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Amamentação com respeito e liberdade

Dominik Giusti

O ato de amamentar em espaços públicos, que deveria ser natural aos olhos de qualquer pessoa, ainda é uma questão desconfortável a ser enfrentada por diversas mães, por conta dos olhares indiscretos e de reprovação alheia. Há leis, que foram elaboradas dentro do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para garantir esse direito a ambos, pela livre demanda do bebê, em locais públicos ou privados. Em alguns estados, como São Paulo, é prevista multa para quem proibir a amamentação, constrangendo a mãe. 

Em recente entrevista, a atriz Ísis Valverde, revelou ter sido vítima de comentários maldosos e de notícias de duplo sentido, ao publicar, no Instagram, uma foto amamentando seu filho Rael, de um ano, com a legenda “hoje tem amor de mãe”. Um site de fofocas insinuou que a atriz havia publicado uma foto com os seios de fora e com a legenda “hoje tem” – legenda maldosa e distante do contexto original da imagem e da mensagem. 

image Isis Valverde (Divulgação / reprodução Instagram)

“Uma foto minha amamentando meu filho foi completamente deturpada. O que me deixa aliviada é que não nos calamos mais diante disso. Obrigada a todas as pessoas que apontaram o absurdo que é sexualizar este ato tão saudável e natural da amamentação. Sigamos”, escreveu em sua conta da rede social, com uma ilustração escrita ao lado em que se lia: “não sexualize”. 

Em Belém, algumas mães entendem bem o desabafo da atriz e o que o assunto significa. A chef Ilca Carmo amamentou a filha Mel Carmo Anijar, de 2 anos e 4 meses, e entende todas as nuances dessa fase para mães e filhos, com as alegrias e dificuldades físicas e emocionais. Por isso, no restaurante do qual ela e o marido, o também chef Paulo Anijar, são proprietários, se uma mulher amamentar o filho lá, recebe uma pequena cortesia da casa: um gesto de acolhimento em forma de água ou suco.  

image Ilca Carmo e a filha Mel Carmo Anijar (Divulgação)

“Eu não abro espaço para que as pessoas se sintam à vontade para reclamar de algo que é natural. Amamentei de forma muito natural, onde eu estivesse. Não ficava constrangida. Mas é curioso como as outras pessoas ficam e começam a olhar para o seio. É importante ajudar e cuidar disso com outras mães”, diz. 

Ela também ficou indignada com a repercussão do caso de Ísis Valverde. “Aqui no Brasil as pessoas acham lindo mulher com peito de fora no carnaval, mas se for para amamentar, não pode. Cobrir o rosto da criança para poder amamentar é sufocante, não acho que isso deva acontecer. O que devem existir são espaços cada vez mais acolhedores e confortáveis para a mãe e o bebê”, defende. 

Diferentes experiências

A médica Louise Machado, 30, é mãe da Sophia, de 13 anos, e de Maria Vitória, de apenas 5 meses e meio. Uma gravidez na adolescência e a outra, já numa fase mais madura, deram à ela experiências diferentes sobre o amamentar. E posturas também. Com a primeira filha, muitas orientações vinham do núcleo familiar e por vezes, carregados de tradições que já não se costuma mais repassar. Além disso, por ter que voltar a estudar, Sophia acabou desmamando muito cedo.

Com a Maria Vitória ela pode aproveitar os seis meses da licença maternidade e aproveitar o momento de outra forma, com mais dedicação e outras conjunturas. “Fui educada para cobrir a mama, para ter muito pudor. O que me chama atenção é como isso é algo que passa de mulher para mulher! É algo entre mulheres”, diz. “Esse caso da Ísis Valverde chama atenção pela sexualização da mãe, como se também não fôssemos as responsáveis pela amamentação”, opina. 

Com o apoio do marido, Louise diz que se sente livre para amamentar em qualquer lugar e que também não permite que esse direito seja violado. Ela questiona: “você imagina todos comendo em algum lugar e a bebê, não? Se fosse mamadeira era melhor? Não era. Eu acho que isso tem a ver com a falta de informações e de campanhas para após o parto. Já se fala muito em parto humanizado, mas depois também há uma série de novidades para toda a família”, finaliza. 

Leis garantem amamentação

Em um concurso público: Desde o dia 18 de outubro, a Lei 13872/19 garante o direito de amamentar bebês, de até 6 meses de idade, durante as provas. A amamentação é permitida por períodos de até 30 minutos por filho, em intervalos de duas horas.

CLT: É de 1943 a lei que garante às mães lactantes intervalos na jornada de trabalho para amamentar os filhos, até que eles completem um ano, com dois descansos de meia hora cada um, computados na jornada de trabalho. A jurisprudência trabalhista tem admitido que os dois intervalos de trinta minutos podem ser substituídos pela redução de uma hora da jornada de trabalho.

SP e RJ - Em 2015, a cidade de São Paulo aprovou a lei nº 16.161/15 que deixa claro o direito de amamentar em qualquer que seja o local (público ou privado, aberto ou fechado) e estipulou uma multa para quem impedir esse direito. No mesmo ano, entrou em vigor no estado do Rio de Janeiro a Lei n.º 7.115/2015 que também garante a amamentação em público sob pena de multa para quem tentar impedir.

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