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Como fica o Rio após megaoperação e criação de 'escritório' contra o crime organizado

Na quarta-feira, 29, o governador Cláudio Castro (PL) e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciaram a criação de um escritório especializado no enfrentamento ao crime organizado no Estado

Estadão Conteúdo

Depois da maior operação policial da história do Rio de Janeiro, que terminou com a morte de pelo menos 121 pessoas, o governo do Estado se uniu ao governo federal para criar um escritório voltado ao combate contra o crime organizado em território fluminense.

Enquanto isso, governadores de diferentes Estados foram ao Rio para firmar, junto com o governador do Rio, Claudio Castro (PL), um "Consórcio da Paz", com o objetivo de integrar forças operacionais e de inteligência entre algumas das unidades federativas.

O Ministério Público, por sua vez, anunciou a abertura de uma investigação para apurar as incursões realizadas nos complexos da Penha e do Alemão e verificar eventuais ilegalidades na ação. Batizada de Contenção, a operação mirou lideranças do Comando Vermelho e foi realizada na zona norte do Rio.

Após a operação, dezenas de corpos foram retirados de uma área de mata na região de Vacaria. Moradores levaram os mortos até a Praça São Lucas, de onde foram encaminhados ao Instituto Médico-Legal (IML), onde passam por processo de identificação e também de autópsia. Entenda os desdobramentos da megaoperação policial.

Criação de escritório para combate ao crime

Na quarta-feira, 29, o governador Cláudio Castro (PL) e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciaram a criação de um escritório especializado no enfrentamento ao crime organizado no Estado. A proposta é unificar estruturas policiais e administrativas já existentes e reduzir a burocracia nos pedidos de apoio entre forças.

Na prática, a medida deve incorporar a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) ao Comitê Integrado de Investigação Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra), grupo criado para descapitalizar o crime organizado e composto por integrantes de diferentes forças policiais, ministérios públicos e secretarias da Fazenda.

"A ideia é que nossas ações sejam 100% integradas a partir de agora, inclusive para vencermos possíveis burocracias. Vamos integrar inteligências, respeitar as competências de cada órgão, mas pensando em derrubar barreiras para, de fato, fazer segurança pública", disse Castro.

Envio de peritos da PF e da Força Nacional

Como desdobramento da criação do escritório emergencial, Castro e Lewandowski anunciaram nesta quinta-feira, 30, no Palácio Guanabara, o envio de 20 peritos criminais da Polícia Federal (PF) e de outros 10 a 20 da Força Nacional de Segurança Pública para apoiar o Estado do Rio neste momento de crise na segurança pública.

Segundo o Ministério da Justiça, os profissionais atuarão em áreas como análise de locais de crime, balística, genética forense (para identificação de DNA), medicina legal, necropsia e identificação de corpos.

"Tivemos a ideia de criar esse escritório extraordinário de enfrentamento ao crime organizado para agilizar a comunicação entre as forças federais e estaduais de segurança", afirmou Lewandowski. "Um dos resultados é o envio de peritos criminais, médicos e especialistas de diferentes áreas da criminalística."

Consórcio da Paz

Ao lado de outros governadores, que se deslocaram até o Rio nesta quinta, Claudio Castro anunciou a criação de um "Consórcio da Paz".

Participaram do encontro Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Eduardo Riedel (PP-MS) e Celina Leão (PP), vice-governadora do Distrito Federal, além de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que participou de forma remota.

A medida prevê uma integração de forças operacionais e de inteligência, além de trocas de experiência e soluções. Entre os objetivos está a aquisição de equipamentos em conjunto, de forma consorciada, para obter preços mais baixos.

Ministério Público anuncia investigação

O Ministério Público do Estado informou que vai investigar a operação realizada pelas polícias Civil e Militar do Rio. Cerca de 2,5 mil agentes participaram da ofensiva, que terminou com pelo menos 121 mortos - entre eles, quatro policiais (dois civis e dois militares).

De acordo com o governo fluminense, os demais mortos eram integrantes de facções criminosas. Já a Defensoria Pública do Rio afirma que o número de óbitos chega a 132.

"Temos o dever de apurar todos os fatos com rigor, sem estabelecer premissas. O MP lamenta profundamente o número de mortes - todas as mortes -, em especial a dos quatro policiais", declarou o procurador-geral de Justiça, Antônio José Campos Moreira.

Identificação e escaneamento dos corpos

Até o início da tarde desta quinta, mais da metade dos 117 corpos (excluídos os quatro policiais) haviam sido identificados e liberados aos familiares. O governo estadual montou uma força-tarefa no Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto, no centro do Rio, para realizar as necrópsias das vítimas da Operação Contenção.

Os corpos também passam por um processo de escaneamento digital, que auxilia peritos e promotores nas investigações. A tecnologia permite reconstruir digitalmente o corpo e visualizar com precisão as lesões sofridas pelas vítimas.

"Três peritos legistas e um promotor de Justiça estão acompanhando todas as necrópsias, com o uso de um scanner de alta precisão que permite radiografias completas dos corpos - tecnologia essencial para compreender a dinâmica dos confrontos e para a produção de provas", explicou o procurador-geral.

Transferência de presos e busca por 'Doca'

Segundo o governo, a operação resultou na prisão de 113 pessoas, entre elas Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como "Belão do Quitungo". Ele é apontado como uma das lideranças do Comando Vermelho no Rio e braço direito de Edgar Alves de Andrade, o Doca, que teve mandado de prisão expedido, mas conseguiu fugir.

A Polícia oferece recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à localização de Doca, o mesmo valor oferecido em 2000 durante as buscas por Fernandinho Beira-Mar.

No mesmo dia da operação, o governador solicitou ao governo federal dez vagas em presídios de segurança máxima para transferir líderes de facções criminosas considerados de alta periculosidade. Os nomes não foram divulgados.

"Acreditando que política de segurança pública se faz com diálogo e integração, pedi ao governo federal, então, dez vagas para transferência desses criminosos de alta periculosidade", afirmou Castro.

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