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Adestramento: treinamento para pets e seus donos

Treinamento, atualmente, não é focado só no animal, mas também na família, e deve durar por toda a vida

Flávia Ribeiro

Você não resistiu a um focinho fofo e levou para casa um cachorro. O tempo passa e você não pode sair de casa porque quando volta, o filhote mordeu sapatos, arranhou móveis e deixa tudo bagunçado? As conversas não estão resolvendo, as reclamações também não... E agora? Este pode ser o momento para pedir a ajuda de um adestrador.

As situações acima foram a rotina da psicóloga Danielly Oliveira, dona de Valentina, uma cachorra sem raça definida que foi adotada aos dois meses e hoje tem sete meses de idade. “Eu a conheço desde o seu nascimento, que foi em um depósito abandonado de um amigo. Trouxemos para casa, ela foi crescendo e destruía móveis, fazia xixi no lugar errado. Foi um período bem complicado porque a gente chega em casa cansado e encontra uma bagunça. Dá um desânimo”, relembra.

Ela decidiu procurar a ajuda e descobriu que, ao contrário do que imaginava, não sabia repreender esses comportamentos. “O adestrador ensinou que animais e donos têm lugares específicos. Sem saber acabávamos reforçando os comportamentos errados porque tudo o que eles querem é carinho e atenção. Quando ela fazia algo errado, eu brigava, mas abraçava em seguida, ou seja, ela já conseguiu que queria e continuava com os comportamentos”, comenta.

image Golden retriever (Divulgação)

Na casa, ainda há o marido da psicóloga e o gato José Bento. Cão e gato na mesma casa, parece ser sinônimo de confusão. Mas, até isso melhorou nos últimos meses. “O José Bento agora é uma companhia para a Valentina. Eles brincam enquanto estamos fora e fica tudo bem quando voltamos”, comemora. 

A psicóloga diz que adestrar não é bom somente para os donos, mas também é para o animal, porque ele passará a ter uma rotina e não vai sofrer alguns problemas, como ansiedade da separação. “Agora, chego em casa e nada foi destruído. Eu também não sofro. Estamos muito felizes, foi o melhor investimento que poderíamos fazer para o bem-estar na nossa família. Está um clima mais harmonioso”, destaca, mas ressalta que é necessário ter responsabilidades, como a de caminhar duas vezes por dia, para diminuir a ansiedade. 

É este clima de harmonia que empresária Naiara Oliveira está querendo para a sua vida. Ela é dona de um Petshop, onde o seu cachorro Sushi está crescendo e onde também demonstra alguns problemas. Ela começou o treinamento há duas semanas, mas diz que já está percebendo mudanças positivas. “Ele estava muito agressivo na questão de territorialidade e em relação a outros cães. Como lido com clientes e outros pets, eu estava precisando de ajuda. Ele não gostava que se aproximassem da área dele, agora está bem mais tranquilo”.

Sushi foi adotado antes de completar o primeiro mês de vida. Com o tempo, ele veio demonstrando problemas e ela decidiu fazer os ajustes. “Ele tem dependência muito grande. Quando chorava, eu colocava no meu colo. Agora, está sendo treinado para dormir sozinho. A disciplina é um fator muito importante. Antes, ele comia os alimentos dos outros animais, costumava roer nossos objetos. Mas com poucas semanas, já está comendo sem a guia, sem brigar e nos horários certos”, comemora.

De vendedor a adestrador
Erik Freitas é adestrador profissional há três anos. Ele sempre teve contato e gostou de cães, mas trabalhava com vendas de software. Durante esse período, vendeu um sistema para um Petshop e conheceu um adestrador, que mostrou um panorama do mercado para ele, que não estava feliz profissionalmente e buscava uma nova atividade. E mudou de profissão. Foi buscar qualificação, mas não existe curso universitário ou técnico. “A dica é ficar de olho nos bons profissionais, aqueles que já tem muitos anos de experiência. Eles promovem cursos. Eu fui São Paulo para isso. É necessário que a gente invista na nossa formação e qualificação” revela.

