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Atenção às varizes

Médicos reforçam que surgimento de microvasos e dilatação de veias podem indicar problemas na circulação sanguínea e precisam de acompanhamento

Jamille Reis

Elas podem parecer mínimas e incomodar apenas esteticamente, mas as varizes indicam alterações no sistema circulatório e podem evoluir para perda de funcionalidade. Em casos mais graves, a condição pode levar ao desenvolvimento de trombose venosa profunda, que é a formação de coágulos no interior das veias, e até mesmo a migração deste trombo para vasos pulmonares, ocasionando a embolia pulmonar, ou seja, o bloqueio de vasos, que pode levar à morte. 

 Por isso, a doença precisa de atenção e acompanhamento especializado. De acordo com o cirurgião vascular Felipe Soares Ribeiro, varizes são veias tortuosas e dilatadas. Geralmente, elas surgem com o envelhecimento, mas podem ser precipitadas por diversos fatores. 

image Felipe Ribeiro (Divulgação / Acervo Pessoal)

"A herança genética é fator extremamente comum na doença venosa e, portanto, indivíduos com parentes de primeiro grau com histórico desta afecção devem se preocupar desde cedo", explica o médico. 
 
A condição também é mais comum entre mulheres. Estatísticas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) indicam que 38% dos adultos convivem com varizes. Já no público feminino, o percentual é ainda maior: 45%. Entre pessoas com 70 anos, 70% têm algum grau do quadro conhecido por insuficiência venosa crônica.
 
"As mulheres são prioritariamente mais atingidas. Isso se deve principalmente a questões hormonais. O período gestacional, por si só, também é um fator de risco para evolução de doença venosa, entre outros fatores, pelas alterações na dinâmica venosa pela qual passa a mulher e o feto durante o período", explica Felipe, que acrescenta que não há idade fixa para o surgimento das varizes, podendo acometer desde adolescentes até pessoas da terceira idade. 
 
O cirurgião vascular Victor Hugo Guerreiro Américo Gomes destaca ainda que alterações dos níveis hormonais durante o ciclo menstrual, tanto pelo uso de anticoncepcionais, como terapia de reposição hormonal, são condições que podem impactar na incidência de varizes de membros inferiores nas mulheres. 

image Victor Hugo Guerreiro Américo Gomes (Divulgação / Acervo Pessoal)

"Há ainda outros fatores que também influenciam no surgimento ou agravamento das varizes, como idade, sobrepeso, sedentarismo, atividade ocupacional e trombose venosa profunda prévia", explica o Victor Hugo, que é coordenador do serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Universitário João de Barros Barreto. 

Tipos

Felipe Ribeiro explica que a doença venosa possui graus distintos, entre eles, os vasinhos finos (telangiectasias ou microvarizes), conhecidas como aranhas vasculares, com espessuras menores que 1 milímetro. "Normalmente são superficiais à pele e muito visíveis", explica o médico. 
 
Já as veias reticulares, normalmente de 1 a 3 milímetros, ocupam uma camada mais interna na pele, subdérmica. E, por fim, as veias varicosas, que são veias dilatadas e tortuosas e ocupam o compartimento do subcutâneo e são responsáveis pelos quadros de maior gravidade.  
 
"Dentro da insuficiência venosa, classificamos as varizes desde as simples telangiectasias até as varizes tortuosas com complicações como úlcera e ferimento nos membros inferiores", destaca Felipe.
 
Já os estágios mais avançados podem ser associados a alterações de pele, como aparecimento de manchas escuras ou atrofia de pele, conforme explica Victor Hugo.

"Além do risco de trombose e embolia pulmonar, em casos mais complexos, há riscos de traumatismos nas varizes de membros inferiores, promovendo sangramentos, que podem, por vezes, necessitar de procedimentos invasivos para serem corrigidos", destaca Victor. Segundo o médico, em casos de úlcera ativa, as lesões podem ainda evoluir para infecções. 
 
