Empresário preso por matar gari nega confissão e diz que andava armado por ameaça de ex-sócio

Conforme a denúncia, no dia do crime, Renê Júnior saiu de casa levando no carro uma pistola semiautomática calibre .38

Estadão Conteúdo
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O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, réu pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, negou em audiência judicial que tenha confessado o crime em interrogatório à Polícia Civil. Ele também justificou que andava armado por ter sofrido ameaças de um ex-sócio.

A Justiça de Minas Gerais ouviu o réu e 12 testemunhas do caso entre a terça-feira, 25, e a quarta-feira, 26. O gari foi morto com um tiro no bairro Vista Alegre, na região oeste de Belo Horizonte, no dia 12 de agosto deste ano. O acusado está preso preventivamente e participou da audiência judicial por videoconferência.

Renê Júnior, que trocou de advogado, afirmou à juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do Tribunal do Júri, que no dia dos fatos ficou por 30 minutos parado no trânsito para sair do bairro onde mora e que "teve oportunidade de atirar em outras pessoas, mas não o fez". Ele disse também que jamais atiraria em alguém por estar parado no trânsito.

"Eu nunca tive nenhuma ocorrência, talvez nem de multa. Eu não ia, em momento nenhum, brigar com uma pessoa por causa segundos parados atrás de um caminhão, jamais. Só na minha rua naquele dia eu fiquei meia hora. Fiquei meia hora esperando, nem por isso fiz nada. Essa justificativa não tem sentido", afirmou o réu.

Na audiência judicial, ele não informou diretamente se atirou ou não no gari, embora tenha negado que confessou o crime na delegacia. "Em momento nenhum no meu depoimento tem nada falando que atirei em ninguém, dizendo que sou réu confesso. Eu não atirei em ninguém", disse à juíza.

De acordo com a Polícia Civil, a confissão aconteceu no dia 18 de agosto, na sede do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). "Em um novo interrogatório, realizado ontem (18 de agosto), o suspeito de praticar o homicídio, que vitimou o senhor Laudemir de Souza Fernandes, confessou a prática do crime", disse a polícia em nota à época.

Segundo os investigadores, o empresário alegou que efetuou o disparo "em razão de uma discussão de trânsito e que a sua esposa, servidora da Polícia Civil de Minas Gerais, não tinha conhecimento que ele havia se apoderado da arma particular da delegada, uma pistola, calibre .380".

O réu deu sua versão dos fatos na audiência, mas não respondeu as perguntas. Durante a audiência, ele relatou que foi ameaçado por policiais, que poderiam prejudicar sua esposa, que é delegada, para que fizesse o desbloqueio do celular. "Se eu não entregasse a senha, poderiam me prejudicar aqui", afirmou.

No primeiro dia de audiências, a Justiça ouviu oito testemunhas do caso, entre elas a motorista do caminhão de coleta de lixo em que a vítima estava quando foi atingida, três colegas de serviço e quatro policiais civis e militares que atenderam à ocorrência. No segundo dia, foram ouvidos três policiais, uma pessoa ligada à empresa em que o réu trabalhava, além do próprio empresário.

Casamento e perseguição

Renê Júnior também falou no interrogatório que acredita estar sendo perseguido e que não sabe dizer se o casamento com a delegada, apontada como dona da arma usada no crime, resistiu ao ocorrido.

Ele disse ainda que a defesa juntou ao processo diplomas que comprovariam sua formação acadêmica (negada à imprensa pelas instituições de ensino). Também afirmou que foi "julgado" pela imprensa e comparado a um "empresário da Shopee".

Denúncia

O empresário se tornou réu em setembro deste ano, após a Justiça aceitar a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG). Ele responde por homicídio qualificado por motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e perigo comum, além dos crimes de ameaça e fraude processual.

Conforme a denúncia, no dia do crime, Renê Júnior saiu de casa no bairro Vila da Serra, em Nova Lima, em direção ao trabalho, em Betim, levando no carro uma pistola semiautomática Glock calibre .38.

No cruzamento das ruas Modestina de Souza e Jequitibá, no bairro Vista Alegre, ele teria se irritado com a retenção no trânsito devido à passagem de um caminhão de coleta de lixo. Mesmo com a indicação dos garis de que era possível seguir o trajeto, o denunciado, exaltado, ameaçou a motorista do caminhão apontando a arma.

Ainda segundo a denúncia, "evidenciando o seu notório desprezo pelos trabalhadores", o denunciado fez um disparo que atingiu a região abdominal do gari Laudemir de Souza Fernandes. A vítima chegou a ser socorrida, mas morreu a caminho do atendimento médico.

O empresário deixou o local após o disparo e foi preso horas depois do homicídio em uma academia na região oeste de Belo Horizonte.

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