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Aos 80 anos, Suely Franco se sente 'a dona do riso'

Lorena Filgueiras

Suely Franco ri e sorri o tempo todo. Às vésperas de completar 80 anos, no próximo dia 16, a veterana, que começou no Teatro, na companhia de Fernanda Montenegro, afirma estar vivendo “o melhor momento de sua carreira” e que não tem tempo ruim. A sabedoria de Suely Franco é de uma mulher que tem muitas histórias a contar, mas que conserva um espírito jovial, quase adolescente, tanto que ela mencionou, ao longo de nosso papo, inúmeras vezes, que se sentia com “16 anos”. Uma delícia de entrevista que, como não podia deixar de ser, transitou por inúmeros momentos profissionais – da estreia ao atual, já que Suely está na novela “A dona do pedaço”, na pele de Marlene – passando por política, redes sociais (Suely não gosta e nem quer saber de lidar com tecnologias, a começar pelo fato de que nossa entrevistada não tem nem o aplicativo de mensagens instantâneas instalado no celular) e findou em... risadas. 

Troppo + Mulher: Estamos a alguns dias dos seus 80 anos e transpareces uma alegria infantil em todas as entrevistas. Impressão minha ou é isso mesmo, Suely?
Suely Franco: Não é impressão, não! Eu tenho muito bom humor na vida! Sou muito alegre!

T+M: O que te faz feliz?
SF: Trabalhar! Até porque, pra mim, não é trabalho, é diversão! Sem essa diversão, é horrível! (ela cai na gargalhada)

T+M: Li algumas entrevistas suas e, em algumas delas, você comenta que se sentiu um pouco subaproveitada, profissionalmente falando. Ficou alguma mágoa?
SF: Não, não, de jeito nenhum! O que vem, tá ótimo, tá maravilhoso!

T+M: Tens um papel maravilhoso e, até arrisco dizer, fundamental à novela e para a protagonista [a atriz Juliana Paes]...
SF: Ah, o que me causa dor nisso é que ele ainda não recuperou a memória [a atriz fala de Antero, vivido por Ary Fontoura, namorado de sua personagem. Antero perdeu a memória e não lembra de Marlene]. Que tristeza! (ela cai na gargalhada)

T+M: ...daí você comentou, também numa declaração recente, que você e sua personagem, Marlene, eram muito parecidas. Em que sentido, Suely?
SF: Ah, no sentido de querer ajudar aos outros, de querer melhorar a vida das pessoas, de divertir pessoas tristes. Fazer alguém rir me deixa felicíssima! Tô sentindo que [assim] estou cumprindo a minha vida!

image Legenda (Edu Rodrigues)

 

Esse negócio de falar por escrito, eu acho horrível!

T+M: Que lindo! Aliás, me permita dizer que tô bem feliz em estar conversando com você, mas preciso te dizer que me surpreendeu saber que você não tem WhatsApp, né?!?

SF: Eu não sei mexer em porra nenhuma disso! [caímos na gargalhada eu e ela] As pessoas não acreditam, Lorena, mas até hoje eu nunca consegui colocar um DVD na Televisão! Eu sou terrível para mexer com máquinas! [ela ri].

T+M: Ao mesmo tempo em que isso te isola, de certa maneira, de um grupo, isso é uma bênção, não? 
SF: Ai, olha, eu não sinto falta de nada disso, não! Perder o olho na vida, do que está acontecendo... É claro que é bom usar [o aplicativo e redes sociais] para falar com parente, é bom, mas, olha, eu prefiro falar diretamente! Esse negócio de falar por escrito, eu acho horrível!
T+M: Teu começo de carreira, no Teatro, foi numa peça do Nelson Rodrigues...
SF: Isso, “Beijo no Asfalto”!

Naquele tempo, era outro tipo de alegria, trabalhando com pessoas como Sérgio Brito, Fernanda [Montenegro], Ítalo [Rossi], Zilka Salaberry... eu me sentia num carrossel: brincando naquele meio, entende?

T+M: ...tens saudades dessa época?

