Como é o 'voto de silêncio' feito por funcionários do Vaticano para trabalhar no conclave
Funcionários do Vaticano devem manter sigilo absoluto, sob pena de excomunhão

Funcionários do Vaticano fizeram nesta segunda-feira, 5, o voto de silêncio e juraram manter sigilo absoluto, sob pena de excomunhão. A cerimônia, que ocorreu na Capela Paulina, é prevista pela Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis a todos os participantes do conclave.
O juramento dos cardeais que escolherão o novo papa é feito separadamente e será realizado nesta quarta, 7, data do início do conclave. Os sinais de telefonia serão cortados no interior do Vaticano para isolar os cardeais de influências externas, anunciou a Santa Sé.
Texto do juramento:
"Prometo e juro observar o segredo absoluto com quem quer que seja que não faça parte do Colégio de Cardeais eleitores, e isso perpetuamente, a menos que receba uma faculdade especial dada expressamente pelo novo Pontífice eleito ou por seus Sucessores, em relação a tudo o que diz respeito direta ou indiretamente à votação e aos escrutínios para a eleição do Sumo Pontífice".
Depois de serem instruídos sobre o significado do juramento, todos pronunciaram as palavras e assinaram o texto diante do cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Santa Igreja Romana.
Veja a lista dos profissionais:
- Sete cerimoniários pontifícios; - Eclesiástico escolhido pelo cardeal que preside o conclave para ajudá-lo em sua função; - Dois religiosos agostinianos encarregados da Sacristia Pontifícia; - Religiosos de vários idiomas para confissões; - Médicos e enfermeiros; - Ascensoristas do Palácio Apostólico; - Encarregados do refeitório e dos serviços de limpeza; - Funcionários da Floricultura e dos Serviços Técnicos; - Encarregados do transporte dos eleitores da Casa Santa Marta para o Palácio Apostólico; - Coronel e major da Guarda Suíça Pontifícia, - Encarregados da vigilância perto da Capela Sistina; - Diretor dos Serviços de Segurança e da Proteção Civil do Estado da Cidade do Vaticano com alguns de seus colaboradores.
Isolamento no Vaticano
Os cardeais começam nesta terça-feira a se instalar na residência de Santa Marta e outras dependências do Vaticano, onde permanecerão isolados do mundo durante o conclave até a escolha do sucessor do papa Francisco.
A identidade do futuro pontífice é a grande incógnita para 1,4 bilhão de católicos e para o mundo, depois que o pontificado reformista do jesuíta argentino despertou um fervor popular e uma divisão dentro da Igreja.
"Há vários perfis, muitas personalidades que poderiam ser escolhidas. Eu diria que pelo menos cinco ou seis", declarou o cardeal e arcebispo de Argel, Jean-Paul Vesco, ao jornal italiano Corriere della Sera.
Durante o conclave, os "príncipes da Igreja" devem permanecer sem telefone, sem acesso à internet ou a meios de comunicação, e conservar o sigilo sobre tudo que diz respeito à eleição do novo sumo pontífice.
Na vizinha praça de São Pedro, milhares de pessoas permanecerão com os olhares voltados para a chaminé instalada no teto da Capela Sistina à espera de vislumbrar a fumaça branca, primeiro sinal da eleição do 267º papa.
As eleições de Bento XVI em 2005 e a de Francisco em 2013 levaram dois dias. Mas alguns analistas acreditam em um processo mais longo em 2025, em particular por ser o conclave mais internacional da História, com cardeais procedentes de 70 países.
Um total de 133 cardeais eleitores - com menos de 80 anos - participarão na eleição. A maioria foi elevada a este nível durante o pontificado do primeiro papa latino-americano.
O número elevado de cardeais fez com que a residência de Santa Marta, onde eles costumam se hospedar desde o conclave de 2005, ficasse pequena: um edifício vizinho, que geralmente abriga funcionários do Vaticano, foi habilitado para o momento histórico.
Antes de 2005, os cardeais se hospedavam em quartos improvisados no Palácio Apostólico, mais desconfortáveis e com poucos banheiros, razão que motivou o papa João Paulo II a determinar a construção da atual residência.
Santa Marta, onde Francisco decidiu morar, dispõe de quartos com banheiro privado e serviços similares aos de um hotel. A distribuição dos quartos entre os cardeais foi definida por sorteio.
Temas debatidos
Nesta terça-feira, os cardeais organizaram a última reunião preparatória, que aconteceram quase diariamente desde o falecimento de Jorge Mario Bergoglio em 21 de abril. Nos encontros, eles abordam várias questões sobre a Igreja.
Entre os temas que já foram discutidos estão as finanças do Vaticano, o escândalo das agressões sexuais, a unidade da Igreja e o perfil do próximo papa. Muitos cardeais aproveitaram para se conhecer.
As discussões também alimentam sua reflexão a respeito do voto final na Capela Sistina, diante do afresco do Juízo Final pintado por Michelangelo no século XVI e a portas fechadas.
"Há candidatos, por assim dizer, naturais, aqueles que já são conhecidos por seu papel e sua personalidade. E depois há aqueles que falam e fazem você pensar: esta é uma afirmação forte. Mas não há nenhum que esmague os outros, ninguém em que você possa pensar: será ele", afirmou Vesco. (Com agências internacionais).
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