Ele diz que o mercado em Belém está começando a se abrir, mas ainda é pequena a oferta de profissionais na cidade. Ainda é grande a confusão sobre adestramento. Em geral, ainda há a imagem de que é voltado para cães de grande porte porque o treinamento começou a ser desenvolvido entre militares, por isso, atualmente, a área mais conhecida é a de guarda e proteção para cães. Mas, a de pet e cães de companhia também vem crescendo bastante. “A diferença está basicamente que o pet deve estar pronto para a convivência na sociedade, para viver solto em casa, na pracinha ou no shopping. Os comandos são iguais, mas a função de cada animal é diferente”, explica Freitas.

image Puppy ()

Antes de chamar um profissional é importante que o dono entenda que o adestramento não é focado só no animal. “A família precisa estar disposta a mudar o comportamento e participar ativamente de todo o processo. A educação não é finalizada com a sessão. O profissional não vai resolver todos os problemas. É preciso escutar e seguir as orientações. Quando isso acontece, os resultados vêm mais rápido, com dois meses já percebemos mudanças positivas” afirma.

Se você está pensando em comprar ou adotar um animal, Freitas informa que é importante buscar informações antes. “É normal as pessoas se decepcionarem. Compram pela emoção. Constroem a imagem de que vão ter um cachorro ao lado quando estiverem na frente da TV, que quando saírem de casa só vão pegar a coleira e usar sem problemas. Só que dá trabalho ter um animal. É necessário pesquisar antes de comprar ou adotar mesmo” fala. Outra informação importante é que um cão é diferente do outro, por isso o treinamento de cães da mesma raça pode diferenciar, até porque as pessoas com quem convivem também são diferentes.

Cuidados na hora de repreender
 

Para quem já tem um cachorro é recomendado evitar alguns dos erros mais comuns. Um deles é colocar sentimentos humanos nos animais. “Não estou falando de roupas, laços, meias, nada disso é problema, se o cachorro estiver à vontade e saudável. Mas cachorro não sente ciúmes e não tem capacidade de demonstrar vergonha, pois são sentimentos humanos. Não é necessário se despedir ao chegar ou sair de casa. Isso é uma relação humana ou, pelo menos, da nossa cultura. O cachorro não precisa disso. E pior ainda pode causar ansiedade. Como consequência, ele vai pular em você e nas visitas. Pode também não comer ou beber agua até que o dono chegue”, fala. Outro grande problema é dormir na cama do dono, pois pode causar dependência. “Por isso que sempre pergunto se os donos querem que animais fiquem bem enquanto eles não estão por perto. Porque evitando isso tudo, os animais vão ficar mais independentes”, pontua o adestrador.

Além disso, se for brigar por algo que ele fez de errado, a repreensão deve ser feita na mesma hora ou alguns segundos depois. “O cão só vive o presente, então se ele algo fez um minuto atrás, já não vai adiantar falar porque ele não vai mais entender a razão da repreensão. Uma característica canina é viver em matilha. Quando levamos para casa, damos interação e carinho, então ele pode ser levado a entender que se der agitação vai ter carinho. Para alguns, a reclamação do comportamento já pode ser entendida como carinho”, fala Freitas, destacando ainda que é importante não bater no animal.

Ainda há os casos de pais que compram para os filhos, mas que, por serem crianças e adolescentes ainda não sabem como cuidar de animais. “É comum contratarem o adestrador para resolver problemas, mas o nosso papel é de intermediador. Algumas vezes, encontramos a família meses após o fim do adestramento e contam que o animal regrediu, porque não deram continuidade ao processo de educação. E esse processo é contínuo e deve durar a vida inteira do pet” comenta Freitas, informando que a média é de três meses de treinamento, com duas sessões semanais. Quanto mais cedo começar, melhor, mas isso também não é fato mais determinante para o resultado. “A intenção é de ajudarmos a família e os cachorros, mas que depois, ambos possam seguir aplicando o que aprenderam, sem a nossa presença. Só damos os instrumentos”.


Segundo a Euromonitor, existe 146 milhões de pets no Brasil. Destes, 58,7 milhões são cachorros e 26,5 milhões são gatos. De acordo com a empresa global de pesquisa e consultoria sobre o mercado de bens de consumo e serviços, o Brasil tem a terceira maior população pet do planeta, atrás da China (417 milhões) e dos Estados Unidos (232 milhões).

SOBRE PETS:

- Se informe, antes de levar para casa;
- Animais precisam de rotina;
- Dormir na cama do dono pode trazer dependência;
- Não bata para repreender;
- A repreensão deve ser feita no momento do comportamento errado ou segundos após para que eles entendam;
- Adestramento pode ser realizado em cães de todas as idades e portes;
- O Adestramento requer dedicação dos donos e educação dura a vida inteira do pet;
- O adestramento dura, em média, três meses, com duas sessões semanais. Mas pode variar, dependendo do objetivo e do trabalho desenvolvido pela família, além de outros fatores;
- Quanto mais cedo começar, melhor, mas isso também não é fato mais determinante para o resultado.

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