Vai ter São João, sim!

Por Lorena Filgueiras

A luz dos dias do mês seis é diferente – e não estamos falando só das manhãs com céu azul de brigadeiro, mas do brilho das fogueiras e lâmpadas que iluminam os terreiros e paços onde quadrilhas juninas exibem suas melhores performances. Diferente também serão as festas juninas deste ano, mas com jeitinho é possível comemorar os santos mais festeiros do calendário, afinal, junho é um estado de espírito.

O servidor público aposentado José Ricardo Silva Nascimento é um devoto das festas de São João. Não seria exagero dizer ele é festeiro de corpo e alma – tanto que se dedica à produção do carnaval do bairro onde mora, da malhação de Judas e, como não podia deixar de ser, das festas juninas, “que infelizmente não teremos este ano”, lamenta.

image Festeiro de corpo e alma, José Ricardo se dedica à produção do carnaval do bairro onde mora, da malhação de Judas e, como não podia deixar de ser, também das festas juninas (Divulgação)

Os lamentos param aí, porque, como diz a música, é importante levantar a poeira e dar a volta por cima. “Como moramos [a família toda] na mesma vila, este ano vamos fazer só com nossa família que mora na vila. Somos todos irmãos e estamos fazendo a tradicional coleta para a ornamentação. Cada família vai dar um prato de comida típica”, comemora.

Cada irmão mora em uma casa, juntamente com a família, mas há uma área em comum entre todas elas e lá é onde vai ocorrer o arraial, por assim dizer, reduzido. José Ricardo conta que os ajustes de rotina, em função da pandemia, não foram muito fáceis, por causa das crianças. “Elas sempre cobram saídas. Além disso, minha filha teve um bebê, que está com dois meses, mas conseguimos manter o isolamento com todas as medidas de segurança”, afirma.

Ao falar das festas de junho, os olhos dele se iluminam. “O São João está na nossa pele. Tenho duas filhas que dançam em quadrilhas tradicionais de Belém e, em junho, faço festa para todos: inclusive uma para adultos e outra, só para crianças!”.

Ele garante que o mini arraial em família será cercado dos cuidados necessários. “Já nos ajustamos e entendemos que, por um bom tempo, haverá a necessidade de manter o isolamento. Enquanto não houver segurança suficiente, vamos nos manter da mesma forma e já estamos encarando bem tudo o que vem acontecendo”, finaliza.

Alta nos preços

Tal como o servidor público aposentado José Ricardo e seus irmãos, os paraenses devem preparar o bolso para comprar os ingredientes dos pratos típicos. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), mesmo com o cenário de isolamento, houve alta nos valores dos itens considerados indispensáveis aos quitutes juninos. 

O milho branco para mingau - pacote de 500 grama teve alta de 23,06%, seguido do fubá de arroz (também o pacote de 500gramas), com alta de 19,50%. O azeite de dendê (o frasco com 200 ml) apresentou alta de 11,69%, enquanto que a mesma quantidade deleite de coco (garrafa de 200 ml) teve alta de 7,36.

“Além dos tradicionais produtos já listados, outros que também fazem parte do preparo das comidas típicas da quadra junina também estão mais caros, como é o caso do arroz, da farinha de tapioca, do cuscuz, da tapioca utilizada para fazer a goma, do camarão, da maniva, do jambu, etc”, explica Everson Costa, Técnico e pesquisador do Dieese-PA.

image Everson Costa, técnico e pesquisador do Dieese-PA, confirma que além dos tradicionais produtos da época, outros que também fazem parte do preparo das comidas típicas da quadra junina também estão mais caros (Divulgação)

Embora as barraquinhas de comida típica, tão características de Belém, não tenham reaberto em sua totalidade, o Diesse-PA também aponta um reajuste das comidas prontas. “Os principais aumentos verificados nas comidas típicas prontas da quadra junina este ano, em relação ao mesmo período do ano passado, foram observados nos preços do mingau (tapioca e milho), arroz doce e cocadas, tão tradicionais nesta época do ano”, diz Costa.

“Nos supermercados, o prato do Vatapá está sendo comercializado em média de R$ 15,25 (com os preços variando entre R$ 13,50 a R$ 17,00). Em relação ao ano passado, o reajuste foi 4,14%. Já o prato do caruru está sendo comercializado em média a R$ 15,38 (com preços variando entre R$ 15,00 e R$ 15,50) com reajuste de 10,27%.

A Maniçoba ainda é o prato típico mais procurado. Em relação à quadra Junina do ano passado, o reajuste no preço do produto alcançou quase 11,00%. O prato da Maniçoba está sendo comercializado em média a R$ 15,25 (pode ser encontrada com preços variando entre R$ 15,00 a R$ 17,00)”, finaliza. 

Festa junina... na caixa!

Nessa busca incessante pela ressignificação de datas e reinvenção do próprio negócio, pequenos e médios empreendedores paraenses têm buscado inovar na oferta de produtos aos consumidores em geral.

A empresária Mariana Britto, 30, por exemplo, reformulou todo o cardápio e o atendimento para continuar levando uma experiência gastronômica única às casas dos clientes. Ela criou um box junino e ele chega com todo capricho nos lares de quem o encomenda. “Montamos caixas especiais que conseguem passar os nossos valores em vários detalhes, desde a mensagem escrita na caixa até o capricho na embalagem”, afirma.

image A empresária Mariana Britto reformulou todo o cardápio e o atendimento para continuar levando uma experiência gastronômica única às casas dos clientes (Blur Fotografia)

Cada box Junino contém arroz doce, queijadinhas, bolo de macaxeira, bolo podre, canjica, milho cozido, mingau de milho no balde, paçoca. Ufa! E como não bastassem as delícias, na caixa ainda vão pé de moleque, estalinho e kit de papelaria para personalizar o seu arraial. O investimento? R$99. “Já incluso taxa de entrega”, complementa Mariana, que garante ainda: os clientes têm se emocionado muito.

“São muitos os feedbacks recheados de gratidão por conseguirmos entregar tantos produtos de alta qualidade e com valor acessível! A ideia é que possamos enviar uma grande variedade de produtos na caixa, para que cada cliente e amigo possa matar a saudade dos sabores do São João e montar seu arraial completo em casa”.

E tem festa junina fit

A empresária Bárbara Brelaz, 37, tem uma empresa de comidinhas fit e ajustou os produtos típicos. “Com a pandemia notamos que precisaríamos nos readequar as novas possibilidades de comemoração. E com a Festa de São João não seria diferente. Juntamos porções dos produtos top 5 da loja, que sempre saiam ao longo dos anos, personalizamos uma box e oferecemos a opção de levar a festa para casa do cliente”, conta.

image A empresária Bárbara Brelaz tem uma empresa de comidinhas fit e ajustou os produtos típicos (Acervo pessoal)

Do mingau às queijadinhas, tudo vem seguindo rigorosamente a filosofia alimentar da empresa: sem glúten, sem lactose ou açúcares refinados. Os clientes receberam muito bem a ideia. “Eles adoraram! Deixamos sempre a pronta entrega e variamos alguns produtos de acordo com o dia. O valor [do box junino fit] fica em torno de R$75”, finaliza. E o melhor: clientes poderão pedir o kit até o fim de julho. Vai que você se empolga e decide também comemorar festas julinas?

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