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Sobre visibilidade e reconhecimento

Elck Oliveira
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A pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), que avança no mundo inteiro, causando mortes e incertezas, não trouxe apenas uma grande preocupação a todos, mas também mudou a rotina de grande parte da população. Estudantes tiveram as aulas suspensas; diversos profissionais passaram a trabalhar de casa, no chamado “home office”; empreendedores precisaram se reinventar para garantir lugar no mercado e os idosos – população mais vulnerável a essa doença – necessitaram redobrar os cuidados com a saúde. Tudo para cumprir aquele que é considerado, até o momento, o remédio mais eficaz para prevenir a disseminação do vírus: o isolamento social.

Alguns tipos de profissionais, no entanto, não puderam se afastar dos seus locais de trabalho. São aqueles que atuam nas chamadas áreas essenciais, como a saúde, o setor bancário, a segurança, entre outras. A Revista Troppo Mais ouviu alguns desses trabalhadores para saber como está sendo esse período, quais os cuidados que estão tomando para se prevenir e o desejo – comum – de que tudo volte logo à normalidade. 

A bancária Emilyn Azevedo, de 33 anos, continua indo todos os dias para a agência onde trabalha, no município de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém. Ela conta que alguns funcionários estão em “home office”, sobretudo os do chamado grupo de risco para o novo Coronavírus, como idosos e portadores de doenças crônicas, mas, no caso dela, a rotina segue normalmente. “Sabemos que os serviços bancários são essenciais para manter o dinheiro circulando e, consequentemente, fazendo a economia girar. Precisamos garantir que a população tenha acesso aos seus recursos para que a crise não se agrave ainda mais, pois em muitos casos os benefícios sociais são a garantia de subsistência das famílias e não podemos deixar essas pessoas desamparadas. Trabalhamos em uma instituição financeira, mas temos um importante papel social nas atividades que exercemos”, explica.

Para ela, é claro que existe o medo de se contaminar com o novo vírus, devido ao contato diário com um grande número de pessoas, mas é preciso tomar as medidas preventivas e orientar a população, para que só procure as agências bancárias em caso de extrema necessidade. “Atendemos um grande fluxo de clientes e estamos bastante expostos. Nos preocupamos inclusive com nossos familiares, que acabam sendo expostos por tabela. É uma situação completamente atípica, eu diria até inimaginável e estamos aprendendo a lidar melhor com a situação no dia a dia. Usamos máscaras de proteção, tentamos manter uma distância segura uns dos outros, buscamos lavar as mãos constantemente e temos sempre um vidro de álcool gel por perto. As comemorações estão diferentes, evitamos abraços e contato físico, fica uma sensação estranha de estar faltando alguma coisa. De toda maneira, a gente sabe da importância do nosso trabalho e sente orgulho de poder fazer a diferença na vida das pessoas”, ressalta.

Ruth Cardoso, de 34 anos, é atendente de farmácia há oito anos. Licenciou-se em História, mas como o mercado para os professores tem sido difícil, sustenta a si e ao filho de 14 anos com o trabalho como balconista. Mora no bairro do Guamá, em Belém, e, para chegar ao local de trabalho, que fica no bairro da Pedreira, pega quatro ônibus por dia: dois para ir e dois para voltar. Diz que a rotina é preocupante, embora entenda a importância da função que exerce. 

“O medo é grande sim, não só da pandemia [do Coronavírus], mas também das ruas desertas, pois, como estão com a frota reduzida, os ônibus demoram mais ainda a passar nas paradas e a gente acaba ficando mais exposto. Não tinha visto nada parecido com isso ainda, shoppings, comércios, restaurantes, tudo fechado. A farmácia, no entanto, é essencial na vida das pessoas. Não podemos parar, já que vidas dependem de nós. Meu sentimento é de estar fazendo a diferença na vida de quem precisa dos meus serviços”, ressalta a moça, que também procura se resguardar, por meio do uso de máscaras e da higienização constante das mãos, principalmente com o álcool em gel. 

Enquanto a normalidade não volta, Ruth sonha com o dia em que poderá exercer a profissão na qual se formou. “Essa pandemia de hoje ainda vai entrar para as minhas aulas futuramente”, assegura.

O encarregado de condomínio Célio Mota, de 32 anos, é acadêmico do curso de Ciências Biológicas e, justamente por isso, sabe muito bem o que significa uma pandemia e as preocupações que ela traz – especialmente quando se trata de uma doença como essa, a Covid-19, causada pelo novo Coronavírus e que pode ser assintomática em muitos casos. “Para mim, que dependo de transporte público, a preocupação é ainda maior, pois a gente não tem como saber quem está com a doença ou não. Felizmente, eu trabalho sozinho no escritório da empresa, então, não tenho tanto contato com outras pessoas nesse local, mas na rua, não sabemos quem pode estar ao nosso lado”, explica.