SF: Ah, era uma época diferente, né? Eu não posso reclamar de hoje! O carinho que as pessoas me tratam e tudo... Naquele tempo, era outro tipo de alegria, trabalhando com pessoas como Sérgio Brito, Fernanda [Montenegro], Ítalo [Rossi], Zilka Salaberry... eu me sentia num carrossel: brincando naquele meio, entende? Foi maravilhoso estar com essas pessoas e logo no início da minha carreira, quando tudo era novo! Era muito diferente de fazer Teatro Mambembe, amador. Ao mesmo tempo, me ajudou de outras formas, me ensinou a fazer um pouco de tudo: a participar de tudo, a montar espetáculo, escolher roupas, a fazer um pouco de tudo!

T+M: Suely, embora eu saiba que política não é um assunto sobre o qual você gosta de falar em entrevistas, preciso te perguntar dos ataques aos artistas – e, bem recentemente, à própria Fernanda Montenegro... [O diretor da Funarte, dramaturgo Roberto Alvim, após ver o pôster da atriz para a revista literária "Quatro cinco um", atacou Fernanda em post numa rede social, chamando-a de ‘sórdida’. Fernanda foi fotografada como uma bruxa prestes a ser queimada em uma fogueira com livros]
SF: Por causa de uma foto! Meu Deus do céu! Uma atriz faz papeis de todos os jeitos! Pode ser má, ruim... Que loucura, meu Deus do céu! Os nossos mandantes estão loucos, todos eles!

T+M: Temes a falta de apoio às manifestações culturais, como cinema, Teatro..? 
SF: Olha, isso, eu acho que tens que perguntar a quem produz, os produtores. Eu sempre fui convidada... Eu fico boba com umas coisas, sabe? Mas, em se tratando de política, eu acho que a gente nunca esteve tão ruim quanto agora! É um desastre pra todo mundo! O que será dessa juventude que está começando? O que será da molecada que não vai para a escola porque não tem merenda, não tem professor? Vendo os pais morrerem sem atendimento? É horrível demais pra gente ficar falando. Não gosto de falar de coisas tristes!

T+M: Então mudemos de assunto... até porque, em alguns dias, você fará aniversário! Quais são os seus planos pro futuro?
SF: Continuar me sentindo com 16 anos! [ela gargalha]

T+M: Que delícia! [ela me faz rir de novo e gargalhamos juntas]
SF: Eu não tenho a minha idade, não, Lorena! Continuo sendo aquela garota da escola. Continuo fazendo as mesmas coisas! Estou muito feliz com o meu momento. É um momento que eu nunca tinha passado na minha vida: de fazer sucesso numa novela, como a Marlene. Muita gente me para na rua para falar da Mimosa, porque a novela [O cravo e a rosa] está sendo reprisada no [canal] Viva. As crianças também ficam maravilhadas com a vovó Berta em ‘Detetives do Prédio Azul’ e os grandões vêm falar comigo por causa da dona Benta [Sítio do Pica-pau amrelo] – infância marca demais! Então, esse momento é maravilhoso! Todos me conhecem!

T+M: Ah, obrigada pelo papo, Suely! Conversar contigo é antídoto para qualquer dia ruim!
SF: [ela cai na risada] Posso te contar uma piada?

T+M: Por favor, conta!
SF: “Doutor, me ajude, por favor. Eu vivo de cabeça baixa. As pessoas falam comigo e eu não entendo. Fico rindo sozinho. O que eu tenho?” “WhatsApp!”

T+M: Maravilha! Você não tem e, por isso, olha a vida de frente!
SF: Posso te contar outra?

T+M: Deve!
SF: O garotinho do interior parou a bicicleta em frente à Câmara de vereadores da cidade. O guarda vem chamar atenção dele: “ô, menino, você não pode deixar sua bicicleta aí, não. Não sabe que é o caminho por onde os políticos passam?”. O menino responde: “Não se preocupe, seu guarda, eu já passei o cadeado nela!”. [e gargalha]

T+M: Suely, adorei conversar contigo. És ainda mais incrível do que achava que seria!
SF: Muito obrigada! Adoro Belém! Amei mergulhar no rio! E tomei açaí!

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