Diretor de presídio encomendou morte de juiz, diz detento
O plano teria como executor um integrante do Comando Vermelho, que afirmou ter sido 'autorizado'
Diretores da Penitenciária Osvaldo Florentino Leite Ferreira, conhecida como "Ferrugem", em Sinop (MT), são apontados como mandantes de um plano para atentar contra a vida de um juiz, um promotor e um defensor público. A trama envolveria um integrante do Comando Vermelho para um ataque durante uma audiência em 30 de outubro.
As informações constam em um relatório do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, obtido pelo Estadão. O documento indica que Ismael da Costa dos Santos, apontado como líder do CV em Mato Grosso, depôs aos próprios alvos da suposta ação.
Conforme Ismael, a ação teria sido "encomendada" pelo diretor do presídio, Adalberto Dias de Oliveira, e pelo subdiretor Antônio Carlos Negreiros dos Santos. A ordem seria para avançar contra o juiz Marcos Faleiros da Silva, o promotor de Justiça Luiz Gustavo Mendes de Maio e o defensor público Érico Ricardo da Silveira na sessão de depoimentos.
Detalhes do Plano
O motivo do atentado seriam inspeções na unidade para apurar denúncias de tortura e violência contra presos, atribuídas a policiais penais. Em troca da execução, Ismael teria recebido a promessa de regalias dentro do presídio.
Entre os benefícios citados estariam a transferência para o "Raio Evangélico", com maior liberdade de circulação, e a garantia de vaga em trabalho externo. O detento também teria sido autorizado a entrar na sala de audiência com um estilete artesanal, o "chucho".
Entretanto, Ismael afirmou que decidiu não levar a arma no dia do depoimento. Na sessão, ele demonstrou às autoridades que estava sem as algemas dos pés, conhecidas como "marca-passo", e que as algemas nos pulsos estavam abertas e caíram no chão ao girar os braços.
Quebra de Segurança
O relatório aponta que não havia policiais penais perto da sala de audiência, apesar do pedido do juiz para a presença de agentes de escolta. Essa ausência foi classificada como uma evidente quebra do protocolo de segurança.
Para o Grupo de Monitoramento e Fiscalização, os indícios sugerem que os policiais penais teriam se ausentado deliberadamente. O atentado visaria a "descredibilizar" os relatos de tortura contra os detentos.
O Ministério Público de Mato Grosso informou que o promotor Luiz Gustavo Mendes de Maio "está bem e trabalhando" e que há uma investigação em andamento pela Secretaria de Segurança Pública do estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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