafo José Eustáquio. "Na Coreia do Sul a expectativa de vida ao nascer era de 84,4 anos em 2024, uma diferença de quase 8 anos em relação ao Brasil. No atual ritmo, o Brasil só vai atingir a taxa atual da Coreia do Sul no século XXII."
Segundo Eustáquio, a desaceleração é comum em todos os países onde a expectativa de vida vai chegando perto dos 80 anos. No Brasil, no entanto, ela foi mais acentuada.
"Um dos problemas é que a mortalidade infantil parou de cair em relação em 2019", explicou o demógrafo. "O Brasil ainda tem grande deficiência no saneamento básico e ainda tem muita gravidez na adolescência."
A diferença significativa entre a expectativa de vida das mulheres e dos homens está diretamente relacionada às causas externas ou não naturais de mortes (homicídios, suicídios, acidentes de trânsito).
Em 2024, a sobremortalidade masculina concentrava-se entre os chamados de adultos jovens. No grupo de 20 a 24 anos, por exemplo, um homem de 20 anos tinha 4,1 vezes mais chance de não completar os 25 anos do que uma mulher. Isto se deve à maior incidência dos óbitos por causas externas ou não naturais na população masculina.
A série histórica desses indicadores constata a inexistência de sobremortalidade masculina em níveis tão elevados, entre os adultos jovens do país, em 1940. Isso comprova que este fenômeno está associado ao rápido processo de urbanização e metropolização do Brasil, no período.
Foi só a partir dos anos 1980 que as mortes associadas às causas externas passaram a elevar as taxas de mortalidade da população, particularmente dos adultos jovens do sexo masculino. A expectativa de vida masculina no Brasil continuou crescendo, mas poderia ser superior à estimada atualmente, não fosse o efeito das mortes violentas dos jovens sobre a estrutura demográfica do país.
No ano passado, pelo quinta vez consecutiva, o Brasil registrou queda do número de nascimentos registrados - é o menor índice desde 1976, também de acordo com o IBGE.
A redução segue a tendência de envelhecimento do País e de perda dos efeitos do bônus demográfico, o que diminui a fatia da população em idade para trabalhar. Esse fenômeno também eleva a demanda de gastos com saúde, assistência social e aposentadorias.
Segundo projeções do IBGE, o número de habitantes deve alcançar seu ápice em 2041, com 220,43 milhões. A partir do ano seguinte, as projeções indicam que a população começa a cair. O movimento de queda tende a se intensificar nas décadas seguintes, levando o contingente para menos de 200 milhões até 2070 (199,2 milhões).
A taxa de mortalidade infantil (crianças com menos de um ano de idade) também vem caindo significativamente, o que contribuiu para o envelhecimento da população. Em 2024, a taxa era de 12,3 para cada mil crianças nascidas vivas. Em 1940, era nada menos que 146,6.
A queda expressiva da mortalidade das crianças do Brasil, ao longo das últimas nove décadas, segundo o IBGE, está associada às campanhas de vacinação em massa, à atenção ao pré-natal, ao aleitamento materno, à ação dos agentes comunitários de saúde e aos programas de nutrição infantil, entre outros fatores.
Também contribuíram para a diminuição do indicador os aumentos da renda, da escolaridade e do número de domicílios do país com acesso a serviços de saneamento adequado.
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