CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Alexandre Sequeira: Para além da imagem

O artista e professor conduz workshop em torno da imagem no contemporâneo

Por YvanaCrizanto

Você já parou para pensar no papel das imagens nos dias de hoje? No quanto de informação acessamos essencialmente por intermédio delas? A imagem está presente na história da humanidade desde seus primórdios e, de certa forma, sempre manifestou os temores e expectativasdos desafios do viver. Nesse contexto, o artista e professor Alexandre Sequeira realiza o workshop "A imagem no regime estético da arte contemporânea", entre os dias 6 e 8 de novembro, permeando os olhares sobre a imagem ao longo da história até a contemporaneidade. Sobre a temática, o artista levanta a reflexão a seguir:

Se pensarmos no percurso da imagem desde seu surgimento até os dias de hoje, percebemos que, tanto do ponto de vista do avanço das técnicas de representação, dos materiais empregados e, mais recentemente, dos dispositivos fotográficose seus usos e aplicações, podemos perceber que ela sempre esteve invariavelmente vinculada ao modo como a humanidade se relaciona com o mundo, forja suas relações identitárias e atua nas relações de poder que regem a existência em coletividade. É como se cada avanço nas formas de representação do mundo ao longo dos tempos, cada passo na busca por reproduzi-lo demodo mais fiel, trouxesse em seu cerne o desejo da humanidade de entendê-lo, de dominá-lo.

image Tudo tão breve, 2013. Keyla Sobral. (Tudo tão breve, 2013. Keyla Sobral.)

Agora imagine o papel da imagem fotográfica num mundo cada vez mais conectado e ditado por uma lógica essencialmente imagética. Sua capacidade de romper eventuais barreiras comunicacionais e colocar em circulação determinados conteúdos coloca-a em uma posição de protagonismo em todas as relações que se estabelecem nessa grande aldeia global.

O fotógrafo e designer húngaro LaszloMoholy-Nagy já antevia na primeira metade do século XX que “os analfabetos do futuro não seriam apenas aqueles que ignorassem a linguagem escrita, mas também todos os que ignorassem a leitura das imagens”. A revolução digital das últimas décadas determinou, talvez, a mais recente e radical transformação da relação da humanidade com as imagens. A socialização da experiência de sua produção e difusão promoveuuma ruptura nos modelos de visão até então vigentes e contribuiu de forma inequívoca para a constituição de um novo sujeito observador, de novos procedimentos de subjetivação e de estratégias de afirmação da alteridade.

image Vero, 2019. Pablo Albarenga. Da Série “Seeds-of-resistance" (Pablo Albarenga)

Se pensarmos, por exemplo, no tempo que a experiência fotográfica nos demandava há 30 anos atrás e o tempo no qual esta mesma experiência se dá nos dias de hoje; ou narevisão que essa nova dinâmica promove, por exemplo, em nosso entendimento do valor documental de uma imagem, percebemos o quanto experimentamos mais uma vez – agora por via das imagens fotográficas - profundas transformações em nossos modos de viver e de entender o mundo.

Pensar a imagem fotográfica hoje, demanda uma disposição a vislumbrar promessas de sentido provisório num território saturado de conteúdo visual. O que se oferece não são mais respostas únicas, mas múltiplas possibilidades de entendimento em narrativas pautadas por um estatuto que pressupõe as tensões entre semelhança e dessemelhança, analogia e desfiguração, forma e informe.

E se considerando as obras de arte como uma cartografia emocional de uma sociedade e o campo onde esse conteúdo é produzido como o espaço para a afirmação do contraditório, para encontro e embate saudável e edificante entre diferentes pontos de vista, fica evidente que a compreensão das imagens é algo que se coloca para além de uma educação estética, mas acima de tudo como um alfabetismo visual indispensável para os dias de hoje. O filósofo americano Richard Schusterman diz que “a Arte edifica apenas quando suas imagens não são simplesmente produzidas ou consumidas, mas quando são compreendidas e apropriadas criticamente”. 

image Cópia de A CLARKE, série Identicus - Marcelo-Gobatto 2012 (Marcelo-Gobatto)

O artista

Alexandre Romariz Sequeira, é artista visual, doutor em Arte pela UFMG e professor do Instituto de Ciências da Arte da UFPa. Desenvolve trabalhos que estabelecem relações entre fotografia e alteridade social, tendo participado de encontros de fotografia, seminários e exposições no Brasil e exterior. Tem obras no acervo do Museu da UFPa, Espaço Cultural Casa das 11 Janelas; Coleção Pirelli/MASP, Museu de Arte do Rio/MAR, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Museu da Fotografia/CE e Coleção de Fotografia da Associação Brasileira de Arte Contemporânea/ABAC.
 
Serviço:
Workshop “A imagem no regime estético da arte contemporânea”, com Alexandre Sequeira, de 6 a 8 de novembro, recebe inscrições até 3 de novembro ou até o limite de vagas, no formulário on-line: https://bityli.com/EVkE4. Mais informações https://www.kamarakogaleria.com.br

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Troppo
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!