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Conheçam as histórias de casais que se reencontraram para viver amores que nasceram no passado

Rodrigo Cabral
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“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. A frase, uma joia do cancioneiro, cunhada por Vinicius de Moraes explica bem a razão pela qual alguns amores precisam de tempo para se concretizar. “O mundo dá muitas voltas”, afirma um dito tão velho quanto preciso e que é válido para o amor também. Conheçam as histórias de casais que se reencontraram para viver amores que nasceram no passado.

Em tempos de relacionamentos líquidos, que tal ler histórias reais capazes de surpreender até roteiristas de novela? Com a proximidade do Dia dos Namorados, a Revista Troppo foi atrás de amores que sobreviveram a desencontros, adormeceram por anos (devido a circunstâncias diversas), mas que, como num golpe do destino, reacenderam com força total. Como dizem, “parece que estava escrito”. 

Amigos desde a infância, o casal Andréa (47) e Adriano Corrêa (50) viu o amor nascer, na adolescência, e renascer posteriormente, depois de ambos já terem vividos outras experiências matrimoniais. 

“Nos conhecemos desde que éramos crianças. O Adriano era o melhor amigo do meu irmão, frequentava bastante a minha casa e acabou virando meu amigo também. Crescemos juntos, saíamos juntos, tínhamos a mesma roda de amigos. Na adolescência, as coisas começaram a mudar um pouco. Quando tive o meu primeiro namorado, ele apresentou um certo ciúme e fomos percebendo que havia, ali, alguma coisa a mais. Quando eu tinha 17 anos e ele 20, começamos a ter um sentimento mais forte um pelo outro, gostávamos de estar sempre juntos. Iniciamos o namoro. Eu estava no início da faculdade e ele já quase se formando. Seguimos juntos por um ano, até que o Adriano foi fazer pós-graduação em Bauru, no interior de São Paulo”, conta Andréa. 

Eles ainda mantiveram a relação à distância por mais um ano, se comunicando por cartas e telefonemas. Porém essa condição acabou por esfriar o relacionamento, que chegou ao fim. Afinal, foram sete anos até que Adriano, cirurgião dentista, concluísse sua especialização, mestrado e doutorado e voltasse para Belém. Nesse tempo, Andréa concluiu sua graduação em Engenharia Civil, conheceu outro homem, namorou por cinco anos, casou-se e teve uma filha, a Giovana. Curiosamente, Adriano concluiu seu doutoramento algumas semanas antes das bodas de Andréa. De volta à capital paraense, encontrou outra mulher, também contraiu matrimônio e teve um filho, o Vitor. 

"Depois de sete anos, o meu casamento não deu mais certo e nos divorciamos. Na época, o Adriano já estava divorciado. E, como ele continuou sendo muito amigo do meu irmão, nossas famílias nunca deixaram de conviver. Livres, voltamos a nos encontrar em rodas de amigos, sair para os mesmos lugares e começou a nascer um novo sentimento, a vir aquela vontade de estar juntos de novo”, revela a engenheira civil. Não deu outra, recomeçaram logo a namorar. “Com um mês de namoro, já falávamos em casar, com a certeza de que tínhamos nascido um para o outro; que queríamos refazer a vida juntos”, afirma o cirurgião dentista. Dois anos depois, em 2007, realizaram o casamento civil e foram morar juntos, com a missão de começar uma família com os filhos que eram frutos dos relacionamentos anteriores. Um ano depois do casamento, a família cresceu com o nascimento do Leonardo, filho do casal. 

“Quando você já vem de um primeiro casamento e parte para o segundo, é tudo ou nada! Tem que dar certo. Nós dois entramos com esse pensamento. A primeira coisa que estabelecemos como condição foi aceitar o filho um do outro como nosso. E isso aconteceu naturalmente. Nem imaginávamos que teríamos um terceiro filho. A Giovana mora conosco, o Vitor mora com a mãe. Mas, desde criança, ele tinha visitas regulares a nossa casa, viajávamos juntos, sempre buscando uma aproximação, com muito amor e respeito”, lembra Andréa.  A sinergia foi tanta que, recentemente, a família realizou a festa de 15 anos da filha e, para surpresa dos convidados, os dois pais (o biológico e Adriano) entraram juntos com a jovem no momento da valsa. E o meio-irmão Vitor também participou de todos os momentos do baile. 

