Intolerância à lactose

Jamille Reis

Distúrbio digestivo causa inúmeros desconfortos, exige autoconhecimento e mudança na alimentação. A intolerância à lactose, embora associada ao envelhecimento do organismo, também pode ocorrer em crianças – é preciso observar atentamente.
 
Diarreia, gases, inchaço abdominal, dor de cabeça e náuseas são apenas alguns dos desconfortos que a intolerância à lactose pode causar. Cada vez mais comum em adultos - único mamífero que se alimenta de leite após a infância - a doença é caracterizada pela dificuldade ou incapacidade do organismo em digerir a lactose, principal açúcar do leite. 

Apesar de o distúrbio ser comum, o diagnóstico pode ser demorado. De acordo com a nutricionista e terapeuta nutricional Priscila Reis, o surgimento de doenças intestinais e a perda progressiva na capacidade de produção da enzima lactase, que está associada ao envelhecimento, são os principais fatores para o aumento de casos em adultos. "Geralmente os sinais aparecem entre 30 minutos e duas horas após o consumo de lácteos, como leite de vaca, queijos, iogurtes e outras preparações que contenham os mesmos", destaca. 

image Priscila Reis (Dudu Maroja)

A nutricionista explica que a intolerância pode ser classificada em três graus: leve, moderado e severo. Após avaliação clínica, pode ser indicado a suspensão do consumo de alimentos com lactose e, em seguida, a reintrodução, para avaliar se os sinais somem e voltam. "É importante destacar que após a suspeita, o paciente deve ser encaminhado para um médico especialista, que pode solicitar exames de sangue e alguns testes para confirmar o diagnóstico", pontua Priscila.

Um desses testes é o de concentração de hidrogênio expirado, em que o paciente sopra um aparelho, que detecta a presença de gases de fermentação da lactose no intestino.

Equilíbrio

Foi preciso a reação na pele, por meio de uma crise dermatológica, para que a publicitária e acadêmica de Direito Louise Fagury Marceliano, 33, descobrisse a intolerância à lactose. A estudante já tinha recorrentes sintomas de desconforto após o consumo de alimentos com lactose, há anos, mas, até então, nunca havia buscado ajuda. “Certa vez cheguei a vomitar sangue e então decidi que aquilo não era pra mim”, lembra Louise.

Num primeiro momento, a publicitária conta que fez dieta sem lactose e sem farinhas, para que saísse da crise. “Não sou uma pessoa que acredita em dietas restritivas e sim num equilíbrio. Cheguei a evitar leites e derivados até entender meus limites”, afirma ela, que hoje em dia consome derivados do leite, mas sem exageros.

Exclusão

Apaixonada por queijos, a médica Thayssa Menezes, 25, descobriu há oito meses a intolerância à lactose após muitos episódios de diarreia. “No início foi um pouco difícil deixar de consumir queijos e eu não tinha noção de como várias coisas possuem lactose”, conta ela, que passou a analisar rótulos no supermercado.

Thayssa retirou queijo, leite e iogurtes e chegou a tomar leite vegetal, entre eles, de amêndoas e de castanha de caju. Algumas receitas especiais também foram feitas por ela, porém, a decisão de retirada desses alimentos foi mais forte. “Com um tempo a gente vai se acostumando e não sente tanta necessidade como antigamente. Hoje só cozinho algo em ocasiões especiais”, afirma Thayssa, que optou em excluir definitivamente o leite do seu cardápio.
 
Tratamento

A nutricionista Priscila Reis explica que não há cura para a intolerância à lactose, pois não existe tratamento para que a produção da enzima lactase volte a acontecer. Por isso, o tratamento é nutricional, ou seja, com a redução ou exclusão de alimentos e preparações que contenham laticínios, e pode durar o resto da vida.  

Mais opções

Apesar dos desconfortos e mudanças de hábitos na alimentação causados pelo distúrbio do organismo, produtos sem lactose (lacfree) são encontrados com facilidade no mercado global e em Belém não é diferente.  
 
“Também é possível ir em um restaurante que não seja especificamente saudável e escolher um prato sem lactose”, aponta Thayssa.
 
Outra dica, segundo Louise, são as redes sociais. “Hoje em dia existem muitas receitas sem lactose e que são disponíveis nas redes sociais, basta procurar e ter um pouco de paciência”, afirma.
 
Para a publicitária, o maior problema está quando as pessoas se apegam a intolerância para reclamar que não existe nada que possam comer. “Espera aí. Você quer comer ou só sente vontade daquilo? Um bolo, por exemplo, pode ser feito com óleo ou até com suco, pão pode ser feito com água e assim por diante. Basta fazer boas escolhas”, conclui. 

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