Segura esse feat!

Símbolos da economia colaborativa, as collabs têm gerado novas oportunidades para empreendedores paraenses e novos serviços para os consumidores.

Rodrigo Cabral
fonte

[Collab] – substantivo. Iniciativa de colaboração entre marcas, pessoas ou empresas com o objetivo de consolidar seus atributos, ampliar seus públicos, gerar maior reconhecimento e ampliar as vendas. Se esse termo estivesse no dicionário brasileiro, esta provavelmente seria a definição de uma das modalidades criativas e produtivas que tem rendido resultados impressionantes no mundo da moda, além de fazer sucesso há bastante tempo no mundo da música e tem aberto oportunidades para pequenos e novos empreendedores. Em Belém, o desejo comum de inovar e fomentar o mercado uniu três mulheres empreendedoras de segmentos diferentes a conectar suas atividades e oferecer um serviço diferenciado. Na prática, uma collab que tem como resultado a produção de itens de decoração e mesa posta, que será lançada neste domingo, 16 de agosto.

A iniciativa nasceu da união dos talentos da jornalista e creator Trisha Guimarães, da publicitária/empresária gráfica Carolina Kzan, da ilustradora Júlia Leão e da vontade de produzir algo inédito no mercado. Há 3 anos Trisha mantém o blog “A Casa Como Ela É”, onde compartilha conteúdos com dicas de decoração de ambientes, revitalização de espaços e objetos, tudo com muito afeto, no estilo do it yourself. E foi de uma experiência prática que nasceu a ideia da collab. A criadora de conteúdo botou a mão na massa para dar uma cara nova à varanda do seu apartamento e decidiu transformar uma parede com cartazes tipo lambe-lambe, imprimiu na gráfica da Carolina, montou tudo, registrou em vídeo e divulgou em suas redes sociais.

O retorno do público foi tão positivo, que elas decidiram somar as ideias de customização com a qualidade de impressão e acrescentar as ilustrações exclusivas criadas pela Júlia Leão, gerando um novo serviço com as marcas registradas das três empreendedoras: criatividade, excelência e bom gosto. “Compartilhar é um verbo que está na alma do blog desde o início. Não vejo sentido em criar um perfil numa rede social sem que haja uma troca para quem esteja do outro lado da tela. A collab é a extensão dessa vontade de compartilhar e de fomentar o mercado de pequenos empreendedores”, destaca Trisha. 

É nesse sentido que se justifica a escolha pelo formato colaborativo. “Com a internet, a gente meio que tá voltando para a era da troca, do escambo. Eu consumo muitas marcas que têm esse propósito e, desde sempre, eu queria que meu blog abrangesse essa modalidade. Para celebrar esses três anos do ‘A Casa Como Ela É’, em collab com a gráfica Miriti e a Júlia Leão, criamos cinco kits de lambe-lambe com temáticas diferentes. Cada conjunto vem com seis ilustrações diferentes. A partir disso, o cliente pode criar um painel usando um apenas ou misturar todos e fazer uma parede inteira. Se não quiser usar no formato lambe-lambe, eles podem virar quadros, pôsteres. Além disso, criamos também dois sets de jogos americanos. Cada pacote vem com doze unidades para contemplar uma família. Tudo colorido e que as pessoas vão se identificar”, conta.

A expectativa das empreendedoras é de que os consumidores se identifiquem com as imagens e a utilização de referências regionais. “Eu me ressentia muito de não ter produtos regionalizados para que eu pudesse consumir. Então, criar algo com a nossa cara, com as nossas gírias, é fazer com que a gente se identifique e se sinta parte daquilo. A experiência vai ser muito legal porque além de tudo, é algo acessível”, destaca Trisha. 

Acostumada a concretizar ideias e imprimir cores que inspiram, Carolina Kzan, foi a responsável por botar no papel os cartazes e jogos americanos, com toda a expertise de anos à frente de sua gráfica. Para ela, o mais importante dessa experiência colaborativa é mostrar que é possível criar em parceria e valorizar a produção local. “Todos têm a agregar. E desenvolver em conjunto deixa o processo mais interessante, divertido, além de somar forças”, afirma Carolina. Essa ideia de juntar esforços múltiplos com a junção de características individuais é também o que enche os olhos de Júlia Leão, que completa o tripé dessa parceria. “Eu gosto muito da ideia de que a pessoa vai customizar do jeito que ela quiser. Isso traz muito do que eu acredito e uso no meu trabalho como professora, de despertar o lado criador e criativo nas pessoas. Estou muito ansiosa pra ver os infinitos usos dos produtos e o resultado diferente em cada ambiente, com o toque que cada casa tem”, pontua a ilustradora, que também é designer gráfica e designer de interiores. 

