Vem, que está chegando o Natal

O comércio varejista prepara estratégias para atrair os consumidores acreditando na movimentação financeira provocada pelo pagamento do 13º e das cotas do FGTS

Rodrigo Cabral
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Parece que o Papai Noel vai ter bastante trabalho este ano. Pelo menos essa é a expectativa do comércio, que já vem se preparando para o maior momento de vendas do ano. Como dizemos aqui, no Pará: ‘passou o Círio, já é Natal’. 

O calendário paraense parece obedecer a um fluxo próprio e as lojas seguem isso à risca. No fim de outubro, os panetones começaram a tomar conta das gôndolas de destaque e os enfeites natalinos também já saltaram aos olhos. Segundo o escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE-PA), uma confluência de fatores econômicos promete ajudar a roda girar e o trenó do bom velhinho ir mais longe. A entidade estima que o pagamento do 13º salário deve injetar na economia do Pará algo em torno de R$ 4,1 bilhões. Parte desse montante já começaou a circular, em setembro, com a liberação da gratificação aos aposentados. 

“Nós vivemos, ainda, momentos de conjuntura difícil. A economia do país está subindo muito pouco. Este ano, o crescimento não chegará a 1%. Porém, avaliamos que o segundo semestre deste ano está com desempenho muito melhor do que o primeiro. Da mesma forma, segue com resultados maiores do que o segundo semestre de 2018. Isso porque, para além da injeção desses recursos relativos ao 13º, vale lembrar que também veio a liberação do PIS e das cotas do FGTS. No Pará, tivemos ainda o Círio de Nazaré, que acrescentou quase R$ 1 bilhão na economia local. E estamos à porta da famosa Black Friday, uma grande ação de vendas que promete movimentar mais de R$ 3,5 bilhões em compras, em todo o país”, destaca Everson Luis Moraes Costa, 37 anos, pesquisador e técnico do DIEESE-PA há mais de 15 anos.

Outro dado importante, que está relacionado às festas de fim de ano, é a geração de empregos. A partir de pesquisas realizadas junto a estabelecimentos do ramo de comércio e serviços, a estimativa é de que cerca de 4.200 trabalhadores sejam contratados na Região Metropolitana de Belém, neste período. A grande maioria na condição de temporário. “Com esse volume de recursos extraordinários, surgem oportunidades para pessoas entrarem no mercado de trabalho. Quando se fala de comércio e serviços, o que move setor, de fato, é o consumo. Consumo este provocado pelos salários e oportunidades de acesso à renda, como as que citei anteriormente. Por isso, a relevância do 13º salário para a economia do país. Há uma expectativa de crescimento de venda para este ano, mas poderia ser melhor, pois ainda há 12 milhões de desempregados no Brasil. Destes, 440 mil estão no Pará”, ressalta. 

A participação da administração pública na circulação da renda também tem tido papel importante. Segundo o pesquisador do DIEESE-PA, houve uma retomada de obras e investimentos que ajudaram a aumentar o poder de consumo. “Quando se tem uma agenda pública nesse sentido, seja federal, estadual ou municipal, gera-se um novo ciclo de gente empregada, salários circulando, compras e prestação de bens e serviços acontecendo, toda uma cadeia econômica se movimenta. A importância do emprego é gigantesca para o consumo”, afirma Everson Costa.

Nos shoppings da cidade, as expectativas são grandes. De acordo com Daniel Vieira, superintendente de um shopping de Belém, “as principais tendências em compras para o Natal estarão concentradas em acessórios, vestuário, sapatos e cosméticos. Também deverão ter boa saída os eletrônicos, celulares e eletrodomésticos. Certamente, quem ofertar melhores preços, junto a facilidades de pagamento e qualidade no atendimento ao cliente, terá a preferência do consumidor”, afirma. Ele avalia ainda o cenário atual como propício para aumento das vendas. “Acreditamos que o Brasil está em início de um novo ciclo. Mais justo financeiramente, mais eficiente e propenso a investimentos. Junto a isso, o comércio, como um todo, busca se reinventar de várias formas para enfrentar os tempos difíceis. O maior desafio para quem deseja ter visibilidade e atingir um crescimento de vendas no setor varejista é tornar-se mais atrativo para os consumidores, sendo criativo o suficiente para se diferenciar no mercado através de uma excelente experiência de compra. Buscamos isso, principalmente na questão do entretenimento, sempre tentando trazer novidades”, destaca Daniel.

Opções bem paraenses

Com apelo regional e encorajada pelo sucesso em suas vendas neste trimestre, a loja Ver-o-Pesinho, que segue um conceito de loja pop-up colaborativa, está apostando todas as suas fichas no Natal. O espaço comercializa itens produzidos por marcas locais, pequenos produtores, artesãos e outros fabricantes genuinamente paraenses, em um shopping central da capital paraense. Pelo segundo ano consecutivo, a loja é montada no mês de outubro, em função do Círio de Nazaré. “Este ano, tivemos um resultado duas vezes melhor do que em 2018. E, com isso, avaliamos que caberia estender o funcionamento até janeiro, pegando, assim, todo o aquecimento das vendas do período das festas de fim de ano”, conta o administrador Manoel Ferreira dos Santos Netto, 28 anos.

Para presentes de Natal, a loja se inspirou em algo bastante conhecido pelos paraenses: o isopor. “Temos diversos isopores na loja com kits que variam de R$ 120 a R$ 180 e que vão recheados de delícias da nossa terra, como as cachaças de jambu, licores de frutas da terra, pesto de jambu, geleias gourmet, queijo do Marajó cremoso e biscoitos de castanha e cupuaçu, além dos bombons de chocolate com doce de cupuaçu. São verdadeiros presente dos deuses pra qualquer paraense ter embaixo da sua árvore”, destaca Manoel. 

Um olho nas luzes e outro nos preços 

Se o comércio está de olho no seu 13º, você também deve deixar os seus bem abertos para a variação dos valores dos produtos da cesta natalina. Um dos primeiros levantamentos realizados pelo DIEESE para o Natal deste ano foi relacionado aos custos dos panetones. Em relação ao mesmo período do ano passado, os preços sofreram reajustes de 3,5% para algumas marcas. Outras tiveram aumento de 5% e uma parte considerável delas registrou reajuste acima de 10%. “O consumidor precisa ficar atento, pois alguns desses produtos sofreram remodelagem de peso, tamanho e formato. Então, há marcas que reduziram o tamanho, mas não o preço. Comparar valores é fundamental. Em alguns casos, o mesmo produto chega a ter uma variação de preço em mais de 30% de uma loja para outra”, orienta o técnico do DIEESE. 

A pesquisa também é uma saída para encarar a elevação dos valores dos produtos importados, como as luzes de Natal e outros materiais decorativos, que estão chegando mais caros do que no ano passado, pois sofrem influência da alta do dólar. Isso também vale para as frutas tradicionais natalinas e outros itens clássicos do período, como o bacalhau e vinhos, que vêm de fora. Frente ao grande apelo ao consumo nesta época do ano, o especialista sugere cautela. “Não podemos esquecer que o 13º só vem uma vez por ano. Então, se eu estou endividado, devo priorizar as minhas dívidas. Se eu tiver condições de guardar um pouco, vou me preparar para a virada do ano, que já começa com inúmeros pagamentos a se fazer, como a compra de material escolar, mensalidades, IPVA etc. Por isso, faça um planejamento financeiro e não perca o controle dos seus gastos”, conclui

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