Pensa que acabou? Ainda tem muita magia nessa história. Depois do desencontro, reencontro, casamento civil, novo filho, o casal ainda queria subir ao altar. Porque não? “Entramos com processo de nulidade dos nossos casamentos anteriores junto à Igreja Católica, conseguimos a autorização e, em 2017, casamos novamente. Desta vez, no religioso”, comemora Adriano. Quando perguntei sobre felicidade, Andréa rapidamente disparou: “Somos muitos felizes, graças a Deus!”. Que sejam, assim, para sempre.

Quando tem que ser...


Edmundo Fernandes (50) e Maria Inês da Silva (52) também são prova da máxima “o que tem que ser, será”. Conheceram-se em 1984. Ela, na época, morava na casa da família do seu irmão. Ele, por sua vez, é irmão da cunhada dela e veio do interior de São Caetano de Odivelas, para passar uma temporada na mesma casa, em busca de trabalho na capital. Daquele primeiro encontro, vieram as trocas de olhares e o despertar de um sentimento que não chegou a se concretizar. Ficou apenas a promessa: “um dia, tu vais ser minha mulher”, lembra Edmundo. 

image Edmundo Fernandes e Maria Inês da Silva (Naiara Jinknss)

Dali, cada um seguiu seu rumo. Depois de um tempo, Maria Inês conheceu o homem que viria a ser o pai de seus dois filhos, com quem viveria por 10 anos. Edmundo também se casou com outra mulher e teve duas filhas. Após o primeiro casamento terminar, ela ingressou em um novo relacionamento, que durou mais quatro anos. Nesse período, já separado, o autônomo resolveu voltar a investir. “Ele passou a ir à minha casa, na saída do meu trabalho. Eu fui ficando envolvida, terminei o namoro que eu tinha para ficar com ele. Mas não queria compromisso: meu primeiro casamento tinha sido bem traumático e eu tinha receio de ter problema de novo”, conta Inês.
O casal seguiu o namoro por um ano. “Mas ele sempre dizia que queria morar comigo, que queria que eu fosse sua esposa. Até que um dia ele chegou de mala e cuia na casa da minha mãe e disse: ‘ou a gente vai ficar junto agora ou não vai mais’. E eu aceitei. E foi a melhor decisão que poderia ter tomado! Ainda ficamos na casa da minha mãe por um ano, até construirmos a nossa casa. Acabamos de completar 20 anos juntos. Meus filhos sempre moraram com a gente e têm com ele uma relação ótima”, afirma. 

Um recomeço, um recontrato

Para manter belas e inspiradoras histórias de amor como essas não basta contar apenas com a força do destino. A psicóloga Tainá Almeida, especialista em Terapia de Família e Casal, explica que as pessoas que se reencontram depois de um certo tempo precisam estar cientes de que viverão um momento novo, diferente da primeira experiência que tiveram, juntas, no passado. “Trata-se de um recontrato, uma nova relação. É preciso examinar o que, na vida atual, é importante para ambos; o que é negociável e que não é. A essa altura do campeonato, depois de ter vivido outros relacionamentos, é comum que as pessoas tenham suas ressalvas e algumas limitações. É fundamental ser transparente desde o início, deixar claras as suas expectativas. Mas, também, ter a certeza de que nenhum dos dois é obrigado a corresponder à expectativa de ninguém. Cada um precisa viver de acordo com os seus valores e interesses, obviamente, respeitando os limites do outro”, orienta.

image Tainá Almeida (Naiara Jinknss)

Ainda segundo a psicóloga, outro ponto crucial é se policiar para não tomar o relacionamento anterior como um balizador de forma taxativa. “As pessoas precisam ter em mente que, ao virem de outros casamentos, elas trouxeram aprendizados. E estes aprendizados são importantes, sim, desde que não sejam usados de forma categórica. As experiências podem somar, mas é preciso ser flexível e estar aberto a aprender coisas novas com o relacionamento atual”, afirma.  

Quando existem filhos dos casamentos anteriores, o diálogo deve ser ainda mais profundo. “Os filhos precisam entrar nessa renegociação. Fazê-los parte do processo é fundamental para a fluidez da relação. A criança não pode ser ignorada, não pode ser negligenciada, ela é parte importante da vida da oura pessoa e precisa ser inserida. Mas tudo tem que ser bem aliado e conciliado, inclusive com a outra parte (a mãe ou o pai divorciado). Os limites dessa criança têm que ser respeitados, entender até onde ela permite que se aproxime, Enfim, é preciso definir bem o papel e respeitar o limite de cada um”, conclui a psicóloga.

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