Célio lembra que sempre teve um cuidado especial com a limpeza dos objetos que usa no trabalho, como a mesa que ocupa e o aparelho telefônico, mas, agora, está ainda mais vigilante. “Antes, eu fazia essa higienização uma vez por dia, agora chego a fazer até três; lavo as mãos constantemente; uso o álcool em gel e, quando não consigo evitar de receber alguém aqui, como um morador ou prestador de serviço, ponho a máscara de proteção e mantenho a distância física. É uma proteção para mim e para o outro”, relata.

Para Célio, a parte mais difícil desse momento tem sido convencer as outras pessoas da importância de que todos tomem os cuidados exigidos pelo momento. Essa também é uma atribuição do cargo que ele ocupa dentro do condomínio onde trabalha. “As pessoas, muitas vezes, questionam, querem saber por que precisam usar o elevador isoladamente, etc. Mesmo que seja uma questão de saúde e de segurança para todos, ainda é difícil fazer alguns respeitarem”, conta. 

O porteiro Éder Lobato, de 33 anos, também diz que a sensação de estar longe de casa nesse momento não é boa, mas reconhece a importância de exercer a sua função nesse momento, já que algumas profissões realmente não podem parar. “A gente sabe que precisa estar trabalhando e, por isso, tenta tomar todos os cuidados possíveis, como lavar as mãos, evitar aglomerações, manter a distância segura das outras pessoas, entre outras medidas”, ensina. 

Para ele, atuar como alguém que, de alguma maneira acaba fiscalizando as práticas dos outros, pode até ser incômodo em certos momentos, mas é importante. “Com cordialidade e respeito, a gente consegue”, resume. 

O protagonismo da Ciência 

No momento em que a pandemia avança, o trabalho de cientistas, pelo mundo afora, também não para. Muitos buscam desenvolver a vacina adequada para impedir que as pessoas desenvolvam a doença, outros estão trabalhando incansavelmente no desenvolvimento de remédios que curem os efeitos do vírus no organismo humano e há ainda aqueles que fabricam os produtos utilizados no combate ao novo Coronavírus, como é o caso do álcool em gel, indicado para a higienização das mãos. 
Na Universidade Federal do Pará (UFPA), as frentes de trabalho são muitas. A instituição lançou, inclusive, um portal, onde mantém as pessoas informadas sobre os cuidados necessários para prevenção da Covid-19 e dá orientações seguras. O endereço é o https://coronavirus.ufpa.br
 
Entre as ações que estão sendo desenvolvidas na Universidade está a produção de álcool em gel para utilização dentro da própria instituição, nos hospitais universitários, que são o Barros Barreto e o Bettina Ferro de Souza, e em instituições parcerias, como a Santa Casa do Pará. A iniciativa surgiu de professores da Faculdade de Farmácia da UFPA, que procuraram a reitoria da instituição para apresentar o projeto, imediatamente abraçado pelo reitor Emmanuel Tourinho. 

O primeiro lote do álcool em gel produzido no Laboratório de Tecnologia de Fitoterápicos (LTFito) da Faculdade de Farmácia da UFPA, com cerca de 150 quilos, inclusive, já foi entregue. “Agora, a Reitoria trabalha para garantir os insumos necessários à produção, os quais já foram requisitados juntos aos fornecedores. Aguardamos essa chegada para dar início à fabricação do segundo lote. Vale lembrar que a Universidade, neste momento, não vai distribuir álcool em gel para a população, mas vai sim priorizar o abastecimento dos hospitais, o que é muito importante, pois nos dá mais segurança de que os hospitais terão as condições de atender a população da melhor forma possível”, explica Tourinho, acrescentando que cerca de 15 profissionais estão envolvidos no projeto, entre professores e alunos da pós-graduação em Farmácia, no nível de mestrado e doutorado.

Para o reitor, as universidades públicas de todo o País estão assumindo um papel de protagonismo no enfrentamento ao Coronavírus, com ações nas mais diversas áreas. “Aqui na UFPA, por exemplo, temos a produção do álcool em geral; temos grupos que vão atuar no diagnóstico nos casos suspeitos, como retaguarda do Laboratório Central; outros grupos que estão nos serviços de informação e orientação à comunidade; apoio psicológico tanto à população interna quanto externa, entre outras atividades. Não fossem as universidades públicas, hoje, certamente, o Brasil estaria muito mais despreparado para enfrentar essa pandemia do que está, apesar dos constantes cortes nos recursos destinados a essas instituições. Mesmo assim, as universidades públicas fazem o melhor para colocar essa estrutura à disposição da comunidade”, destaca. 

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