Sinais 

A personal trainer Patrícia Barros, de 37 anos, conta que os microvasos vermelhos e arroxeados em toda a perna começaram a surgir desde os seus 24 anos. A partir dos 30, ela percebeu aumento e passou a sentir formigamento nas pernas, além de inchaço e dor. Foi então que passou a pesquisar mais sobre o assunto, na internet, em busca de tratamentos.

image Patrícia Barros (Divulgação / Acervo Pessoal)
 
 "Vi publicações sobre tratamentos minimamente invasivos, sem necessidade de cirurgia e internação e fui atrás. No meu caso, os vasos não apresentavam risco e o tratamento precoce foi muito importante para que não evoluíssem para um problema maior no futuro", conta ela, que realizou um procedimento a laser associado a medicação tópica há cerca de um mês. 
 
"Percebi uma melhora de 80% do que era. Foi um procedimento tolerável e com uma recuperação tranquila. Seguindo todas as recomendações médicas os resultados são incríveis", afirma a personal trainer.
 
Também aos 30 anos, a empresária Sheyla Froes, de 47 anos, foi em busca de tratamento, pois sentia dores nas pernas. Ela conta que ao engravidar, aos 24 anos, teve muitas câimbras e não sabia a causa. "Com o passar dos anos isso tudo só foi piorando, com muitas dores e cansaço nos pés. Até então, não sabia o motivo", relembra. 

image Sheyla Froes (Divulgação / Acervo Pessoal)

Ao buscar acompanhamento médico, embora esteticamente as varizes não fossem aparentes externamente, precisou se submeter a uma cirurgia para tratá-las. "Tenho histórico da doença na família, com meu pai e minha mãe, então, por isso, é muito importante ir em busca de tratamento, investigar melhor qualquer dor ou sinal", alerta.
 
Tratamentos

Entre os principais sintomas a serem observados, estão dor e cansaço na perna, sensação de fadiga intensa, eventualmente prurido (coceira), alterações de pigmentação próximo da região onde tem as varizes e vasinhos. 
 
O médico Felipe Soares explica que há diversos tratamentos disponíveis e que a escolha depende, prioritariamente, da classificação em que se encontra a doença venosa do paciente. Entre as opções para tratar graus leves, há escleroterapia (injeção de uma substância diretamente na variz para eliminá-la) e laser transdérmico, método não invasivo em que um pulso de luz penetra a pele, elevando a temperatura no interior do vaso e resultando na destruição da parede da veia e oclusão das varizes e vasinhos, sem danificar a pele. 
 
"Nas fases iniciais, a escleroterapia estética, procedimento este, realizado com o intuito de 'secar os vasinhos', possui, incontestavelmente, um excelente resultado prático e impacto muito positivo na autoestima e na qualidade de vida da pessoa portadora desta condição", acrescenta o cirurgião vascular Victor Hugo.   
 
Já para casos com veias reticulares e varicosas, pode ser indicado desde microcirurgias, cirurgia convencional, termoablação (procedimento que faz a queimadura ou carbonização da veia por técnica minimamente invasiva e sem cortes) ou até mesmo a espuma (procedimento que faz a escleroterapia de grandes veias varicosas por um produto de maior poder de esclerose chamado polidocanol). 
 
"As opções são múltiplas e variadas e cada caso deve ser avaliado de forma individualizada", destaca Felipe Soares. 
 
Já Victor Hugo faz um alerta: "a prevenção do surgimento de varizes nos membros inferiores continua sendo a melhor medida a ser tomada para manter a saúde e a beleza das pernas. Realizar atividade física orientada regularmente; controlar o peso corporal; intercalar períodos sentado (a) e em pé, evitando assim, permanecer do mesmo modo por um tempo muito longo; evitar cintas abdominais apertadas; e utilizar diariamente meias elásticas são hábitos importantíssimos para cultivar pernas saudáveis", pontua.

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