Para Júlia, esses tempos de pandemia trouxeram um novo olhar sobre estar em casa e, por isso, é tão gratificante poder oferecer um serviço que venha trazer mais cor e inovação para a vida das pessoas. O resultado da collab não é somente para as três marcas que a compõe, mas um dos maiores pontos positivos é a possibilidade de transformação no espaço do lar das pessoas. Acredito que, hoje, estar em casa ganhou outro significado. Levar cor e arte para esse espaço vai muito além de estética”, destaca Julia. 

Colaborar é preciso

Mesmo sem ter a precisão do resultado, há cerca de dois anos, o patologista e artesão Ari Santa Rosa decidiu criar um espaço que fomentasse a economia colaborativa e desse oportunidade a outros artesãos para exporem seus trabalhos e conquistarem maior espaço no mercado. Assim nasceu a Capsula Colab, uma loja colaborativa, que fica no centro de Belém. “Percebi que os artesãos tinham seus instagrans, vendiam alguns itens pela rede social, mas não tinham onde expor seus produtos. Então, abrimos vitrines para que esses empreendedores tivessem como fortalecer os seus negócios, um ambiente de troca de experiências, de união de ideias. E já tivemos artesãos que se consolidaram e saíram daqui para montar suas lojas próprias, o que nos enche de orgulho”, conta.

Hoje, a Capsula Colab reúne seis artesãos, que trabalham com camisas, artigos religiosos, bijuterias, quadros e bolsas. Para integrar o espaço, os membros pagam uma um valor pelo aluguel do expositor e o rateio dos custos comuns (cartões de visita e ações de divulgação, por exemplo). Além de administrar o espaço, Ari confecciona mantos de Nossa Senhora de Nazaré, em modelos exclusivos feitos por encomenda. “A ideia de esforço conjunto nos dá a sensação de que podemos ir mais longe. Juntos, aprendemos, nos ajudamos. O mercado precisa disso para fortalecer a pequena iniciativa. E os consumidores também, pois ganham uma diversidade maior de produtos, com preços mais acessíveis e com a possibilidade de ter um consumo mais consciente e sustentável”, conclui.

Beirando a moda e ocupando espaços

Há mais de três anos, um movimento para fortalecer a produção local começou a desfilar pelas ruas de Belém. Com passos firmes e olhar marcante para o horizonte, abriu novas passarelas e ocupou espaços importantes para a economia criativa. O Movimento Beirando a Moda começou em 2017 com objetivo de dar visibilidade para iniciativas locais, potencializando e conectando empreendedores, instigando e resgatando fazeres e saberes artesanais e manuais, aliado com a urgente necessidade de rever a forma de consumo.

“Nós acreditamos em uma Belém mais criativa e diversa, no consumo consciente do feito à mão, que a economia criativa está no mesmo patamar da música e da gastronomia paraenses. Diante disso, resolvemos juntar estas vertentes através dos mercados itinerantes, resgatando os fazeres artesanais, a nossa cultura. Esse tipo de vivência traz impacto positivo e transformação direta na vida das pessoas e no desenvolvimento da cidade. Além de realizar mercados itinerantes com rica programação cultural, o movimento ocupa espaços públicos pouco frequentados ou que estejam na rota turística da cidade, espaços estes que carregam uma grande importância na nossa história e cultura e atingindo um público das mais diversas idades, tornando o evento plural”, destaca Lorena Furtado, publicitária em formação, produtora cultural e idealizadora do movimento Beirando a Moda.

O trabalho do Beirando a Moda vai muito além das vendas, busca o crescimento coletivo. “Durante mais de três anos, nós caminhamos lado a lodo desses fazedores e entendemos a urgente necessidade de aprimorar práticas empreendedoras, crescendo coletivamente e tornando a produção criativa cada vez mais inovadora e bem estruturada. Por isso, além de atuar na rede e no fomento da economia criativa, o Beirando a Moda também busca atuar na instrução e formação de empreendedores e empreendimentos, instrumentalizando através de um programa de aceleração entre os criativos”, pontua. 

Nesse contexto, o movimento fundou uma loja que funciona como laboratório de marcas e atua de forma física e on-line. “Apoiar negócios locais, consumir produtos feitos à mão, feitos no Brasil, feitos em Belém é movimentar e gerar renda para comunidade, é transformar o mundo por meio da arte, através do consumo consciente (você sabe a procedência, conhece de pertinho quem produziu e como foi feito), é exclusivo, por mais que o artesão produza várias peças semelhantes seu produto não está sendo produzido em grande escala, são produtos que contam histórias e que retratam a alma de quem produz e as características de uma região”, reflete Lorena.

Para conhecer mais:
@miritigrafica
@acasacomoelae
@julialeaoilustra
@capsulacolab
@beirandoamoda

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Troppo
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!