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Trilha no Museu Goeldi homenageia a Semana Nacional de Consciência Negra

Nela os participantes souberam da importância da natureza às matrizes africanas

Cleide Magalhães

Em comemoração à Semana Nacional de Consciência Negra, tendo data ocorrida no último dia 20, o Museu Paraense Emílio Goeldi, no bairro de Nazaré, em Belém, realizou na manhã deste domingo (24) mais uma edição da “Trilha afroamazônicos e seus símbolos”. Desta vez, a programação foi aberta ao público em geral. Antes, era voltada somente para agendamento junto às escolas públicas. Durante o roteiro os visitantes puderam conhecer mais sobre a fauna e flora do parque, em especial sobre a importância das árvores para a cultura e à religião africana. Algumas delas eram a jaqueira, o dendê e a samaumeira. Esta, ao final, recebeu um grande abraço dos participantes no evento.

A relevância da natureza, das árvores e das folhas era contada ao público por representantes de diversas matrizes africanas. “A trilha é uma celebração muito gratificante e importante porque falamos como vimos a árvore. Quando a gente fala do nosso axé, em Belém, se sente leve por estar nesse lugar rodeado por natureza. Queremos a preservação da natureza, pois precisamos muito das folhas, pois não tendo folha, não temos axé, não temos candomblé, não temos energia nem como tratar as pessoas que precisam, como dizem nossos antigos”, disse a mãe Ganiykú Jokolosy.

Na trilha ela destacou sobre a jaqueira, árvore tropical cujo fruto é conhecido como jaca. “A jaqueira representa o Vudu Loko, conhecido na nossa nação como Rei Renum. Os mais velhos contam que Loko, através de uma árvore, cresceu tanto que trouxe os primeiros Vudus para o mundo”, contou a mãe Ganiykú Jokolosy. Ela é de Soure, na ilha do Marajó, tem 72 anos e pertence à matriz africana Jeje Savalu.

Além dela, participaram da trilha a mãe Vanda, pela Umbanda, que falou sobre o dendê e a samaumeira. Além da mãe Mameto Nanjetu, a qual contou sobre a samaumeira representando o Candoblé de Angola.

A mestra em Ciência da Religião e participante da Umbanda Willa dos Prazeres, 31 anos, soube da trilha pelas redes sociais e interessou pela atividade para ver de perto o que ela aprende na teoria, na academia, com a prática, na trilha.

“Como trabalho com análises de imagens religiosas e símbolos sagrados e tenho minha religião afro-religiosa, a umbanda, me interessei muito pela trilha. Resolvi vir e fiquei maravilhada. Algumas coisas eu já conhecia pela minha profissão e religião, mas ver as três matrizes africanas (Candoblé, Umbanda e o Jeje) juntas aqui foi a maior novidade. Eu nunca tinha visto esse sincretismo entre as três e a conexão em grupo com o sagrado, com a natureza e dentro de Belém. Quem está aqui veio com vontade. Então, foi muito bom”, afirmou Willa dos Prazeres.

PROJETO

A chefe do serviço de Educação do Museu, Ana Cláudia Silva, explica que a iniciativa é parte do projeto de iniciação científica homônimo e que foi desenvolvido, em 2015, por Tainah, hoje bolsista do Programa de Capacitação Institucional do Museu, sob a orientação dela e da educadora Helena Quadros. 

Ana Cláudia Silva afirma ainda que o projeto “Trilha afroamazônicos e seus símbolos” iniciou em 2015 e foi criado no intuito de estimular a aplicação da Lei Federal 10.369. A legislação pede a inclusão no currículo escolar do estudo da História da África e dos Africanos, da luta dos negros no Brasil, da cultura negra brasileira e do negro na formação da sociedade nacional. A atividade esteve inclusa na programação do Domingo é Dia de Ciência, que conta ainda com atividades educativas do Programa Natureza

Além de gerar um roteiro educativo, o projeto resultou na criação de um vídeo-documentário. Nele pai Alfredo, mãe Vanda, mãe Nalva, Mametu Nangetu e mãe Jakolocy relatam um pouco da história e da conexão do Parque Zoobotânico com a cultura africana. A edição deste ano da trilha é dedicada à memória de Baba Tayando e Tata Kinamboji.

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