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Pets exóticos: animais exigem cuidados especiais

Você teria uma cobra como bicho de estimação? Leia o depoimento de pessoas que se renderam aos encantos das serpentes e de outros animais silvestres

Rodrigo Cabral
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Lucy Morningstar vive em um aquário é muito brincalhão. Com hábitos noturnos e movimentos rápidos, sempre intriga e chama a atenção do seu dono, durante a madrugada. Fofo, né? Lucy é um escorpião negro que, literalmente, invadiu a vida do turismólogo Júlio Cézar Raiol, de 25 anos. “Ele foi encontrado no forro do quarto da minha mãe, em fevereiro deste ano. Um dia, ela gritou e eu corri para ver o que tinha acontecido. Quando cheguei lá, vi um escorpião grudado no teto e, entre as súplicas de ‘mata, mata, mata’, não tive coragem e decidi colocá-lo em um aquário desativado e esperar até quando ele conseguisse resistir. Mas o animal se adaptou muito bem. Foi ficando e eu fui organizando o aquário: pus areia, uma toca, água... e, quando percebi, eu estava cuidando de um ‘pet’ totalmente improvável”, revela. 

Esse não é o primeiro animal exótico de Júlio Cézar. “Quando criança, tive muitos e diferentes. Já criei uma tarântula e sapos, além de tartarugas, arraia, peixes exóticos. Na época, eu queria ser biólogo e a minha diversão era ir para o quintal de casa ‘explorar a natureza’. Minha mãe, que sempre me apoiava com meus bichos, desaprovou totalmente o escorpião. Mas os escorpiões são animais muito interessantes. Eles brincam e se banham. Por vezes, me deparei com o Lucy fazendo a carcaça de uma barata de brinquedo, carregando pra lá e pra cá e mergulhando no bebedouro - um copinho de remédio que eu adaptei, onde ele fica se limpando”. 

Como todo 'bichinho' de estimação, o escorpião recebe cuidados especiais. O turismólogo aprendeu sobre as necessidades do animal, como a alimentação, por exemplo. “Os escorpiões se alimentam de insetos. O Lucy adora baratas, então, eu tenho que sair procurando por aí e conseguir um jeito de capturá-las sem matar, pois ele só come quando estão vivas. Como é uma criatura noturna, passa o dia dentro da toca e sai durante a madrugada. Certa vez, capturei um ambuá para ver se ele comeria, mas acabou nascendo uma amizade (risos). Ele levava inseto nas costas para os quatro cantos do aquário, mas tive que separá-los porque o ambuá vive em locais úmidos e o escorpião é de áreas secas”, relata Júlio Cézar.

Nos braços, com a ternura de um bebê

Agora, imagine a cena: uma criança está sentada na sala, uma cobra se aproxima e começa subir pelos seus ombros. Provavelmente você entraria em desespero, mas a pequena Maitê, de dois anos e meio, ri e se diverte muito. Filha da estudante de Medicina Veterinária, Ively Maluna Ferreira de Almada, a garota convive com a jiboia desde que nasceu. “Sempre tive interesse na criação de animais silvestres e exóticos. Durante a minha graduação em Biologia, conheci meu noivo, que adquiriu uma jiboia da Amazônia de um criadouro e demos a ela o nome de ‘Bebê’. Quando fomos morar juntos, a cobra foi também”, lembra Ively.

image Felipe Furtado , Maitê e Ively Maluna Ferreira de Almada (Naiara Jinknss / Troppo)

 

A Bebê passa a maior parte do tempo em um terrário na sala do apartamento do casal, é um recinto que fornece segurança para o animal, de onde ele só sai se for retirado pelos seus donos. “Quando a jiboia está fora do terrário, está permanentemente sob nossos cuidados e atenção. Nunca a deixamos em nenhum lugar sem supervisão, pois, além de fugir, o animal também pode se machucar”, afirma. O nome e a atenção destinada à serpente já renderam muitas histórias engraçadas na vida do casal. “Logo que nossa filha nasceu, pedi para o meu noivo limpar a bebê, me referindo à troca de fralda. Quando vi, ele estava limpando o terrário da cobra”, conta entre risos. 

A acadêmica de veterinária explica que as jiboias necessitam de cuidados específicos, porém não extensivos. “Elas têm um temperamento calmo, não fazem barulho ou sujeira. São excelentes animais para quem não tem muito tempo disponível, diferente de um cão ou gato. Para esta espécie, a atenção principal é quanto ao controle de temperatura e umidade, todavia, nosso clima e banhos de sol diários nos fornecem um ambiente perfeito. Em outras cidades do Sul e Sudeste, por exemplo, pode ser necessário usar lâmpadas de aquecimento (UVA e UVB), termostato e até mesmo vaporizador de água”, detalha. Sobre alimentação, as jiboias são carnívoras consomem presas vivas ou recém-abatidas. Os donos da Bebê oferecem a ela camundongos ou coelhos comprados em biotérios.
 
O encanto da serpente
 

Em uma viagem pela Europa, o engenheiro de Produção, José Megale Neto, 25 anos, teve muitas experiências inesquecíveis. Além das paisagens, dos aspectos da cultura e da gastronomia, o jovem teve sua atenção despertada pelos diferentes tipos de animais que eram vendidos nos petshops. “Eram muito diferentes dos que estamos acostumados a ver por aqui. Então, comecei a pensar em quais bichos exóticos eu poderia ter aqui no Brasil. Daí, surgiu a ideia de ter uma jiboia. Desde criança, gosto muito de animais exóticos, principalmente os répteis. Comprei o Shelby (nome dado por ele à cobra) em 2014. Hoje, ele mede aproximadamente um metro e noventa centímetros”, diz.  

image José Megale Neto (Naiara Jinknss / Troppo)

 

José também destaca a praticidade no cuidado de uma serpente: “a jiboia é um animal de fácil manutenção, não requer espaços muito grandes, pois passa maior parte do tempo em repouso e necessita se alimentar apenas de uma a duas vezes por mês. É importante proporcionar a ela um ambiente com temperatura controlada - para o animal poder se termorregular - e tocas para se esconder”. Justamente, buscando um esconderijo, que o Shelby deixou seu dono rastejando de preocupação. “Eu estava fazendo a limpeza do terrário e não o prendi na caixa de transporte, ele ficou por duas horas sumido até eu encontrá-lo dentro de um rádio antigo do meu pai. O Shelby adora se entocar”, conta o engenheiro de Produção.

Como ter uma serpente - A criação de répteis já é considerada a terceira maior indústria pet nos Estados Unidos e na Europa, vindo depois apenas dos cães e gatos. No Brasil, ter cobra como animal de estimação é permitido desde 1997, com a exigência de que não seja peçonhenta. Para isso, os ofídios precisam ser adquiridos de um criadouro legalizado pelas instituições ambientais, que possua autorização para manejo e comércio das espécies. “Quando o criadouro envia o animal ao comprador, junto dele vem a nota fiscal do IBAMA, contendo a numeração do microchip daquela serpente, que indica a procedência regular. Além disso, por vezes, a empresa também podem fornecer uma certidão de origem”, explica a estudante de Medicina Veterinária Ively de Almada.

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