Bar nos Jardins onde cliente bebeu metanol e ficou cega reabre sem poder vender destilados
O bar 'Ministrão', nos Jardins, na zona oeste de São Paulo, onde uma cliente consumiu bebidas alcoólicas antes de perder a visão, reabriu nesta sexta-feira, 17, mais de duas semanas após ter sido interditado por suspeita de adulteração de bebidas com metanol. A autorização para a reabertura foi dada pela Vigilância Sanitária da cidade na quarta-feira, 15.
A única restrição é que o estabelecimento não poderá vender bebidas destiladas - cervejas e vinhos estão permitidos. A proibição valerá ao menos até a conclusão dos laudos periciais por parte do Instituto de Criminalística, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.
"A pedido do estabelecimento e, após nova inspeção sanitária da equipe técnica responsável, a desinterdição foi realizada para venda de outros produtos que não tenham relação com a investigação sobre metanol", informou a secretaria.
O estabelecimento está com a inscrição estadual suspensa pela Secretaria de Estado da Fazenda e Planejamento, após determinação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
"O restabelecimento da inscrição estadual ocorre após o contribuinte apresentar documentos que comprovem a regularização das pendências que motivaram a suspensão", explicou a pasta.
Bar nega irregularidades
Segundo o advogado do bar 'Ministrão', Júlio Ribeiro, a suspensão da inscrição estadual está sendo discutida na Justiça. "Foi uma medida atabalhoada do governo para dar resposta à sociedade. Mas isso não impede o funcionamento. Não há nenhuma irregularidade para manter fechado", afirmou.
"Ninguém tem mais interesse do que o 'Ministrão' para esclarecer isso tudo. Estamos colaborando, fornecemos todas as notas. O laudo do nosso fornecedor deu negativo. Então, a gente quer esclarecer essa história. As famílias dos proprietários frequentam o local. Esperamos que a polícia nos aponte o caminho", disse o advogado.
O que diz a polícia
O delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, afirmou nesta sexta-feira, 17, em coletiva de imprensa sobre as investigações, que a análise sobre a reabertura do 'Ministrão' não é de sua competência. "É uma decisão administrativa que não nos compete analisar", afirmou.
"A gente não sabe se foi por causa dos laudos, mas a gente tomou conhecimento da abertura rapidamente por conta de uma decisão administrativa da Vigilância Sanitária", disse o delegado-geral.
Mulher ficou cega após três caipirinhas
Vítima de intoxicação por metanol, Radharani Domingos, de 43 anos, contou que foi ao bar 'Ministrão' em 19 de setembro para comemorar o aniversário de uma amiga. No dia seguinte, a designer de interiores passou mal, relatou problemas na visão e foi encaminhada para um pronto socorro. Desde então, ela está sem enxergar.
"Por alguns momentos eu achei que eu fosse ver as minhas paredes, mas eu estou só tateando", disse Radharani enquanto andava pela sua casa, em uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, em 12 de outubro.
O metanol foi identificado nos exames de Radharani apenas 10 dias depois de sua internação. Um médico oftalmologista, que tratou da designer de interiores após a intoxicação, afirmou que o quadro de cegueira era irreversível, mas recomendou um tratamento ainda sem comprovação científica, que pode trazer resultados à longo prazo.
"A revolta nesse momento é tentar entender porque estão adulterando a bebida. Me envenenaram e estão envenenando outras pessoas. É revoltante você pedir caipirinha e tomar metanol", afirmou Radharani.
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