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Paraenses investem em cafeterias e grãos de qualidade

Fabiana Cabral

Se você é daquelas pessoas que não dispensa o café da tarde, não se considera acordado sem um xícara quente e fumegante ou trabalha o dia inteiro visitando o cantinho do café, certamente é um apaixonado pela bebida, mas talvez ainda não esteja pronto para ser chamado de “coffe lover”.

Victor de Almeida também demorou um pouquinho para compreender essa diferença. Apaixonado por café desde criança só se arriscou a preparar o primeiro quando já era adolescente. Bebeu litros e litros pra aguentar as viradas na época do vestibular... mas virada mesmo ele viveu quando foi apresentado a um tal café especial (e aqui é preciso deixar bem claro que “especial” não é adjetivo, é classificação): porque tem a ver como o tipo de plantio, de secagem, de torra e moagem, entre inúmeros outros fatores. “Como os cafés tradicionais, chamados comerciais, que a gente é acostumado a tomar, têm um gosto de queimado, não percebemos que são extremamente torrados, então colocamos açúcar e o gosto muda totalmente. Os cafés especiais nem precisam de açúcar, o que tu sentes é um sabor intenso e ácido e essa acidez pode ser reduzida através dos métodos de preparo e foi aí que comecei a perceber a diferença”. 

image Victor de Almeida (Naiara Jinknss)

Nessa busca pelo novo, Victor fez muitas experiências, começou a valorizar o cuidado com que o café era feito, incluindo cultivo e colheita até chegar à mesa do consumidor e se qualificou fazendo vários cursos. Foi um foi um caminho sem volta! O paladar foi ficando mais exigente e já não bastava apenas experimentar os bons cafés: era preciso levar esse conhecimento a um número maior de pessoas, foi aí que nasceu o @tomacafecomigo, um perfil delicioso, digamos assim, onde se encontram dicas preciosas pra quem já é “iniciado na arte” ou pra quem está começando a se aventurar em sabores mais refinados.

Larissa Neves Duarte, outra coffe lover assumida, também buscou o caminho da informação para engrossar as fileiras dos amantes dos cafés especiais, uma ferramenta importantíssima nesse momento em que Belém vive um “boom” de cafeterias, um negócio alavancado, em parte, pelos bons números apresentados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). De acordo com os números do Cecafé, no ano passado o faturamento com as exportações bateu a marca de US$ 5,1 bilhões, e as expectativas de crescimento apontam aumento de 2% até 2030, elevando a produção nacional para 72 milhões de sacas, 28 milhões delas apenas para consumo interno.

Larissa, que é servidora pública, divide o tempo entre o trabalho, as pesquisas sobre ciências criminais e um cantinho aconchegante no Instagram, chamado @viagens_gastronomicas, onde mostra um pouquinho da experiência que vem adquirindo, por meio de uma intensa agenda de aprendizado que inclui, claro, muitas viagens, seja no Brasil ou no exterior. “Eu sempre gostei de gastronomia, apesar de ser formada em Direito sempre foi meu hobby, sempre gostei de cozinha, e meus amigos sempre recorriam para perguntar de lugares pra ir nas viagens ou aqui em Belém. Resolvi criar um insta pra dar essas dicas de forma aberta a quem quisesse e, quando passei a divulgar a cultura da gastronomia no Pará e no mundo nas minhas viagens, [o perfil] foi crescendo. Naquele momento decidi que ia me qualificar, fui fazer o curso no Coffe Lab, em São Paulo, referência nacional em café, e assim meu Instagram foi se transformando, se modificando e hoje virou uma referência de informação e divulgação para as pessoas que buscam tomar café especial”.

image Larissa Neves Duarte (Naiara Jinknss)

O café fez com que os caminhos do Victor e da Larissa se cruzassem. Eles trocam figurinhas, compartilham o conhecimento adquirido e cada um, da sua forma, tem mudado hábitos que vinham se fortalecendo geração após geração e nem sempre da forma correta. Ou você acha que é fácil explicar pra sua avó ou até para sua mãe que aquele café cheiroso, quente e forte que ela fez a vida inteira é de baixa qualidade, que tem até 30% de misturas que “camuflam” o sabor?

Rindo, o Victor conta que a mãe dele já não esconde a preocupação de preparar café para o filho, mas o riso fácil também é resultado do feedback que tem recebido por conta do @tomacafecomigo. “Isso me deixa muito grato, as pessoas irem atrás de locais que eu indico. Muita gente me procura e diz que adorou o local que indiquei, que nem sabia que tinha, outra conta que conheceu um local que era perto de casa e ela não conhecia, e isso me instiga a sair procurando mais e mais e incentivar as pessoas a continuarem vendendo, a criarem locais, porque a criação do @tomacafecomigo mudou minha relação com as pessoas”.

