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A poesia do saber popular

Projeto 'Quintais Ecopoéticos' amplia ações culturais da ancestralidade na ilha de Outeiro

Yvana Crizanto
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Linguagens diversas, envolvendo crianças, jovens e adultos têm multiplicado a sabedoria popular no bairro Itaiteua, na ilha de Caratateua, mais conhecida como Outeiro. É com essa poesia que Mestre Apolo da Caratateua, como é reconhecido no seu bairro,movimenta a comunidade com atividades permanentes que ocorrem na casa onde reside, e que neste ano se ampliam com o projeto “Quintais Ecopoéticos”, que mistura elementos da cultura popular como dança, música, percussão, gastronomia, até o dia 19 deste mês. A iniciativa foi ganhadora do Prêmio Preamar de Cultura e Arte,Secretaria de Estado de Cultura (Secult). “O objetivo principal é o amor a cultura - a ajuda dos apoiadores que nos auxiliam nos projetos - nunca desistir e sempre querer fazer o melhor”, revela o Mestre Apolo.

image Mestre Apolo (Divulgação)

O projeto está realizando ações desde o mês de agosto, em Itaiteua, com quatro encontros na casa do Mestre, tendo um a cada mês e o último, a ser realizado neste dezembro. O anfitrião recebe as comunidades da ilha em uma programação diversa em quatro eixos: “Literatura de cordel e Sarau de poesia”; “Boi bumbá misterioso de Itaiteua”; “Descobrindo o mundo com a Biblioteca Tralhoto leitor”; “Nosso bairro é criativo, potente e rico”.

Essadinâmica envolve apresentações de grupos de Carimbó, Boi Bumbá e Cordões de Pássaros; feiras de produtos orgânicos; artesanato, oficinas de compostagem, cultivo de plantas medicinais, fotografia, dança, percussão, debates sobre economia solidária, saúde, cultura alimentar, geração de renda, exposição de artes visuais e apresentações de dança, música e poesia.

image (Hugo Chaves)

“A Casa do Mestre Apolo da Caratateua é um lugar para viver o sonho de transformação na periferia. Uma horta orgânica comunitária, uma biblioteca comunitária, um Boi e a poesia de cordel por todos os lados, exala esperança vindo do Mestre e daquelas crianças”, diz Priscila Duque, produtora executiva do projeto. O projeto "Quintais Ecopoéticos”, conta com parceiros da comunidade, com professores, artistas, agitadores culturais, e famílias das crianças, de ações que contavam com o apoio da Escola Bosque, na coordenação do professor e mobilizador cultural Alickson Lopes. “É um projeto que começou por meio de parcerias entre professores da que somou forças com moradores pra rediscutir esse lugar do quintal na Ilha”, explica a produtora.

A rede é composta de diversos grupos como o Boi Misterioso, A Biblioteca Comunitária Tralhoto Leitor, Pássaro Colibri, Grupo Tucuxi, Sitio de Maré, Associação de Catadores de Outeiro, Coletivo Casa Preta e um universo de mais 12 quintais de moradores da ilha. Sua composição também possui um grupo expressivo de professores e alunos de escolas públicas do bairro. A gestão do projeto se dá de forma independente e coletiva entre os apoiadores. “O estímulo a seguir é a forma em que todos os produtores locais da Ilha desempenham juntos nessa mesma luta com amor e carinho pela Ilha de Carateteua. E desenvolvem este trabalho incansável”, diz o mestre, diante da complexidade socioeconômica que envolve a ilha. “A ideia é que o ‘Quintal Ecopoético com Mestre Apolo’ siga no fortalecimento comunitário transformador, oferecendo de forma gratuita programações livres para todas as idades”, diz Priscila.

image (Hugo Chaves)

Compartilhando sabedoria

O Mestre Apolo, de 75 anos, atualmente atua e coordena projetos em sua própria casa, de forma voluntária e motivadora, como a Biblioteca Comunitária Tralhoto Leitor, Boi Misterioso de Itaiteua e seu trabalho com Literatura de Cordel, possuindo vários títulos lançados. Esses projetos funcionam de forma autônoma em diferentes frentes, porém fazem parte de um guarda-chuva coordenado por ele.

Além de ser reconhecido como Mestre guardião da sabedoria popular, foi premiado pelo Ministério da Cultura – MINC, em 2018, com o“Prêmio Selma do Coco de Culturas Populares” e recebeu inúmeros títulos em valorização à sua trajetória como escritor, cordelista e Mestre de Boi. Seu trabalho é apoiado por uma rede de produtores e artistas, muitos deles crescidos também no bairro ou que se conectaram às vivências por acreditar nas iniciativas desenvolvidas e fortalecer a atuação no território. “São parceiros que atendem a seus convites para realizar ações artístico-educativas, com foco no desenvolvimento local por meio da Cultura e da Arte, visto que a localidade onde os projetos acontecem, está situada como uma periferia – Itaiteua, dentro da própria periferia que é o distrito de Outeiro”, afirma Priscila.

image (Hugo Chaves)

Por outro lado, o Mestre tem intensa participação em palestras, oficinas e minicursos direcionado a diferentes locais de Belém e região metropolitana, principalmente nas periferias da cidade, sempre levando suas poesias e experiências como uma forma de estimular a atuação de outros multiplicadores na mesma perspectiva. Um exemplo a diferentes gerações, desde crianças à artistas de renome da cidade o referenciam e reconhecem sua importância como articulador cultural e artista popular que guarda sabedoria e propõe a troca de saberes entre as gerações.

Serviço:

No dia 19 deste mês a programação é de Oficina de Horta Comunitária, Hábitos Saudáveis e Reciclagem, e apresentações multiculturais para encerrar a programação, com Poesia, Boi, Carimbó, de 9 às 18h, na Casa do Mestre Apolo, que fica na passagem Sargento Bastos, 143, Itaiteua, Outeiro. A participação é gratuita.

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