Ele explica que passou a enxergar as cafeterias como um todo, quando passou a entender como as coisas funcionam dos dois lados do balcão. “Não vejo apenas o lado do cliente, do consumidor; observo também o do empresário, que tem que lidar com os funcionários, que nem sempre vai ter bom dia, então, hoje, se uma situação me desagrada, não olho só o negativo, o que me incomoda. Agora coloco na balança, se tem mais coisas positivas avalio como algo bom, se tem mais coisas negativas eu apenas deixo de recomendar”.

Larissa também anda curtindo muito essa possibilidade de mudar os hábitos das pessoas, por meio da boa informação e acompanhar o crescimento de quem recebeu e, principalmente, absorveu o valor daquilo que foi repassado. “Eu me sinto muito feliz de poder propagar coisas boas, a cultura do café especial, poder fazer com que as pessoas consumam produtos de qualidade, acrescentar essa informação qualificada na vida delas e também trazer esse ritual, que é uma coisa que elas têm gostado de fazer”.

O ritual ao qual nossa viajante gastronômica se refere faz parte do cotidiano dela. Acordar antes de o sol nascer para moer o próprio café, escolher o grão, o método de preparo e aproveitar cada etapa desse processo, desde o cheiro dos grãos moídos até a sensação reconfortante que a bebida proporciona. “Eu tenho esse ritual do café da manhã, não saio sem ele e essa forma de preparo muda conforme o humor com que você acorda, ás vezes quer um café mais intenso, às vezes você quer um café mais leve ou uma maior praticidade facilmente resolvida, por exemplo, com a cafeteira italiana, então com certeza os métodos vão oscilar com seu humor do dia, com sua disponibilidade de tempo”.

Paixão que virou negócio
Outro perfil delicioso de degustar, ou melhor, de acompanhar, é o @bemcafeinado, uma criação da Liane Dias que, diferente dos amigos Victor e Larissa, já deu um passo a mais nesse relacionamento apaixonante com o café especial e o que era só um namoro virou casamento. Sim, Liane não apenas dá informações, dicas e orientações, agora ela comercializa o café e abastece as despensas de quem já apurou o paladar e não mais abre mão de grãos selecionadíssimos. 

Para Liane, que também é barista, esse foi um caminho natural. “"Partiu da minha necessidade de tomar café de qualidade em casa e de ficar perto do mundo dos cafés para descobrir novos sabores sempre, além de gostar de vender. Aí apareceram os amigos que também gostam fazendo pedidos e a oportunidade estava na minha frente", afirma.  Segundo a representante comercial todo dia cresce o número de pessoas se interessando pelo café especial. "Ainda tem um longo caminho a ser percorrido, me dedico a fazer um trabalho de sensibilização do mercado consumidor. Formiguinha mesmo, mas aos poucos vamos ganhando mais espaço. Quero que o público compreenda que o café especial tem valor agregado na cadeia toda e precisa ser valorizado. E os melhores cafés do Brasil estão acessíveis em Belém".

Se depender da Caroline Malveira, que trocou a Marinha Mercante pelo prazer de comandar uma cafeteria, essa acessibilidade será cada vez maior. “Aos 35 anos, só tinha duas certezas: uma que eu queria ter meu próprio negócio e outra é que queria fazer algo que me desse prazer, que eu ficasse feliz de acordar todo dia e ir trabalhar. Queria algo que pudesse contribuir para as pessoas, para a sociedade. Frequentar cafeterias sempre foi um hobby, então comecei a montar uma cafeteria ideal, na minha cabeça, que fosse um espaço de cultura, flexível, agregador, confortável”

O resultado atende pelo nome de Torradela, um dos dois únicos lugares em Belém que faz a própria torra dos grãos vendidos ou servidos no local, mas até chegar aqui foi preciso estudar, absorver informação, se capacitar, fazer muitos cursos até começar a entender a indústria do café. Daí, ela conta, foi um passo para o encantamento.

“ Eu entendo que o café tá presente na nossa vida, na minha desde que me entendo por gente, desde pequena já consumia muito café, mas percebo que ás vezes falta uma orientação, falta uma informação para as pessoas entenderem o que é a qualidade do cafés. Esse trabalho de divulgação dos amantes dos cafés é fundamental. Hoje em dia a divulgação pelo IG [instagram] é um parceiro muito importante e essa interação é muito prazerosa, porque eles têm credibilidade e as pessoas realmente aparecem pra conhecer, avaliar, e passar as dicas adiante”.

Então, da próxima vez que bater aquela vontade de tomar um café, dê uma voltinha pelos perfis do Victor, da Larissa e da Liane e escolha qual opção vai começar a mudar a sua vida.

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